quarta-feira, 29 de maio de 2013

Apagão de talentos


Com a sequência de grandes eventos no Brasil, a área da gestão e marketing esportivo  está aquecida em função das altas demandas que os bons negócios e oportunidades impõem.  Muitos profissionais são requisitados, mas esta busca não tem sido tão fácil assim. O tema já foi levantado por alguns especialistas e reforçado ainda mais por outros em palestras e entrevistas, como meu grande amigo, Georgios Hatzidakis, que sempre declara que passamos por um apagão de talentos.
Se olharmos no site do Rio 2016, por exemplo, em especial no link, Entre para o Time, só nesta semana, há mais de 30 vagas em aberto. Analisando o Job Description dá para entender porque o Georgios e tantos outros profissionais têm razão. A vaga para o cargo de Coordenador Regional de Operações, na Barra, por exemplo, busca um profissional que coordene a operação nas instalações de competição e não competição dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, buscando a integração no planejamento, desenvolvimento e execução, assegurando o alinhamento de entre todas as áreas funcionais, operando as instalações e executando os planos integrados dos Jogos. Com mais de uma dezena de responsabilidades, o cargo ainda requer um gestor que tenha preferencialmente trabalhado em Jogos Olímpicos ou em um grande evento, com expertise em gestão de eventos e instalações; planejamento ou liderança em funções operacionais, como logística, serviços dos jogos, esportes, comando e controle e desenvolvimento de instalações. Deve ter conhecimento no pacote MS Office, processamento de texto, planilhas, banco de dados, gestão de projetos, CAD, colaboração/gerenciamento de conteúdo, publicação de layout, design gráfico e outras aplicações, sem falar no inglês fluente.
Sem dúvida alguma, para quem tem aspiração a trabalhar nos Jogos Olímpicos, deve ter todos estes pré-requisitos. Mas o que chama a atenção é que estes profissionais não surgem tão facilmente. O Conselho Regional de Administração de São Paulo, através do Grupo de Excelência de Administração Esportiva, realizou, anos atrás, um estudo onde apontava o perfil ideal para o administrador de esportes. Ainda que tenha sido realizado há quase uma década, ele ainda é atual e deveria ser observado por todos que desejam trilhar por este campo.
No estudo, o grupo apontou que áreas de conhecimento deveriam ser pré-requisitos a este tipo de profissional. Assim, destacou Planejamento Estratégico, Negociação, Gestão e Marketing Esportivo, Finanças/Controladoria, Motivação/Recursos Humanos, Direito Esportivo, Ética Empresarial, Gestão de Qualidade, Teoria das Organizações, Psicologia/ Sociologia do Esporte, Medicina e Treinamento Desportivo, Tecnologia no Esporte, Introdução, História e Evolução do Esporte e Fluxo das Informações.  Importante reforçar que, neste caso, remetemo-nos exclusivamente ao administrador de esportes.
Pergunto-me, quantos estudos têm sido feitos, nos últimos anos, em todas as áreas que convergem para esta indústria? Mais do que isso, quantas instituições de ensino superior têm dado a devida atenção às nuances do esporte? A graduação é o pontapé inicial para a escolha e especialização da carreira. Assim, esporte, enquanto negócio, está bem longe de ser exclusivo da Educação Física, que provê o conhecimento técnico, mas não amplifica todos os conteúdos necessários para a sua gestão.
Quase toda esta responsabilidade cabe à pós-graduação. Todavia, nos primeiros passos da vida acadêmica, seja qual for a área do conhecimento, perde-se a  grande oportunidade de acender uma pequena tocha para iluminar o caminho do esporte. Potenciais talentos ficam às cegas, muito longe da luz no fim do túnel.
Talvez esteja aí, uma das justificativas para tanto apagão.

Deborah Palma

sexta-feira, 24 de maio de 2013

“O Audax não pode parar”, diz executivo do clube


O Esporte Executivo trouxe na última 3ª feira a decisão do Grupo Pão de Açúcar de vender o Audax, clube que atualmente possui equipes na primeira divisão dos campeonatos estaduais do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Após o anúncio do Pão de Açúcar, o Grupo Casino, que é controlador do primeiro, também falou, assim como o próprio Abílio Diniz, que demonstrou toda sua insatisfação via Twitter. Faltava a visão do Audax. O Esporte Executivo conversou na tarde desta 5ª feira com o gerente executivo do clube, Thiago Scuro, que falou abertamente sobre o momento vivido pelo Audax. Na conversa, o gestor que foi indicado no último ano com um dos melhores executivos de futebol do país e assim já é reconhecido, também falou sobre a estrutura montada pelo Audax que levou o clube à elite do futebol em SP e RJ, sobre a profissionalização do esporte no Brasil e até sobre uma sondagem recebida recentemente do Vasco.
Esporte Executivo: Thiago, pra começarmos a conversa, o anúncio feito pelo Grupo Pão de Açúcar muda a vida do Audax?
Thiago Scuro: Seguiremos com o trabalho que é desenvolvido no Audax. Temos definido o planejamento para um clube que não pode parar. Precisamos dar andamento e continuar até que tenhamos uma definição.
Esporte Executivo: Quais são suas expectativas para o futuro do clube?
TS: Quando vier um novo controlador ou grupo, seja quem for, certamente encontrará um clube organizado, com um bom grupo de profissionais, uma equipe competitiva e orçamento equilibrado. Só então veremos o que será decidido. Repito que agora nada para. Continuamos nosso trabalho visando o 2º semestre e as primeiras divisões estaduais no RJ e SP em 2014.
Esporte Executivo: O Pão de Açúcar mencionou, ao justificar a decisão da venda do Audax, que a chegada do clube à elite dos estaduais de RJ e SP exigiria mais recursos do Grupo. Você concorda?
TS: O planejamento do Audax prevê sim um aumento no investimento necessário para times na elite dos campeonatos estaduais de RJ e SP. Mas entendemos que o valor não é maior que o retorno financeiro, que a receita gerada em função de o clube disputar essas divisões. Aumenta a necessidade de investimento, claro, mas também aumenta a receita.
Esporte Executivo: Você consegue dimensionar esse aumento?
TS: Vamos falar do campeonato de São Paulo, para exemplificar. A série A2 do Campeonato Paulista já tem uma alta competitividade. Se o clube não tiver uma boa equipe, não sobe. Prefiro não falar de valores, mas a folha salarial do Audax que chegou à primeira divisão em São Paulo, mesmo incluindo a comissão técnica, provavelmente não estava entre as folhas mais caras dessa divisão. A gestão precisa ser equilibrada. 
Esporte Executivo: O Pão de Açúcar também citou que “o ciclo de evolução do projeto está concluído”…
TS: Me desculpe, mas não posso falar pelo grupo gestor, a quem respeito. Falo apenas pelo Audax. Para nós, o planejamento ainda é de crescimento. Há espaço para sermos o segundo clube de paulistas e cariocas. E mesmo no cenário nacional, com um trabalho realista, é possível chegarmos até a Série B do Brasileiro. Temos estrutura de trabalho para isso, que é atrativa para os jogadores. Tem jogador que é sondado para disputar a 2ª divisão nacional e prefere jogar conosco, mesmo que ainda estejamos em competições prioritariamente estaduais. Ser um bom empregador no futebol te diferencia. É importante tratar os profissionais do mundo do futebol com respeito. 
Esporte Executivo: O Audax começou há 9 anos, focado na categoria de base. A evolução até o profissional já era prevista?
TS: O Audax continua sendo um clube focado em formação de atletas. É um clube formador, não investidor. O futebol profissional nasceu em 2007 como forma de dar continuidade ao trabalho. O projeto visava, como ainda visa, a inclusão social. Sem o profissional, formaríamos muitos atletas sem minimamente incluí-los no mercado. E então o projeto deixaria ser de inclusão. No Audax/RJ, por exemplo, 55% do elenco é formado por jovens de nossa base.
Esporte Executivo: E quem chega ao clube sem ter sido revelado na base?
TS: Quem vem precisa ter o perfil de atleta e cidadão que trabalhamos dentro do clube. Não temos, por exemplo, jogadores com problemas de noitada. E não digo apenas em relação aos que ainda estão conosco. Mesmo os que foram formados conosco e estão em grandes clubes, também não são jogadores que apresentam esse tipo de problema.
Esporte Executivo: Quando chega um jogador mais veterano, que já viveu muita coisa no futebol, qual a reação ao encontrar um clube como o Audax?
TS: Geralmente são jogadores com carreiras bem sucedidas, que tem mais visão do que é importante para o desenvolvimento de um atleta. Então eles admiram a estrutura que encontram, porque não é comum tê-la nos clubes brasileiros.
Esporte Executivo: Essa estrutura que você menciona conta com quantas pessoas trabalhando?
TS: Respondo para o presidente do clube, Fernando Solleiro. Temos cerca de 120 colaboradores considerando RJ e SP. Tenho três áreas ligadas diretamente a mim: Futebol de base, Futebol profissional e Apoio integrado, que contempla a área médica, fisiologia, psicologia, administrativo, alimentação, manutenção, entre outras.
Esporte Executivo: E qual o orçamento atual do Audax, considerando a existência de equipes no RJ e SP?
TS: Cerca de 22 milhões de reais ao ano.
Esporte Executivo: Com base nesses valores, você acha que é possível desenvolver um trabalho semelhante ao de vocês em outra região do Brasil, que não a Sudeste? Pensando no cenário de uma equipe apenas.
TS: Um projeto como o nosso funcionaria muito bem também fora do Sudeste. Talvez, pensando esportivamente, seria até menos complexo, porque a competição em outras regiões é menor. O custo também poderia ser até menor, mas a exposição de alcance nacional acompanharia essa redução. Para ter uma visibilidade em competições estaduais como em São Paulo ou no Rio de Janeiro, o investimento é maior. Mas a exposição acaba sendo quase nacional.
Esporte Executivo: Você pensa que o futebol brasileiro começa a efetivamente perceber a importância de profissionais na gestão dos clubes? Ou isso ainda é exceção?
TS: A criação da ABEX (Associação Brasileira dos Executivos de Futebol) é um exemplo do início desse processo de profissionalização do futebol. Os executivos têm falado mais entre si, o que é fundamental. Clubes com profissionais em seu quadro de gestão têm alcançado resultados importantes. Isso faz com que administradores amadores repensem suas ações, embora ainda resistam com medo de não serem mais importantes no cotidiano dos clubes. 
Esporte Executivo: O futebol brasileiro hoje tem mais origens de receita e, consequentemente, mais dinheiro. Você pensa que estamos no caminho para termos um dos maiores, mais atraentes e mais competitivos campeonatos do mundo?
TS: O futebol brasileiro já é um dos mais competitivos do mundo, mas dificilmente se tornará dos mais atrativos em um curto prazo, em função da organização do futebol nos centros mais evoluídos. Na Europa, por exemplo, as janelas de contração são mais bem definidas e os clubes precisam errar o mínimo possível ao trazer um atleta. Há uma cultura estabelecida de profissionalização do futebol. A Europa passou por uma crise financeira e o nosso futebol não aproveitou como poderia. Ainda dá tempo, mas vai ficando mais difícil. Certamente poderíamos estar mais avançados.
Esporte Executivo: Falando em organização, é verdade que o Vasco quis te levar para organizar uma nova gestão no clube?
TS: O Vasco conversou comigo no meio desse primeiro semestre. Mas não chegou a ter uma proposta. Eu estava no meio de uma competição importante com o Audax, Brunoro tinha acabado de ir para o Palmeiras, eu não me sentiria bem em sair.
Esporte Executivo: Mas não acha que o momento dessa ascensão profissional está chegando?
TS: Profissionalmente me sinto preparado para um novo estágio de trabalho, em um grande clube. Mas por enquanto, sigo bem no Audax. No momento certo, acontecerá. E eu estarei pronto.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Grupo Pão de Açúcar quer vender o Audax

GPA acredita que o investimento teria quer muito alto para a próxima temporada, já que as equipes de SP e RJ estão na elite dos respectivos campeonatos estaduais

    Guilherme de Mattos, especial para o Craque do Futuro - 23/05/2013 - 15:49 São Paulo (SP)
Criado apenas há dez anos, o Audax vem sendo um modelo para muitos clubes do futebol brasileiro, principalmente quando se fala em gestão. O clube que desde sua fundação mostra um trabalho de administração brilhante, principalmente nas categorias de base,  conseguiu conquistar o seu principal objetivo neste ano, que era colocar as suas duas filiais, São Paulo e Rio de Janeiro, na primeira divisão dos seus respectivos campeonatos estaduais.

Mas mesmo com essa rápida ascenção, o clube pode estar com os seus dias contados. Isso porque o Grupo Pão de Açúcar pretende vender o clube, alegando que “o ciclo de evolução do projeto está concluído e o Audax atingiu sua meta de chegar à elite de São Paulo e do Rio de Janeiro”.

O Caso
O Grupo Pão de Açúcar, que mantém ambas equipes, acredita que o investimento teria que ser muito alto para a próxima temporada. Com essa preocupação, o grupo quer negociar os clubes nos próximos meses, já que para eles o investimento teria que ser especializado em futebol, algo que o grupo não gostaria de se envolver neste momento.
Muito se diz que tudo isso está acontecendo em função da atual briga politica entre Abílio Diniz, ex-presidente do Grupo Pão de Açúcar e o grupo francês Casino, que atualmente controla a rede de supermercados. Há algum tempo o grupo francês, comandado por Jean-Charles Naouri, não está apoiando as ações que Diniz vem realizando, e por isso, não gostaria de continuar investindo em algo que levasse seu nome.

- Lamento a decisão do Casino de colocar à venda o Audax, um projeto vitorioso com uma história única. Começou como projeto social e chegou às primeiras divisões do campeonato carioca e paulista sem perder este foco na formação de cidadãos - disse Abílio, por meio de sua assessoria.

Lucro dos clubes

Os defensores do clube apresentam provas que com o marketing que vem sendo realizado, o Audax traz muitos lucros para o grupo, e não o prejudica, como andam dizendo. Um exemplo disso é o retorno que o clube consegue na exposição de marca (Extra), que dificilmente conseguiria em qualquer outro anuncio publicitário. No jogo entre Flamengo e Audax Rio, por exemplo, com transmissão da Rede Globo, o retorno foi de aproximadamente 6 milhões de reais.

Além disso, a venda de atletas vem sendo muito lucrativa. O maior exemplo hoje é o Paulinho, que é considerado uma das maiores promessas do futebol brasileiro. Atualmente no Corinthians, o volante pode ser vendido para um time Europa a qualquer momento. Recentemente o jogador
atribuiu o sucesso de sua carreira e sua convocação à Seleção Brasileira aos trabalhos de base do Audax-SP. 
Gestão Social

Uma das maiores preocupações dos gestores do Audax, é a parte social do clube, pois tudo teve origem justamente em um projeto social, que consequentemente tem uma responsabilidade social. Ao todo são 500 garotos e 500 famílias que recebem esse auxilio (salario/ajuda de custo, assistência médica, odontológica e psicológica, aulas de inglês, apoio escolar, entre outros benefícios).

- Com essas medidas, o Casino descaracteriza os valores fundamentais do Grupo Pão de Açúcar como o incentivo aos esportes e à inclusão social. A medida imposts coloca em risco o futuro de centenas de jovens, atendidos pelo projeto. Tenho esperanças de que esta decisão ainda possa ser revista - completou Diniz.

Diretoria

Um profissional importante para esse sucesso do Audax é o gerente executivo do clube, Thiago Scuro. Ele preferiu não dar declarações sobre a atual situação, mas quis salientar tudo aquilo que foi feito até o momento.

- Estamos e vamos continuar trabalhando para gerar resultados em todos os níveis: social, esportivo e marketing, para o bem do Audax e de seus parceiros, como sempre fizemos nesses 9 anos de história. Desenvolvemos e implementamos um modelo e processo de gestão que vem trazendo ótimos resultados a todos envolvidos em São Paulo e Rio de Janeiro. Espero que essa história tenha continuidade e que o futebol e principalmente os jovens em formação sigam tendo no Audax como um grande exemplo - afirmou o gerente, em entrevista ao LANCE!Net.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Em estudo, Neymar é o esportista com maior valor comercial do mundo


Por ESPN.com.br com Agência Gazeta Press

Gazeta Press
Neymar comemora o primeiro gol do Santos, que levou a melhor sobre o Palmeiras
Neymar superou Messi na lista, que leva em conta alguns critérios, como carisma e apelo
Envolvido em rumores sobre possível venda para Real Madrid ou Barcelona na próxima janela de transferências do futebol europeu, o atacante Neymar segue em alta no cenário internacional. Em estudo divulgado pela revista "SportsPRO" nesta segunda-feira, o jogador do Santos manteve a liderança do ranking de esportistas com maior valor comercial no mundo. 

O brasileiro foi seguido pelo argentino Lionel Messi e pelo golfista norte-irlandês Rory McIlroy. Atuando pelo time profissional do clube alvinegro desde 2009, Neymar se tornou o primeiro atleta a conseguir se manter no topo da lista por dois anos consecutivos. Os critérios analisados para a composição do ranking são: mercado de origem, carisma, disposição para ser comercializado e apelo. Em outros anos, o norte-americano LeBron James (basquete) e o velocista jamaicano Usain Bolt ocuparam a primeira colocação.

“Classificamos Neymar como atleta de maior potencial comercial no último ano e não havia motivo para rebaixá-lo. Ele está se preparando para ser a principal estrela da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, e ainda tem uma possível transação para um clube de sucesso da Europa. Seu status de grande estrela o torna um imã para marcas em uma economia emergente no mundo. Ele é tudo que uma empresa quer”, analisou o editor-chefe da revista, David Cushnan.
Outro atleta nacional presente na lista é o velocista Alan Fonteles. Detentor de uma medalha de ouro e uma de prata nos Jogos Paralímpicos de Londres, o brasileiro se tornou o primeiro esportista paralímpico a fazer parte deste ranking. Na visão da "SportsPRO", Fonteles é um competidor com grande potencial para os próximos anos.
Além disso, a lista deste ano bateu recorde no número de mulheres: 14. O principal destaque fica por conta do tênis, que incluiu Sloane Stephens (Estados Unidos), Victoria Azarenka (Bielorrusia), Caroline Wozniacki, (Dinamarca), Maria Sharapova (Rússia) e Laura Robson (Grã-Bretanha) no ranking.

Veja os dez primeiros colocados da lista:

1) Neymar (Brasil) – Futebol
2) Lionel Messi (Argentina) - Futebol
3) Rory McIlroy (Irlanda do Norte) - Golfe
4) Robert Griffin III (Estados Unidos) – Futebol americano
5) Usain Bolt (Jamaica) - Velocista
6) Novak Djokovic (Sérvia) - Tênis
7) Lewis Hamilton (Inglaterra) – Fórmula 1
8) Cristiano Ronaldo (Portugal) - Futebol
9) Sloane Stephens (Estados Unidos) - Tênis
10) Blake Griffin (Estados Unidos) - Basquete

sábado, 11 de maio de 2013



No dossiê de candidatura, o comitê brasileiro previa a arrecadação de US$ 570 milhões (na conversão atual, R$ 1,15 bilhão) em patrocínios. A pouco mais de três anos dos Jogos, o Rio 2016 já fechou contratos no valor de R$ 1,14 bilhão com sete patrocinadores. Pelo menos outras quatro ou cinco cotas de patrocínio estão sendo ou serão negociadas pelo comitê organizador.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Quem produz o conteúdo



A produção de conteúdo, que já foi exclusividade de quem controla os meios, hoje em dia, é apenas uma questão de iniciativa
07/05/2013

Em um jogo de pouca emoção, São Paulo e Corinthians empataram por 0 a 0 no último domingo, no Morumbi, em duelo válido pelas semifinais do Paulistão Chevrolet. Nos pênaltis, a equipe alvinegra venceu por 4 a 3 e assegurou vaga na decisão.
E na segunda-feira, menos de 24 horas depois da classificação, sabe qual jogador corintiano tinha o nome mais comentado nas redes sociais e até na mídia tradicional? Sim, ele: o chinês Zizao.
Na segunda-feira, o Corinthians publicou no site de vídeos Youtube um viral protagonizado pelo jogador. Ele aparece no banco de trás de um carrinho de golfe, ao lado de Emerson – o bólido também é ocupado pelo volante Paulinho e pelo lateral-esquerdo Fabio Santos, responsável pela condução.
A peça de 19 segundos mostra o carrinho andando por um campo do centro de treinamentos do Corinthians. Zizao lê "Coca-Cola", "Gatorade" e duas vezes "Caixa", patrocinadores alvinegros que estampam placas publicitárias no local.
Emerson, então, diz: "Gente! O Zizao tá lendo". O texto é uma paródia de um comercial da Caixa Econômica Federal, atual cotista máster do clube paulista (Você pode ver o vídeo aqui:http://tinyurl.com/d79egpb. Ah, e a peça original está aqui: http://tinyurl.com/czmjxze).
Já discutimos anteriormente o papel de Zizao no elenco do Corinthians. Inusitado e carismático, o jogador chinês pouco serve a um plano de internacionalização da marca alvinegra. Contudo, transformou-se em um protagonista perfeito para o mercado interno: tudo que ele faz repercute.
No entanto, o vídeo publicado na segunda-feira serve como mote para uma discussão maior. Ao parodiar um comercial de seu principal patrocinador, o Corinthians criou uma peça engraçada e assegurou visibilidade para três marcas que investem no clube. E tudo isso com um custo extremamente reduzido.
A história sintetiza outra coisa que já foi tópico de discussão por aqui: o advento de novas tecnologias e novas plataformas de comunicação transformou todo mundo em mídia. A produção de conteúdo, que já foi exclusividade de quem controla os meios, hoje em dia é apenas uma questão de iniciativa.
Mas, o caso do vídeo corintiano é um exemplo extremo – e não o único, diga-se – de como o esporte é prolífico na produção de conteúdo rico. Poucas são as searas que concentram tantas boas histórias e tantos personagens interessantes.
Somemos, então, as duas coisas: o esporte tem muitas histórias a serem contadas e qualquer um pode assumir a narração disso. Portanto, o direcionamento da comunicação e o uso estratégico desse conteúdo são acessíveis a qualquer um.
Foi isso que motivou a Red Bull a criar a Red Bull Media House. Lançado em 2007, o braço da empresa desenvolve uma série de produtos para diferentes plataformas de comunicação. Os principais focos são esporte, cultura e estilo de vida.
A Red Bull Media House causou mudanças contundentes na companhia. A Red Bull não é mais uma produtora de bebidas energéticas. Hoje em dia, a empresa é uma criadora de experiências. A imagem foi forjada entre loucuras e ousadias cometidas pela marca.
Criar conteúdo, no caso da Red Bull, foi uma forma de ampliar o negócio. Isso criou novas fontes de faturamento e ajudou a própria marca a consolidar seu principal ativo.
Contudo, a relação nem precisa ser tão explícita. No esporte, produzir o próprio conteúdo pode ser apenas uma forma de zelar por parâmetros do evento. Em Copas do Mundo, por exemplo, imagens de jogos são geradas pela HBS, que é contratada pela Fifa. Parte daí o conteúdo que é distribuído para emissoras de todo o planeta.
Quando decidiu gerar o próprio conteúdo, a Fifa se comprometeu a fazer um investimento muito maior. Por outro lado, assegurou uma série de peculiaridades, como a exposição de seus patrocinadores, a qualidade e até um padrão para as imagens.
O exemplo é bem diferente em outras instâncias. No Brasil, quem gera o conteúdo é a Globo, dona dos direitos de transmissão. Quantas vezes você ouviu gente de outras emissoras reclamando por ter acesso a poucos ângulos de uma imagem ou pela escassez de replays em determinados lances?
Em outros países, a geração é de emissoras locais. Isso cria distorções absurdas, como as transmissões paupérrimas em jogos da Copa Bridgestone Libertadores. Não há padrão de imagem, de repetições ou de zelo pelos patrocinadores.
Quando entrega o conteúdo para um parceiro de transmissão, o produtor do evento simplesmente perde o controle sobre o que é mostrado. E também perde a chance de colocar na mídia algo planejado, adequado aos interesses da marca.
A Red Bull assumiu a produção do conteúdo porque queria fazer algo com a cara que a empresa pretendia impingir à marca. A Fifa nomeou um parceiro exclusivo de transmissão para ter um padrão. Deixar que as emissoras decidam sobre isso é colocar seu produto mais valioso a serviço dos interesses de outro, que não necessariamente são alinhados aos seus.
Nos Estados Unidos e em grande parte da Europa, a noção de que o dono do evento precisa assumir a geração do conteúdo já está bem consolidada. E "geração de conteúdo" aqui tem um significado bem amplo, que abarca as imagens de competições, a repercussão e até as histórias que ampliam a visibilidade.
O esporte brasileiro já tem exemplos em que isso é feito. Até um caso extremo, que é o do Atlético-PR. O time rubro-negro não vendeu direitos de mídia de seus jogos no Campeonato Paranaense Chevrolet. Todas as transmissões são feitas exclusivamente pelo clube, que não acertou com TVs ou rádios.
O que chama atenção nesse caso, porém, é que a decisão parece ser mais econômica do que estratégica. O Atlético-PR não aproveitou isso para instituir um padrão diferente do que sempre foi feito nas transmissões de jogos do clube.
Estrategicamente falando, a medida do Atlético-PR serviu apenas para turbinar a audiência do site oficial – a página da equipe rubro-negra sofre forte concorrência de portais mantidos por torcedores.
Controlar o conteúdo oferece ao dono do evento um mundo de oportunidades, e isso o esporte brasileiro já começa a perceber. O desafio agora é inserir isso em um planejamento maior e usar a mídia como forma de construir algo. Mas, aprender a construir é mais difícil do que aprender a ler...

domingo, 5 de maio de 2013

A Fifa chamou a mulher errada



Coluna Opinião

Dorrit Harazim

Foi no 61º congresso da Fifa, realizado em Zurique em meados de 2011, que Sepp Blatter, o presidente eleito pela quarta vez, anunciou a novidade às 206 confederações ali representadas: a partir daquele ano seria criado um novíssimo comitê, inteiramente independente, para monitorar o funcionamento e aprimorar a idoneidade do órgão máximo do futebol mundial.

Medida um tanto tardia considerando-se que as primeiras provas da avalanche de falcatruas e alegações de corrupção na entidade haviam sido expostas pela primeira vez doze anos antes, pelo autor de livros investigativos David Yallop. Em "How They Stole The Game" (Como eles roubaram o jogo, não editado no Brasil), o inglês Yallop focara na compra de votos africanos para que Blatter sucedesse a seu padrinho brasileiro João Havelange.

O colossal escândalo "ISL", referente ao generoso suborno embolsado por Havelange e seu genro Ricardo Teixeira da empresa de marketing International Sports and Leisure, também já vinha sendo escarafunchado há anos. Repórteres internacionais incômodos e obcecados como o escocês Andrew Jenkins (autor, entre outros, de "Jogo sujo - O mundo secreto da Fifa") ou jornalistas determinados como o brasileiro Juca Kfouri não deixavam o escândalo morrer. As muitas outras improbidades que se seguiram também não conseguiram ser varridas para baixo do tapete.

Urgia, portanto, fazer algo antes que os negócios da Fifa começassem a ser afetados.

A instalação do inovador Comitê Independente de Governança recebeu elogios até mesmo da Interpol. Presidido pelo professor de Direito Criminal Mark Pieth, o comitê era composto por dez membros vindos de oito países.

Além de Pieth, nove homens e uma mulher - a canadense Alexandra Wrage. Sepp Blatter, João Havelange e todos os encrencados da Fifa deveriam ter lido pelo menos o livro de Wrage, "Bribery and Extortion: Undermining Business, Governments, and Security" (Suborno e extorsão: Minando negócios, governos e segurança, sem edição no Brasil) para saber que ela entende de corrupção tanto quanto eles. Se não mais. O título do primeiro capítulo é "Ladrões, bandidos e cleptocratas".

Formada em Direito por Cambridge e há seis anos na lista das 100 Pessoas Mais Influentes na Ética Empresarial da revista "Ethisphere", Wrage já presidiu o Comitê Anticorrupção da Ordem dos Advogados dos Estados Unidos. É fundadora da Trace, a principal entidade internacional de apoio a corporações no combate a todo tipo de corrupção. Organização sem fins lucrativos, tem afiliados que pagam anuidade espalhados por todo o mundo e um site ( bribeline.org ) em 21 línguas para denúncias anônimas de práticas de extorsão e suborno por qualquer pessoa, em qualquer canto do mundo.

Pois bem, foi com essa mulher a bordo que o Comitê Independente de Governança montado pela Fifa produziu um primeiro relatório em março de 2012, em apenas três meses de trabalho. É possível que o grupo tenha detectado procedimentos e lacunas tão gritantes que achou conveniente elencá-los de imediato para correção rápida. Mas nada foi feito. O Comitê trabalhou mais doze meses e produziu um segundo relatório, apresentado em fevereiro último. Tudo indica que tampouco esse novo lote de sugestões foi encampado.

Assim, duas semanas atrás, Alexandra Wrage abandonou a Fifa à própria sorte. Ou, como diz, deixou "esse antiquado clube de homens a lustrar o verniz" enquanto a fundação continua a ruir.

Desde então, ela atende quem se interessa em saber o que houve. BBC, CNN, "Forbes" correram atrás. O retrato que emerge de suas entrevistas é de uma Fifa entrincheirada. Um dos papéis cruciais atribuídos ao Comitê dito Independente fora o de indicar nomes para cargos críticos numa nova estrutura mais arejada. Após criteriosa seleção, o Comitê sugerira oito nomes, entre os quais os de duas mulheres recomendadas para o setor de Ética. Todos foram vetados.

Wrage conta que foi instada por dois altos executivos da casa a garimpar mais candidatos homens uma vez que candidatas mulheres não seriam aceitas. Ficou estarrecida. A canadense, que trabalha em países e continentes reputados pela fraca adesão ao catecismo feminista, não tinha ouvido afirmação de preconceito tão explícita e direta há pelo menos três décadas.

O Comitê também recomendara que o Conselho Executivo da Fifa cogitasse aceitar membros de fora da entidade, para sinalizar um início de transparência e alinhamento com modernas corporações e organizações mundiais. Proposta rejeitada. A Fifa continua sendo uma sociedade secreta, sem prestar contas a ninguém.

A recomendação de acompanhar a tendência mundial e tornar públicos os salários e gratificações de seus executivos foi descartada com o argumento de que a questão serviria mais à curiosidade pública do que a uma melhora de governança.

Wrage conclui que somente o governo da Suíça é capaz de fazer com que a Fifa, algum dia, se dobre às leis da transparência. Isso porque a entidade está sentada em cima de um baú de US$ 1,4 bilhão em reservas. Livres de impostos. "Blatter virtualmente declarou sua missão de saneamento cumprida, não vai debater com ninguém nem vai se explicar", diz a canadense. "O que não é surpreendente para um homem que descreve a Fifa como se fosse um Estado soberano presidido por ele."

Mas ainda que Blatter seguisse à risca todas as recomendações caras a Wrage, dificilmente os dois se entenderiam. É que alguma sequela deve ter ficado em Blatter de um cargo que ocupou nos anos 1970: foi presidente da Sociedade Mundial dos Amigos das Cintas-Ligas. Repetindo: presidente da Sociedade Mundial dos Amigos das Cintas-Ligas. A organização se formara em protesto à substituição das sensuais cintas-ligas pelo uso das meias-calças, bem mais práticas, que apareceram com a invenção do náilon. Trinta anos depois, o mesmo Blatter, já presidente da Fifa, sugeria que as jogadoras de futebol deveriam usar "short mais apertadinho e camisa mais decotada" para "criar uma estética mais feminina".

Cada qual com sua visão de transparência.