Rio 2016 Olympic and Paralympic Games – Support the Organizing...
As olimpíadas de Londres foram marcadas pela emoção, a organização, e, principalmente, o uso intenso de inovações tecnológicas. Para os que não tiveram o privilégio de acompanhar os jogos in loco, as transmissões em alta definição — e, particularmente, as imagens de alta frequência (super slow motion) — impressionaram, revelando expressões dos atletas que o olho humano não poderia identificar.
As câmeras mostraram como o rosto de um boxeador se deforma ao ser golpeado e desvendaram, sob as águas, a técnica de nado do multimedalhista Michael Phelps. No auxílio à arbitragem, o uso da tecnologia foi marcante.
O tênis olímpico já adotou um sistema de localização da bola baseado em reconstrução tridimensional. Lutadores de taekwondo passaram a usar coletes e sapatilhas equipados com sensores, que registram o golpe mesmo se a área atingida for mínima. Um exemplo, contudo, foi revolucionário: a participação do corredor biamputado Oscar Pistorius, que, usando próteses de fibra de carbono, chegou à semifinal dos 400m.
O simbolismo desse feito evidencia a possibilidade de inclusão nos esportes de portadores de deficiência. Em 2008, o atleta foi impedido de participar dos jogos, sob a alegação de que as próteses lhe conferiam “vantagem” — já que possuem maior capacidade de restituição de energia elástica que os músculos. Após decisão judicial que garantiu a ida e Pistorius a Londres, o debate se volta para as muitas desvantagens que o atleta enfrenta. Certamente, os desequilíbrios que a tecnologia pode introduzir nas competições devem ser analisados.
Os trajes tecnológicos de natação, sucesso em Pequim, acabaram banidos em Londres por terem dado “certo demais”. Os exemplos de Londres fazem pensar nos desafios que a Copa e as Olimpíadas trazem para o Brasil. É importante saber se a ciência participará desta grande mobilização ou será apenas espectadora. Promover ações que incentivem pesquisadores a se voltarem para o setor esportivo — a exemplo do XXVI Prêmio Jovem Cientista, lançado com o tema “Inovação tecnológica nos esportes” — é apenas um dos caminhos para manter vivo o interesse nesse campo.
Até e após os eventos, estaremos mais aptos a preparar cientificamente os atletas? Novas tecnologias da informação aplicáveis ao esporte terão sido propostas e testadas? Conseguiremos formular e implementar um modelo integrado de desenvolvimento da ciência no esporte? Teremos desenvolvido alguma metodologia, tecnologia ou produto capaz de treinar melhor, avaliar melhor, alimentar melhor ou recuperar melhor um atleta? Essas questões, colocadas a todos nós, precisam de respostas.
Ricardo Machado Leite de Barros é professor de Biomecânica da Faculdade de Educação Física da Unicamp
As câmeras mostraram como o rosto de um boxeador se deforma ao ser golpeado e desvendaram, sob as águas, a técnica de nado do multimedalhista Michael Phelps. No auxílio à arbitragem, o uso da tecnologia foi marcante.
O tênis olímpico já adotou um sistema de localização da bola baseado em reconstrução tridimensional. Lutadores de taekwondo passaram a usar coletes e sapatilhas equipados com sensores, que registram o golpe mesmo se a área atingida for mínima. Um exemplo, contudo, foi revolucionário: a participação do corredor biamputado Oscar Pistorius, que, usando próteses de fibra de carbono, chegou à semifinal dos 400m.
O simbolismo desse feito evidencia a possibilidade de inclusão nos esportes de portadores de deficiência. Em 2008, o atleta foi impedido de participar dos jogos, sob a alegação de que as próteses lhe conferiam “vantagem” — já que possuem maior capacidade de restituição de energia elástica que os músculos. Após decisão judicial que garantiu a ida e Pistorius a Londres, o debate se volta para as muitas desvantagens que o atleta enfrenta. Certamente, os desequilíbrios que a tecnologia pode introduzir nas competições devem ser analisados.
Os trajes tecnológicos de natação, sucesso em Pequim, acabaram banidos em Londres por terem dado “certo demais”. Os exemplos de Londres fazem pensar nos desafios que a Copa e as Olimpíadas trazem para o Brasil. É importante saber se a ciência participará desta grande mobilização ou será apenas espectadora. Promover ações que incentivem pesquisadores a se voltarem para o setor esportivo — a exemplo do XXVI Prêmio Jovem Cientista, lançado com o tema “Inovação tecnológica nos esportes” — é apenas um dos caminhos para manter vivo o interesse nesse campo.
Até e após os eventos, estaremos mais aptos a preparar cientificamente os atletas? Novas tecnologias da informação aplicáveis ao esporte terão sido propostas e testadas? Conseguiremos formular e implementar um modelo integrado de desenvolvimento da ciência no esporte? Teremos desenvolvido alguma metodologia, tecnologia ou produto capaz de treinar melhor, avaliar melhor, alimentar melhor ou recuperar melhor um atleta? Essas questões, colocadas a todos nós, precisam de respostas.
Ricardo Machado Leite de Barros é professor de Biomecânica da Faculdade de Educação Física da Unicamp
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