terça-feira, 8 de maio de 2012

Esporte na TV

Tarja do Tema em Foco: Negócios do esporte

Brasil cresce, mas EUA ainda são imbatíveis

Nos canais abertos brasileiros, programação é até mais extensa. Na TV paga, porém, EUA são incomparáveis: 30 canais e 5.544 horas semanais de esporte

Luiz Castro
Jogadores do Green Bay Packers comemoram a vitória no Super Bowl XLV
Jogadores do Green Bay Packers comemoram a vitória no Super Bowl XLV: o principal evento do ano na grade da TV americana, com receitas publicitárias milionárias (Al Bello/Getty Images)
Se os fanáticos americanos se dividem entre várias modalidades diferentes, como basquete, beisebol e futebol americano, o mesmo acontece com os direitos de transmissão. O Super Bowl passa a cada ano num canal dos EUA
Tão diferentes em termos econômicos, Estados Unidos e Brasil são dois países com uma característica cultural em comum: a paixão por assistir esporte na TV. Os americanos, pioneiros no assunto, são muito mais ecléticos - torcem enlouquecidamente por suas equipes de basquete, beisebol, futebol americano e diversas outras modalidades, tanto nas ligas profissionais quanto nas universitárias. Os brasileiros, que antes só tinham olhos para o futebol, foram aprendendo a admirar outros esportes, e hoje acompanham dezenas de modalidades pela telinha - incluindo algumas das variações preferidas dos próprios americanos. Os playoffs da NBA e a reta final do futebol americano, por exemplo, já mobilizam muitos fanáticos no país. No quesito tempo de exposição do esporte na tela, porém, os americanos seguem muito à frente dos brasileiros, graças ao enorme número de canais a cabo especializados. Contando apenas os canais abertos, a programação brasileira é maior, mas muito mais restrita - além do futebol e do automobilismo, as opções são escassas.
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Somadas, Globo, Band e RedeTV! transmitem cerca de 56 horas semanais de programação esportiva, 27 a mais que as quatro grandes dos EUA (7 horas da ABC, 10 horas da CBS, 10 horas da NBC e 2 horas da Fox, de acordo com a grade da última semana). A grande diferença está no noticiário esportivo. Quase todas as grandes emissoras brasileiras têm jornais diários, programas de variedades e mesas-redondas tratando apenas de esporte. Nos EUA, a TV aberta só abre espaço à programação esportiva nas transmissões de jogos ao vivo. As notícias, discussões e repercussões das partidas da semana são exibidas apenas na TV paga. Nesse segmento, a comparação entre os EUA e o Brasil muda totalmente de figura. Os americanos têm 5.544 horas semanais de esporte nos canais fechados, contra 2.198 horas semanais dos brasileiros. No país onde o negócio da TV paga se desenvolveu, há pelo menos 30 canais especializados em cobertura esportiva, muitos deles com segmentação extrema. O Brasil tem 9 canais fechados que tratam só de esporte.
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Mudança para o cabo - EUA e Brasil têm as quatro maiores emissoras de TV do planeta: ABC, CBS, TV Globo e NBS. O ranking é formado de acordo com a receita publicitária das redes. Uma das coisas que as quatro têm em comum são momentos marcantes ligados ao esporte, com coberturas de grande audiência - e, por consequência, muito dinheiro com comerciais. Atualmente, todas elas praticam um novo formato, em que as transmissões esportivas se concentram em grandes eventos exibidos ao vivo, enquanto noticiários, programas de debate e modalidades de interesse mais restrito ficam entregues às subsidiárias na TV paga. Esses parceiros complementam seu cardápio esportivo - e reforçam sua arrecadação publicitária - com 24 horas diárias de programação exclusiva. Nos EUA, um país que historicamente tem uma TV de maior tradição e alcance, há quatro grandes redes: os três mais tradicionais, ABC, CBS e NBC (derivados do rádio e fundados entre as décadas de 1930 e 1940) e a Fox, surgida na década de 1980. Todas hoje têm canais pagos de esporte.
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Se os fanáticos americanos se dividem entre várias modalidades diferentes, como basquete, beisebol e futebol americano, o mesmo acontece com os direitos de transmissão. Ao longo dos anos, os campeonatos e esportes foram migrando de emissora para emissora, em função da grande concorrência entre elas. Para se ter uma ideia, o Super Bowl, a grande final da liga de futebol americano, é transmitida a cada ano por uma emissora diferente, algo que causa estranheza nos brasileiros, mas que já virou fato corriqueiro para os torcedores nos EUA. No intervalo do jogo está o espaço comercial mais caro e disputado da TV americana, e as emissoras acabaram negociando o rodízio para que todas conseguissem atrair essa receita publicitária bilionária. Outro fenômeno americano é a rede ESPN, a pioneira nas transmissões exclusivas de esporte, que hoje é um verdadeiro império, com múltiplos canais e plataformas de negócio. Seu sucesso espantoso é considerado um dos principais motivos para a disparada da programação esportiva na TV nos últimos anos.

O esporte na televisão americana

Além das cinco emissoras abaixo, há também pelo menos 15 canais a cabo especializados em esporte nos EUA, somando mais 2.250 horas semanais de programação. Entre eles estão canais exclusivos das ligas profissionais de basquete, beisebol, futebol americano e hóquei - além de emissoras só de tênis, luta livre e até pesca

1 de 5

ABC

Cerca de sete horas semanais de programação esportiva (baseado na programação da semana passada, que tinha Nascar e NBA).
O canal: Maior emissora de televisão do planeta, foi fundada em 1948 e tem sede em Nova York. A empresa pertence à Walt Disney Company e detém 80% do canal ESPN, com quem firmou parceria em 2006.
Cobertura esportiva: Até 1961, o esporte fazia parte da programação normal da ABC - como ocorre nos canais abertos do Brasil. Foi quando surgiu a ABC Sports, nova subdivisão da rede. Na prática nada mudou, mas a ABC Sports virou quase um canal dentro do canal, que já era famoso pelas transmissões do Monday Night Football, dia mais tradicional do futebol americano na TV.  A partir da década de 1990, fechou parceria com a ESPN, maior canal especializado em esportes do planeta - que, assim como a ABC, faz parte do grupo Disney. Num primeiro momento, de 1996 a 2006, só alguns programas e jornalistas da ESPN participavam de transmissões na ABC Sports e vice-versa (algo semelhante ao que ocorre atualmente entre Globo e Sportv). Depois, as duas redes decidiram negociar a fusão. O braço esportivo da rede passou a se chamar, então, ESPN on ABC. Enquanto o canal a cabo funcionava de maneira independente, todas as atrações esportivas da ABC passaram a ser de total responsabilidade da ESPN, que antes disso apenas retransmitia partidas.
Principais atrações: NBA, NCAA (esportes universitários), Nascar, Fórmula Indy e Copa do Mundo.

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