Apesar de restrições da Carta Olímpica, atletas expõem marcas que os apoiam nos pulsos e nas redes sociais
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
A cada edição dos Jogos se repetem ameaças de que marketing pirata por parte de atletas será punido com sanções. Mas cada vez se torna mais duvidoso o que de fato representa quebra das regras de propaganda olímpica.
Um exemplo é o caso do corredor jamaicano Yohan Blake. Medalha de prata nos 100 m rasos e finalista dos 200 m, ele correu com relógio da marca Richard Mille.
"Não sabia. Vamos olhar isso", afirmou o porta-voz do COI (Comitê Olímpico Internacional), Mark Adams.
O que o comitê terá de averiguar é se o uso do relógio representa desrespeito à regra 40 da Carta Olímpica.
O seu texto proíbe que os atletas façam propagandas do dia 18 de julho até o dia 15 de agosto, período
superior ao dos Jogos de Londres.
Punições a esportistas infratores podem ser multa ou a eliminação dos Jogos. Mas isso está longe de ocorrer.
Até porque há diferentes interpretações para as regras.
Um manual de 20 páginas foi feito para tentar clarificá- -la, mas ainda deixa margem para leituras diversas.
Por exemplo, no caso do jamaicano, ele pode usar peças de fabricantes de roupas esportivas nas provas, mas outras empresas não podem explorar os eventos. Assim, não fica claro em que caso Blake pode ter quebrado as regras.
A controvérsia cresce na internet. É permitido o uso de imagens do atleta no contexto da página corporativa de seu patrocinador. Mas não se pode associar sua imagem ao desempenho olímpico.
O Twitter de Neymar, por exemplo, tem a marca de seus patrocinadores -outros atletas top retiraram-na durante a Olimpíada. Patrocinadores da seleção brasileira também têm utilizado fotos do time de Mano Menezes nos Jogos.
Questionado sobre se isso seria infringir a regra 40, o COI limitou-se a repetir o discurso de que não ferir o regulamento é importante para o financiamento dos Jogos, feito por seus patrocinadores. Mas deixou claro que não havia motivo para fazer nada.
Disse que apenas o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) poderia se pronunciar sobre os atletas do país.
O comitê nacional não vê problemas na página do jogador nem em propagandas no Brasil, desde que não associados a marcas olímpicas.
No Reino Unido, no entanto, estão proibidas atividades de propaganda dos atletas.
No entanto, o Twitter de LeBron James, maior astro do basquete dos Estados Unidos, traz fotos de um evento da Nike, seu patrocinador pessoal, que o ala participou em Londres. A marca é rival da Adidas, parceira do COI.
Eventos desse tipo são proibidos durante a Olimpíada. Mas a Nike é uma empresa de material esportivo. Resta então mais uma dúvida.
"Estou indo para o evento de um dos meus patrocinadores. Acho que posso falar dele, a regra número 40 é tão confusa", afirmou a corredora norte-americana Sany Richards-Ross, campeã dos 400 m rasos, que tem participado de protestos contra o regulamento dos Jogos.
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