Presidente do clube reclama de valor pago pela emissora de TV
SÃO PAULO
Irritado com a Turner, o Fortaleza fez seus jogadores entrarem em campo para enfrentar o Internacional no sábado (17), pelo Campeonato Brasileiro, usando camisas com "-14" estampados.
Era um protesto pela desigualdade no pagamento das cotas de TV feitas pela emissora. A partida foi transmitida pelo TNT, canal que faz parte da Turner.
O símbolo e o número representam a diferença entre os valores recebidos pelo Fortaleza e pelos outros que fecharam contrato com o canal até 2024. De acordo com o presidente do time, Marcelo Paz, Palmeiras, Santos, Internacional, Ceará, Bahia, Athletico-PR dividiram R$ 140 milhões de partes iguais. Cada equipe ficou com R$ 23 milhões. O Fortaleza recebeu R$ 9 milhões.
Consultada pela Folha, a assessoria de imprensa da Turner disse que a empresa “não comenta sobre contratos e sua relação com os clubes e os termos dos contratos são confidenciais.”
"O Fortaleza tem o direito de protestar contra essa situação, que julgamos ser totalmente absurda dentro da divisão de cotas no futebol brasileiro. É como se em uma corrida de 100 metros, seis times largassem com 23 metros, e o Fortaleza com 9 metros, e ainda tendo que chegar na frente dessas equipes", reclama Paz.
Ele alega que a disparidade de valores causa desequilíbrio esportivo e dificulta a gestão, já que os torcedores cobrariam investimentos no elenco que o clube não poderia fazer.
Entre os sete clubes do Campeonato Brasileiro da Série A que têm contrato com a Turner, o Fortaleza foi quem recebeu menos de luvas: R$ 3 milhões. Embolsará também a menor fatia do bolo na divisão do dinheiro prometido pela emissora. Embora esteja descontente com um contrato que foi assinado pela própria agremiação (algo que Paz reconhece), o grande aborrecimento do cartola é outro.
“Minha maior crítica é ao discurso deles. A Turner entrou no mercado como? Pregando igualdade e prometendo não fazer o que a Globo fez. Disseram que promoveriam uma democratização dos direitos de TV. Não posso ficar satisfeito com uma empresa que prega a igualdade e faz outra coisa”, reclama.
Na próxima rodada, a emissora terá direito de transmitir a partida do Fortaleza contra o Santos, na Vila Belmiro. Será domingo (25), às 16 horas.
Os contratos dos clubes com a Turner foram acertados em 2017 e passaram a valer no Brasileiro deste ano. Quando os documentos foram assinados, o Fortaleza estava na Série B.
“O Bahia, por exemplo, teve R$ 40 milhões. Os outros seis clubes vão dividir um valor em torno de R$ 120 milhões”, completa Paz.
Inicialmente, os valores seriam distribuídos no esquema chamado de 50-25-25: 50% divididos em partes iguais, 25% pela classificação final no torneio e 25% pela quantidade de partidas transmitidas. Mas os clubes que assinaram com a emissora (menos o Fortaleza) conseguiram mudar o acordo e puderam pedir imediatamente a antecipação dos R$ 23 milhões cada.
“O Fortaleza foi o melhor custo-benefício da Turner. Por um valor muito pequeno, porque estávamos na Série B, eles terão direito de transmissão de todos os nossos jogos contra as outras seis equipes. O problema é que eles não reconhecem isso”, continua o presidente.
Esta é outra queixa. O dirigente diz ter tentado renegociar o contrato do Fortaleza com a Turner porque acreditava que o clube merecia uma valorização. Segundo Paz, a emissora se negou a conversar.
O presidente diz saber que o canal renegociou neste ano os contratos de todas as outras seis equipes, pagando mais do que elas já tinham direito.
“Não tem mais o que fazer. Eles não tiveram a sensibilidade de igualar [o acordo do Fortaleza com os demais]. Mudaram o contrato do Ceará, mudaram o contrato do Bahia, mudaram os contratos de todos os outros, menos o nosso”, finaliza.
Não se trata do primeiro clube que mostra descontentamento com a Turner. Outros clubes se queixaram do tratamento dado à emissora ao Palmeiras, que recebeu cerca de R$ 100 milhões de luvas pelo contrato em TV fechada do Brasileiro. Algo que o canal nega ter acontecido.
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