Quais são os planos do Corinthians, pentacampeão brasileiro, para destacar sua marca, ganhar espaço no cenário internacional e conquistar fãs de todas as classes
Por Fernanda Salem, do Mundo do Marketing | 08/12/2011
fernanda@mundodomarketing.com.br
Com uma das maiores torcidas do mundo e atual campeão brasileiro, não faltam motivos para o Corinthians comemorar. O desafio agora é apostar no Marketing para reforçar a marca no Brasil e também no resto do mundo. Com arrecadação anual total de R$ 300 milhões e cerca de 24 milhões de torcedores, o time pretende investir tanto no viés social quanto na classe A para conquistar mais admiradores.
O clube, em relação ao elenco, vale hoje R$ 172 milhões e é o quarto brasileiro na lista, segundo relatório da Pluri Consultoria divulgado no último dia 2. Mas o valor da imagem vai além. O time paulista está em quarto lugar mundial em questão de torcedores, atrás do Flamengo, do Rio de Janeiro, Chivas e América, ambos do México. Já em questão de presença na internet, o Corinthians é campeão: sua fan page tem o maior número de fãs entre clubes, com 1,494 mil, segundo dados do GraphMonitor.
Outro ponto são as lojas oficiais do time, chamadas de Poderoso Timão. No ranking de 2010, de acordo com a Associação Brasileira de Franquias, elas ocupam o segundo lugar das empresas do setor que mais cresceram no país, entre todos os segmentos, com uma evolução de 413% ante o ano anterior. “Ainda queremos aumentar o número de lojas, licenciar outros produtos e lançar novas camisas”, diz Luis Paulo Rosenberg (foto), Diretor de Marca do Corinthians, em entrevista ao Mundo do Marketing.
O bom momento é resultado de uma reestruturação dentro do clube. “É raro conseguir fazer uma marca que há quatro anos estava tão desvalorizada virar uma das mais valiosas do esporte brasileiro”, reconhece Rosenberg. “A necessidade de mudar a direção criou um clima de corrente solidária muito importante. A equipe de Marketing continua tendo seis pessoas, mas agora a seriedade está imposta, por isso estamos acertando”, continua Rosenberg, fazendo referência à saída de Alberto Dualib, que presidiu o clube até 2007, quando o time passou por uma de suas piores fases, culminando no rebaixamento.
Internacionalização
Como prioridade para os próximos anos está a internacionalização da marca do Corinthians. Para isso, o clube aposta no mercado da China, mostrando que até o futebol está de olho no potencial de consumo do país mais poderoso dos BRICs. O time já está negociando para contratar um jogador chinês e tem a ambição de ajudar a fomentar o esporte no país, onde o tênis de mesa é a modalidade mais popular. Mas por que a China?
Como prioridade para os próximos anos está a internacionalização da marca do Corinthians. Para isso, o clube aposta no mercado da China, mostrando que até o futebol está de olho no potencial de consumo do país mais poderoso dos BRICs. O time já está negociando para contratar um jogador chinês e tem a ambição de ajudar a fomentar o esporte no país, onde o tênis de mesa é a modalidade mais popular. Mas por que a China?
“O mercado europeu já está muito bem atendido na questão de futebol. Existe um espaço nos Estados Unidos, mas avaliamos que a postura dos norte-americanos não tem a cara do Corinthians. Eles são mais consumidores de esporte do que engajados ou fanáticos, não têm esse lado emocional. O chinês se encaixa melhor no nosso perfil. Chegaremos lá com o gingado brasileiro, com o fanatismo corintiano e conseguiremos superar os europeus, que também tentam se destacar no país”, afirma Rosenberg.
Para reforçar o plano, vencer a Libertadores e disputar o Mundial não seria somente um presente para a torcida. A diretoria espera e torce pelo título também no âmbito do Marketing para conquistar uma exposição internacional naturalmente, sem esforço de altos investimentos.
Rumo ao topo
No Brasil, uma das principais questões para os próximos anos é se comunicar mais com o público do topo da pirâmide. Para isso, uma das medidas que o clube tomará será expandir a atuação para outros esportes, como tênis e futebol americano, além de reforçar a natação, modalidade em que o clube investe desde 2008.
No Brasil, uma das principais questões para os próximos anos é se comunicar mais com o público do topo da pirâmide. Para isso, uma das medidas que o clube tomará será expandir a atuação para outros esportes, como tênis e futebol americano, além de reforçar a natação, modalidade em que o clube investe desde 2008.
Com a perspectiva das Olimpíadas de 2012 e de 2016, o time também pretende conquistar novas áreas de atuação, como no vôlei, para seguir este objetivo e também atrair novos torcedores e consumidores, além da rivalidade do futebol. “Com as Olimpíadas, poderemos avançar na direção de colocar a marca em todos os cantos”, afirma Rosenberg.
Jogada sustentável
A questão da rivalidade no campo é fomentada pelos próprios clubes, mas outra estratégia do Corinthians será aproveitar a mensagem de que é amigável em relação aos outros times e reforçar sua responsabilidade social. “Destacaremos este traço cultural, de ter uma personalidade solidária com os outros clubes. Uma coisa é incentivar a rivalidade durante as partidas, outra é estender a mão e prestigiar o coletivo”, diz Rosenberg.
A questão da rivalidade no campo é fomentada pelos próprios clubes, mas outra estratégia do Corinthians será aproveitar a mensagem de que é amigável em relação aos outros times e reforçar sua responsabilidade social. “Destacaremos este traço cultural, de ter uma personalidade solidária com os outros clubes. Uma coisa é incentivar a rivalidade durante as partidas, outra é estender a mão e prestigiar o coletivo”, diz Rosenberg.
Um ponto reforçado pelo Corinthians é a sustentabilidade. Hoje em dia, esta questão é apoiada principalmente pelo Time do Povo, criado em 2007. O programa tem como objetivo levar torcedores que não têm condições financeiras para assistir aos jogos, especialmente crianças. Também são programadas visitas ao Memorial do Corinthians e parcerias com comunidades carentes, para levar os moradores a um passeio no Parque São Jorge.
Patrocínio
A torcida e a valorização do time fazem com que o clube tenha uma das maiores arrecadações de patrocínio do Brasil, recebendo em torno de R$ 50 milhões com marcas no uniforme. As principais companhias patrocinadoras são a Nike e a empresa de medicamentos Neo Química Genéricos, que também tem Goiás e Botafogo no portfólio.
A torcida e a valorização do time fazem com que o clube tenha uma das maiores arrecadações de patrocínio do Brasil, recebendo em torno de R$ 50 milhões com marcas no uniforme. As principais companhias patrocinadoras são a Nike e a empresa de medicamentos Neo Química Genéricos, que também tem Goiás e Botafogo no portfólio.
“O valor para patrocinar o Corinthians é realmente caro, cerca de duas vezes mais que o do segundo colocado. Mas nas parcerias entregamos mais do que está escrito no contrato, a lealdade é absoluta. Temos uma política forte de relacionamento com os patrocinadores”, afirma Rosenberg.
A boa relação entre o time e as marcas é traduzida em ações como o vídeo divulgado pela Nike em homenagem à conquista do título de campeão brasileiro. Com o nome “#vivemos de Corinthians”, o filme foca no sentimento do torcedor e é narrado pelo atual presidente Andrés Sanches, que deixa o clube na próxima semana para assumir o cargo de diretor de Seleções da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
A Tim, outra patrocinadora do time, também usou a vitória do Corinthians como ação de Marketing. A operadora lançou uma promoção, aproveitando o ritmo da comemoração alvinegra, que presenteará os torcedores até o dia 11 com 20% de desconto em qualquer aparelho de seu portfólio. Basta levar a uma loja o anúncio da promoção, válida somente em São Paulo.
Abertura da Copa
A grande responsabilidade do Corinthians para os próximos anos será a abertura da Copa do Mundo de 2014, a ser realizada no estádio do time, em Itaquera, São Paulo. “Abrir a Copa foi uma missão recebida, não uma vantagem. O incentivo só serve para adequar o estádio ao evento, ou seja, não faturamos na ampliação e ainda teremos um ano com uma receita de R$ 120 milhões sacrificada. É um ônus, não um bônus”, diz Rosenberg.
A grande responsabilidade do Corinthians para os próximos anos será a abertura da Copa do Mundo de 2014, a ser realizada no estádio do time, em Itaquera, São Paulo. “Abrir a Copa foi uma missão recebida, não uma vantagem. O incentivo só serve para adequar o estádio ao evento, ou seja, não faturamos na ampliação e ainda teremos um ano com uma receita de R$ 120 milhões sacrificada. É um ônus, não um bônus”, diz Rosenberg.
O que o clube pretende usar como trunfo de Marketing, perpassando todas as suas ações, é o sentimento de orgulho e de luta do time e da torcida, aproveitando a boa fase. “Ganhar título é ótimo, mas o nível de felicidade, autoestima e orgulho próprio que temos hoje, nunca tivemos. Vamos reforçar esse sentimento. Se eu fosse esperto eu saia agora, porque não dá para melhorar”, completa Rosenberg.
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