Em uma das peças, um coração foi estilizado para parecer com as nádegas com um
biquini fio dental
Flávia Pierry
Evandro Éboli
SÃO FRANCISCO, EUA - Camisetas alusivas à Copa do Mundo no Brasil com apelo sexual
estão sendo vendidas em lojas da Adidas nos Estados Unidos. Na cidade de San
Francisco, na Califórnia, uma loja de produtos da marca no Shopping Westfield,
exibia a coleção de camisetas que faz referência às mulheres brasileiras.
Em uma das camisetas, um coração foi estilizado para parecer com as nádegas com um
biquíni fio dental. Outra mostra uma mulher voluptuosa de biquíni com o Pão de
Açúcar ao fundo. Em cima da imagem o seguinte texto: "Looking to score", um jogo de
palavras sobre fazer gols e pegar garotas, com a expressão usada em inglês em
referência ao sexo.
As camisetas são vendidas por US$ 25 no modelo masculino e US$ 22 no feminino. Um
vendedor da loja afirmou que as camisetas da coleção têm bastante saída, em especial
as que mostram a logomarca oficial da Fifa. Questionado se a mensagem nas camisetas
incitava o turismo sexual, o vendedor disse que não tinha notado que a estampa tinha
conteúdo desse tipo. Ele contou que as duas camisetas fazem parte da coleção que
estaria sendo vendida em todas as lojas da Adidas.
A notícia causou indignação no presidente da Empresa Brasileira de Turismo
(Embratur), Flávio Dino, que reagiu com veemência à revelação de que a Adidas
fabrica e comercializa camisetas vinculando a Copa do Mundo no Brasil a apelos
sexuais.
- Não aceitaremos que a Copa seja usada para práticas ilegais, como o chamado
turismo sexual. Exigimos que a Adidas ponha fim à comercialização desses produtos -
disse Flávio Dino, que continuou. - Lembramos que no Brasil há leis duras para
reprimir abusos sexuais e as polícias irão atuar nesses casos no território
nacional. O povo brasileiro é acolhedor e temos certeza de que aqueles que nos
visitarão irão respeitar o Brasil - afirmou o presidente da Embratur em nota.
O presidente da Embratur informou também que vai trabalhar para que as camisas
vendidas nos Estados Unidos sejam recolhidas do comércio.
Por sua vez, a secretária de Enfrentamento à Violência da Secretaria de Políticas
Para Mulheres, Aparecida Gonçalves, criticou o comércio de camisetas com apelo
sexual e afirmou que não retrata o Brasil de hoje.
- Achei uma campanha (da Adidas) complicada. Para não dizer outra coisa. O legado
que o Brasil tem para as mulheres não é esse. Estamos num país em que, efetivamente,
as mulheres estão tendo mais acesso e lutando por igualdade. Não vamos aceitar esse
tipo de propaganda da Adidas nos Estados Unidos. É inadmissível. Avançamos quando
elegemos uma presidente da República mulher, temos partidos políticos que discutem
paridade entre homem e mulher no Parlamento; mulheres que estão no mercado de
trabalho ocupando espaço nas empresas, que são grandes empresárias, grandes
executivas - disse Aparecida Gonçalves.
A secretária afirmou que o ministério discutirá que medidas deve adotar nesse
episódio. - Amanhã (terça) possivelmente teremos uma conversa com a Ouvidoria da
secretaria para que possamos pensar alternativas, como falar com o Itamaraty e com o
Ministério do Turismo.
URL: http://glo.bo/1hj6UbR
Notícia publicada em 24/02/14 - 12h00Atualizada em 24/02/14 - 20h10Impressa em
25/02/14 - 06h37