A Espanha de hoje é o Brasil de amanhã ?
No momento em que sua seleção atravessa o momento mais brilhante de sua história, o futebol espanhol caminha célere para a bancarrota.
A Espanha é o grande paradoxo do futebol moderno. Escrevi um post há poucas semanas atrás, em que o presidente do Sevilha, Del Nido, antes mesmo da Liga começar, referia-se à mesma como “Liga de mierda”. Essa semana, após o cartão de visitas do que será essa enfadonha Liga, com goleadas arrasadoras dos dois papões, o presidente do Villareal, Francisco Roig, foi duro nas declarações e reafirmou que o futuro do futebol espanhol é sombrio.
Com efeito, o futebol espanhol possui a divisão de recursos mais madrasta do futebol mundial. Enquanto Real e Barça juntos abocanham 300 milhões de euros em direitos de transmissão, 8 dos 20 clubes recebem de 12 a 17 milhões cada. Um abismo colossal. O poder de fogo dos outros participantes são balas de borracha contra as bazucas dos 2 gigantes. A consequência, é que no afã de lutar contra massacres previsíveis e montar times minimamente competitivos, os rivais tomam empréstimos e assumem dívidas imensas para, pelo menos, tentar evitar goleadas humilhantes. No decorrer de alguns anos, tornaram-se totalmente inadimplentes, não apenas com fornecedores e com o fisco, mas principalmente com os próprios jogadores, que em muitos desses clubes chegam a estar de 3 a 4 meses sem receber salários.
Na Espanha existe um mecanismo legal chamado de “Lei Concursal” que permite aos clubes, como uma espécie de concordata, disputar o campeonato, mantendo em suspenso o pagamento dos salários. Com a quantidade de clubes em dificuldades, os jogadores se reuniram e impediram o início da Liga até que alguma coisa fosse feita. E foi. Entretanto, foram apenas medidas paliativas, que não impedirão a bancarrota futura, mas prorrogam a agonia. Criaram um fundo especial que será formado e gerido pela Associação de Futebolistas, cujos recursos socorrerão os jogadores em dificuldades, que terão um prazo de até 4 anos para retornar o empréstimo. Permitirão que jogadores com atrasos salariais a partir de 3 meses possam se desvincular sem ônus do clube inadimplente, e a garantia de que os salários em atraso serão devidos mesmo que o clube seja rebaixado. Porém, a razão das distorções segue “imexível”. Comparando a Espanha com a Inglaterra percebe-se porque a Premier a cada ano se fortalece, ao contrário da liga ibérica. Na ilha, o clube que mais recebe direitos de TV, o Manchester United, receberá esse ano uma quantia aproximada de 60 milhões de libras, enquanto o menorzinho, o calouro Blackpool, receberá cerca de 28 milhões. Quase a metade. Isso permite um fôlego aos pequenos proporcionando um equilíbrio maior de fôrças e jogos mais atraentes. Claro que os nanicos não serão campeões, nem na Inglaterra nem em lugar algum, mas será difícil que na Premier em sua reta final, tenhamos 2 clubes com quase 100 pontos, e o terceiro com 70, como na Espanha.
Aqui no Brasil, o modelo espanhol já está sendo montado. Em 5 anos, Corinthians e Flamengo poderão receber em aportes de TV algo em tôrno de 300/350 milhões de reais a mais que vários outros “grandes”. O abismo estará sendo irremediávelmente escavado. Alguns argumentam que é assim mesmo, livre concorrência, seleção natural dos mais fortes, e blá blá blá. Não acredito que um modelo que alije do mercado milhões de torcedores de clubes “grandes” no presente, e meros coadjuvantes no futuro, seja benéfico para o mercado esportivo brasileiro.
Mas,é claro, sempre existem os “satisfeitos”. Perguntado sobre o que pensava sobre as queixas (que aqui no Brasil seriam chamadas de “chororô”) do presidente do Sevilha, o jogador Sérgio Ramos do Real Madrid e da seleção espanhola, disparou:
“Se ele não está satisfeito com essa Liga, que trate de procurar outra !”.
Na testa, e à queima roupa. Tomara que algum dia ele não precise jogar no Levante.
Na Espanha existe um mecanismo legal chamado de “Lei Concursal” que permite aos clubes, como uma espécie de concordata, disputar o campeonato, mantendo em suspenso o pagamento dos salários. Com a quantidade de clubes em dificuldades, os jogadores se reuniram e impediram o início da Liga até que alguma coisa fosse feita. E foi. Entretanto, foram apenas medidas paliativas, que não impedirão a bancarrota futura, mas prorrogam a agonia. Criaram um fundo especial que será formado e gerido pela Associação de Futebolistas, cujos recursos socorrerão os jogadores em dificuldades, que terão um prazo de até 4 anos para retornar o empréstimo. Permitirão que jogadores com atrasos salariais a partir de 3 meses possam se desvincular sem ônus do clube inadimplente, e a garantia de que os salários em atraso serão devidos mesmo que o clube seja rebaixado. Porém, a razão das distorções segue “imexível”. Comparando a Espanha com a Inglaterra percebe-se porque a Premier a cada ano se fortalece, ao contrário da liga ibérica. Na ilha, o clube que mais recebe direitos de TV, o Manchester United, receberá esse ano uma quantia aproximada de 60 milhões de libras, enquanto o menorzinho, o calouro Blackpool, receberá cerca de 28 milhões. Quase a metade. Isso permite um fôlego aos pequenos proporcionando um equilíbrio maior de fôrças e jogos mais atraentes. Claro que os nanicos não serão campeões, nem na Inglaterra nem em lugar algum, mas será difícil que na Premier em sua reta final, tenhamos 2 clubes com quase 100 pontos, e o terceiro com 70, como na Espanha.
Aqui no Brasil, o modelo espanhol já está sendo montado. Em 5 anos, Corinthians e Flamengo poderão receber em aportes de TV algo em tôrno de 300/350 milhões de reais a mais que vários outros “grandes”. O abismo estará sendo irremediávelmente escavado. Alguns argumentam que é assim mesmo, livre concorrência, seleção natural dos mais fortes, e blá blá blá. Não acredito que um modelo que alije do mercado milhões de torcedores de clubes “grandes” no presente, e meros coadjuvantes no futuro, seja benéfico para o mercado esportivo brasileiro.
Mas,é claro, sempre existem os “satisfeitos”. Perguntado sobre o que pensava sobre as queixas (que aqui no Brasil seriam chamadas de “chororô”) do presidente do Sevilha, o jogador Sérgio Ramos do Real Madrid e da seleção espanhola, disparou:
“Se ele não está satisfeito com essa Liga, que trate de procurar outra !”.
Na testa, e à queima roupa. Tomara que algum dia ele não precise jogar no Levante.
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