Sob o ponto de vista corporativo, analisamos como a contratação do goleiro Bruno afetará a confiança e credibilidade do clube e patrocinadores
11 MAR, 2017 ESCRITO POR MKT ESPORTIVO
Por Eduardo Esteves
Sétima rodada do Campeonato Brasileiro de 2010, Flamengo 1 x 2 Goiás no dia 05/06/2010, última partida oficial de Bruno. Sete anos desde a última vez que o goleiro entrou em campo, treinou como um atleta profissional e se dedicava ao seu ofício. Sua contratação, motivada por uma liberação do STF após sete anos encarcerado, me fez pensar sobre um ativo muito valioso de uma empresa (que é como um clube deve ser visto hoje): sua reputação.
A reputação é a forma que consumidores (torcedores) enxergam e interpretam os valores transmitidos por uma marca ou empresa (clube). Mais do que ATRAIR, já que torcedor é naturalmente atraído quando se trata do seu clube do coração, ela atua de maneira estratégica para MANTER uma boa imagem, credibilidade e confiança. Portanto, reputação é um pilar trabalhado com objetivos de longo prazo.
Campeão da Série C em 2016, o Boa Esporte Clube nasceu em 1947 e se tornou profissional somente em 1998, ainda como Ituiutaba. Ao longo dos últimos anos, a equipe hoje de Varginha ganhou relativo espaço na mídia por contratar jogadores experientes, como Marcelinho Paraíba e Alex Silva. Porém, dentro de campo, sempre alternou entre a série B e C do futebol brasileiro.
Sua reputação, portanto, ainda estava sendo construída. E agora, como ficará sua credibilidade? E os valores transmitidos ao mercado? Vale ficar marcado para sempre como o clube que contratou um jogador ainda em dívida com a justiça em um caso de assassinato que comoveu o país? E um possível acesso em 2018?
Voltando ao Bruno, na reunião entre os dirigentes, advogado, empresário e o atleta, imagino que a pergunta “Já imaginou a visibilidade que o clube terá com a cobertura de treinos e jogos?” foi dita por um dos presentes. E, para chamar atenção, esta ilusão foi comprada por dois anos. Ilusão esta de que a exposição será positiva, afinal, estará sempre atrelada a uma pessoa condenada e execrada pela opinião pública.
No termômetro de todo e qualquer acontecimento mundial, as redes sociais, choveram ofensas e críticas ao clube e seus patrocinadores. O anúncio alcançou o trend topics no Brasil.
Sou CONTRA a contratação do Boa Esporte ao goleiro Bruno. Suja a imagem da instituição Boa Esporte Clube.
Os patrocinadores do Boa Esporte poderiam cancelar o contrato com eles.
Ridículos.
Nem preciso falar em boicote aos patrocinadores deste tal Boa Esporte,certo? No mínimo são simpatizantes de assassinos impunes. Alô Varginha
Impactada diretamente pela contratação a partir dos comentários em sua fan page, a Nutrends se posicionou. Indagada por seus seguidores sobre o patrocínio (marca exposta no ombro), respondeu: A empresa Nutrends é somente patrocinadora do time e não participa do processo de contratação. Pra nós foi também uma surpresa e ainda não foi definido uma posição sobre esse assunto.
Ter orientação voltada ao público é a chave do sucesso. No mercado corporativo, o consumidor tem influência direta na tomada de decisão da empresa, seja para um novo serviço, produto, identidade ou reposicionamento. A quebra da confiança é um passo para o fracasso. Ao menos a Nutrends agiu rápido, se posicionou e deve definir o futuro em breve. E a Kanxa, tão tradicional no cenário boleiro do Brasil?
Todo ser humano merece uma segunda chance na sociedade desde que sua dívida com a justiça, se houver, esteja paga. Bruno deixou a cadeia após sete anos a partir de uma sentença originalmente decretada em vinte dois. Ou seja: o processo e sua pena seguem em andamento. No fim, a cultura da exposição e “oba oba” prevaleceram. Neste caso, a máxima (personalizada) “falem mal ou falem mal, mas falem de mim” caberá no Boa Esporte daqui em diante.
Como emissoras tratarão o tema? Bruno será convidado para programas e seguirá com a imagem na mídia, agora, como de um jogador profissional? Se a justiça determina seu retorno ao presídio, será um papelão comercial ainda maior do Boa Esporte. Aguardemos…
Contribuição de Matheus Melgaço
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