segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Promoção de ingressos faz São Paulo faturar R$ 1 milhão a mais


Quando decidiu fazer seu “saldão de ingressos”, a diretoria do São Paulo tinha um objetivo técnico em mente. Reduzir o preço para atrair mais público e, com isso, ajudar o time a sair da penúltima colocação do campeonato. Além de ser o vice-lanterna, o São Paulo não vencia fazia dez partidas. Ir a um estádio e pagar R$ 30 pelo preço mínimo era, de fato, uma loucura.
A redução do ingresso de valor mais baixo para R$ 10, e o de sócio-torcedor para R$ 2, parecia um tremendo tiro no pé do São Paulo. Tanto que foi só o clube anunciar que estava na base do “deu a louca no Juvenal, queima total de estoque de ingressos!!!” para que as críticas surgissem.
A reclamação era coerente. Como pode um clube abrir mão da receita de bilheteria para tomar uma medida “popularesca”? Pior ainda, de que forma voltar a majorar o preço dos ingressos se o produto já havia sido desvalorizado desse jeito?
Pois bem. Após seis jogos pelo Brasileirão em ingressos com preços promocionais, a conta se apresenta. O São Paulo arrecadou um milhão de reais a mais do que nos jogos sem a promoção.
Até aquela terça-feira 13 de agosto, seis jogos haviam sido disputados no Morumbi para um público total de 51.319 pagantes, ou 8.553 torcedores por jogo em média. Nesses seis embates, o São Paulo havia arrecadado R$ 1,37 milhão, ou cerca de R$ 228,3 mil por partida. O tíquete médio pago pelo torcedor era de R$ 26,70.
Agora, em seis jogos com preços mais baixos, o São Paulo levou 212.012 torcedores pagantes ao estádio. Em média, são 35.335 pessoas por partida. Mas, mais do que isso, a arrecadação saltou. Foi para R$ 2,43 milhões. A média de arrecadação por jogo aumentou em 77%, saltando para R$ 406,1 mil. O tíquete médio que o torcedor paga atualmente está em R$ 11,49.
O sucesso do São Paulo não pode, porém, significar que esse é o caminho a ser tomado pelo futebol no Brasil. O barateamento dos ingressos foi um caminho que deu certo para o Tricolor paulista, mas além disso dois outros fatores contribuíram bastante para que o estádio ficasse cheio e, com o preço médio cerca de 2,5 vezes mais baixo, o clube arrecadasse quase o dobro.
O fato é que, enquanto o produto do futebol no Brasil continuar a ser esse que existe hoje, sem dúvida que é preciso repensar o valor a ser cobrado pelos ingressos de uma partida.
O único clube que ainda pode se gabar de colocar preços altos e mesmo assim ter público constantemente alto é o Corinthians, e mesmo assim é capaz que haja uma sensível oscilação nessa equação no ano que vem, quando além do novo estádio, o Timão fique fora da Copa Bridgestone Libertadores. E isso mesmo só acontece porque o evento é o de maior desejo do torcedor, e a presença dele nos jogos da competição está cada vez mais atrelada, pelo programa de sócio-torcedor, a uma presença fiel nos jogos de menor demanda. Não fosse isso e, provavelmente, a constância do torcedor corintiano nos estádios estaria menor a essa altura do campeonato, com o time caindo pelas tabelas.
Hoje, o preço do ingresso é um grande complicador para que a pessoa querer ir a um estádio de futebol. A prova disso está estampada no exemplo do São Paulo. Condenar a liquidação do preço no futebol de hoje baseado no que acontece no exterior é ignorar o ponto principal: o produto oferecido ao torcedor brasileiro, hoje, está mais próximo de R$ 10 do que de R$ 30.
Se quiser ganhar mais dinheiro no estádio atualmente o clube brasileiro precisa adotar a tática do “Deu a louca no gerente”. O torcedor já sabe que o preço justo para um ingresso está bem mais para a faixa dos 1o reais do que dos 30.
Outro fator importantíssimo é começar a fazer igual ao São Paulo no quesito promoção. Desde que baixou o preço dos ingressos, o Tricolor começou a fazer campanha no site oficial e nos perfis do clube pelas redes sociais para convencer o torcedor a comparecer. A campanha “Três cores, uma só torcida” embalou o clube nessa fase.
Achar qual é o preço a partir do conhecimento do produto que se oferece e, assim, realizar a promoção para atrair as pessoas. São três dos quatro “Ps” do marketing que embalam essa casa cheia são-paulina. Imagine com o time um pouco melhor na tabela o quanto seria possível arrecadar cobrando só R$ 5 a mais em média do torcedor?
O sucesso da liquidação do São Paulo não é um tapa na cara dos teóricos de marketing. Ele só escancarou, mais uma vez, que o futebol no Brasil não pode agir como na Europa. Pelo simples fato que o produto, aqui, tem um valor inferior ao de lá.

domingo, 29 de setembro de 2013

Pobre futebol rico


DE SÃO PAULO

Os dois clubes mais ricos do futebol brasileiro ficarão ainda mais ricos a partir de 1º de janeiro de 2016. Os contratos de transmissão dos jogos de Corinthians e Flamengo com a Rede Globo no Brasileirão valem hoje R$ 120 milhões por ano. Valerão R$ 170 milhões.

Essa conta não inclui o pay-per-view, modalidade em que corintianos e rubro-negros também são campeões.

Não há nenhum problema em Corinthians e Flamengo arrecadarem tanto. O que salta aos olhos é como a distância aumenta a cada renovação contratual, entre os donos das duas maiores torcidas e os demais clubes do Brasileirão.

Hoje, Palmeiras e Vasco arrecadam R$ 80 milhões, R$ 40 milhões de TV a menos do que Corinthians e Flamengo. A partir de 2016, a distância vai subir para R$ 70 milhões. Atlético-MG, Cruzeiro, Inter, Grêmio, Fluminense e Botafogo recebem R$ 45 milhões por ano. Vão ganhar R$ 60 milhões. Significa que receberão R$ 110 milhões a menos do que os gigantes.

Desde a última renovação do contrato, há dois anos, discute-se o risco de haver desequilíbrio semelhante ao da Espanha, onde Real Madrid e Barcelona revezam-se como campeão e vice há nove temporadas. Isso não está acontecendo no Brasil. O Cruzeiro, virtual campeão, pode quebrar a longa hegemonia Rio-SP.

O risco é menor no Brasil do que na Espanha porque aqui há 12 clubes com a ambição do título. Mas o perigo existe e conviver com esse risco só será justo se existir também a chance de equiparar o Brasileirão ao Espanhol em outras coisas.

Estádios lotados, altos índices de audiência, gente falando da disputa em todos os bares, ruas e restaurantes. Um campeonato onde a TV dá R$ 1 bilhão, e dará R$ 1,6 bilhão para os clubes, precisa empolgar.

Até 2009, Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco ganhavam R$ 25 milhões por ano, cada um. Aquele Brasileirão teve o Flamengo campeão e a melhor média de público nos estádios desde 1987, na Copa União.

Na época, a Globo gastava R$ 150 milhões por ano. Em 2016, gastará dez vezes mais.

Mas a audiência dos jogos não cresce, e os estádios têm média de público 27% inferior a quatro anos atrás. Por que pagar mais por um campeonato que vale menos?

Junte tudo isso à discussão da semana, sobre o calendário.

A lógica dos jogadores de tornar o calendário mais racional e melhorar a qualidade das partidas deveria agradar a quem vende o espetáculo televisivo.

No final da semana, a Globo admitiu a hipótese da mudança do calendário, mas só a partir de 2015. Sem aliado econômico na batalha, os jogadores ganham amigos políticos. O presidente da Federação do Rio, Rubens Lopes, promete iniciar seu Estadual dez dias mais tarde. Seu objetivo é óbvio: deixar Marco Polo Del Nero como único vilão.

sábado, 28 de setembro de 2013




Praticantes acreditam que o esporte tende a se popularizar com a volta aos Jogos após mais de 100 anos
Depois de mais de 100 anos fora do programa olímpico, o golfe volta a fazer parte da maior competição esportiva do mundo nos jogos do Rio em 2016. A quantidade de países que disputarão a medalha de ouro, cerca de 30, reflete o processo de globalização pelo qual o esporte passou desde as Olimpíadas de Paris, em 1900, e St. Louis, em 1904. Nas duas únicas ocasiões, apenas americanos e canadenses participaram dos jogos na modalidade, fato que fez com que o golfe fosse esquecido das competições seguintes.

Um dos possíveis reflexos da volta do esporte aos jogos olímpicos é o aumento no número de praticantes. É o que espera o capitão do Londrina Golf Club, Hélio Shibukawa. Segundo ele, apesar de o golfe ainda ser visto como um esporte elitista, o investimento inicial para os aprendizes é considerado pequeno. Durante os dois primeiros anos os custos são subsidiados. Temos professores, tacos, todos os equipamentos. Para jogar só precisa ter vontade. Se fosse um esporte de elite, eu certamente não iria jogar , afirma, rindo.

O empresário norte-americano radicado em Londrina Clay Hamlin tem 43 anos e pratica o esporte há 18 anos. Ele comanda um escritório especializado em treinamento financeiro, e decidiu jogar golfe como uma distração. Os treinos se intensificaram nos últimos três anos, com práticas diárias por pelo menos cinco vezes na semana. Ritmo de profissional? Longe disso, garante. Sou um amador que treina duro, apenas isso , diz Hamlin.

Meta

Os treinamentos, porém, já garantem o empresário no topo do ranking da Federação Paranaense e Catarinense de golfe. Entre as conquistas deste ano estão o pentacampeonato consecutivo no Open Royal Residence e o título no Aberto de Golfe do Norte do Paraná. Modesto, ele afirma que os títulos são fruto do treinamento árduo e da dedicação. Ainda estou muito longe de me considerar profissional. Tenho como objetivo jogar no PGA Seniors [liga americana para golfistas acima de 50 anos] assim que tiver idade. Por enquanto, estou apenas aproveitando essa característica do golfe. Diferente de esportes como basquete ou futebol, no golfe mesmo quem não é profissional consegue fazer boas partidas .

Sobre uma possível popularização do golfe no Brasil a partir das Olimpíadas do Rio de Janeiro, Hamlin se diz otimista. Muita gente não conhece o golfe, acredita que é apenas um esporte de elite, caro e impossível de praticar. Faltam campos públicos no Brasil, é verdade. Mas é um jogo muito gostoso, apaixonante e que tem potencial no país . A maior vantagem, aponta, é o aumento na capacidade de raciocínio e de poder de decisão. O golfe dá muita preparação mental, já que o golfista compete contra ele mesmo. Ninguém pode te ajudar ou te atrapalhar, é você contra você , define.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

É possível esperar uma mudança na gestão esportiva no Brasil?



Erich Beting

Na semana passada, o Senado aprovou a Medida Provisória que promete deixar a rédea mais curta para quem quiser ter verba pública no esporte brasileiro (o que atinge quase que a totalidade dos esportes). Fim de reeleições infinitas e a obrigatoriedade de transparência no uso dos gastos do dinheiro público são algumas das importantes transformações que a MP traz.
Mas será que é possível esperar uma mudança na gestão esportiva no Brasil a partir dela?
Há dez anos já existe uma lei que permite responsabilizar os maus gestores no esporte. Até hoje, apenas dois dirigentes foram afastados ainda durante seus mandatos e tiveram de devolver dinheiro às entidades que representavam por conta disso.
O fato é que não é por força de lei que se consegue fazer com que haja de fato uma mudança na gestão esportiva no Brasil. Fico, nessa hora, com a frase de Gustavo Kuerten, um dos principais porta-bandeiras da MP, quando questionado sobre a aprovação.
“Ainda é triste ver um país que precisa de tantas leis para regular uma coisa que deveria ser óbvia, que é a administração com seriedade”.
Guga é perfeito na análise. É ridículo termos de criar mecanismos legais para evitar a dilaceração de patrimônios por má gestão, para ficar no que seria o menor dos problemas, que é a incompetência, e não a má fé.
O maior legado que a Atletas Pela Cidadania pode fazer não é nem mesmo a lei específica para tentar melhorar a gestão esportiva no Brasil. Começamos a entrar numa era de seleção natural, em que o mau gestor é punido diretamente no desempenho esportivo.
O que mais podemos ganhar nessa discussão toda é uma geração de atletas de fato engajada e empenhada em exigir do empregador seriedade. Se como nação começamos a ser mais questionadores de uns tempos para cá, deu para perceber que para melhorar a qualidade na gestão esportiva, não é suficiente apenas uma nova legislação.
O trabalho paciente e intermitente da Atletas Pela Cidadania é que realmente ajuda a mudar a gestão do esporte no Brasil. A MP 620 pode vir a ser um meio legal de melhorar isso. Mas a lei só vai pegar pela perseverança da ONG e, talvez, isso faça com que a gestão comece a querer sair da inércia que se estabeleceu nos últimos 100 anos…

Rock in Rio mostra o caminho


A receita do RiR com a venda de ingresos foi de cerca de R$ 120 milhões, o equivalente a toda bilheteria do Brasileirão de 2012

    Amir Somoggi - 20/09/2013 - 10:58 São Paulo (SP)
Rock in Rio: exemplo de marketing para o esporte (Foto: Reprodução/Site Rock in Rio)
O esporte brasileiro precisa desenvolver seu ambiente de negócios, em geral concentrado em poucas fontes de receitas, baixa criatividade de
ações de marketing e um restrito apoio de marcas patrocinadoras. O Rock in Rio mostra o caminho que o mercado esportivo deve
seguir: o conceito usado é de brand experience.
O evento possui uma marca forte junto ao público e vendeu 595 mil ingressos para os sete dias noites em menos de 5 horas. Só com ingressos arrecadou cerca de R$ 120 milhões. quase o mesmo ao que o Brasileiro de 2012 obteve em 38 rodadas, durante sete meses.
Além disso, tem exibição TV aberta e fechada e internet, sem contar um eficiente trabalho nas mídias sociais. As pessoas durante os shows interagem criticando ou parabenizando determinado artista, fazendo com que a marcaRock in Rio fique em evidência.

Com todo esse interesse do público e um ótimo trabalho de branding, o evento atraiu dezenas de patrocinadores que segun-
do estimativas devem gerar receitas diretas de R$ 135 milhões. Entre os patrocinadores e apoiadores do evento há mais de
70 empresas (cerca de 55 no Brasileiro).

Diferentes marcas como Itaú, Coca-Cola Zero, Heineken, Trident, VW e Oi não estão associadas ao evento só por visibilidade, mas também para criar conexões com os fãs de música, tanto no evento, como fora dele. A cada dia de evento são vendidos em média 80 mil litros de chope, 63 mil garrafas de água, 20 mil pães de queijo, 8 mil pizzas e mais de 1 tonelada de batatas fritas.
No evento, as marcas criaram ações de entretenimento e lojas,todas focadas em oferecer experiências inusitadas. Na edição de 2011 havia cerca de 350 produtoslicenciados que geraram vendas de mais de R$ 3 bilhões.

Assim, o Rock In Rio produz um volume astronômico de receitas e mais ainda ações de experimentação para os patrocinadoras interagirem com o consumidor. Isso é o que precisamos construir no esporte brasileiro.

sábado, 21 de setembro de 2013

Agora é com a Presidente

Aprovada, MP 620, para modernizar a gestão esportiva, deve ser sancionada por Dilma Rousseff em outubro e mexe com cartolas
Victor Costa
ESPORTES OLÍMPICOS A expectativa é que a presidente Dilma Roussef sancione, na primeira semana de outubro, uma emenda à Medida Provisória 620 que será um marco no modelo de gestão esportiva do país. Ela foi aprovada pelo Senado, por unanimidade, na última terça-feira, e visa a modernizar e a dar transparência às gestões de clubes e confederações esportivas que tenham isenções fiscais ou recebam recursos públicos. A limitação de até quatro anos do mandato dos dirigentes, com direito a apenas uma reeleição, é o ponto mais polêmico do texto. A resistência a essa iniciativa já era esperada, tendo em vista que casos de sucessivas reeleições são comuns nas principais confederações esportivas do país. De acordo com a ex-jogadora de vôlei Ana Moser, no entanto, novas ideias são essenciais: - É preciso ter rotatividade no poder. 
A emenda é um caminho para novas ideias. Precisamos ter mais pessoas pensando o esporte nesse país. Não podemos deixar isso na mão de poucas pessoas por tanto tempo. O ex-velocista Robson Caetano faz coro a Ana Moser: - Mudanças são necessárias. A perpetuação do esporte na mão de uma única pessoa por anos não é salutar. Tanto Ana quanto Robson são da Atletas pelo Brasil, que há três anos pensa em melhorias para o esporte nacional. Foi a organização sem fins lucrativos, formada por atletas e ex-atletas de diversas modalidades, que levou a proposta ao deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), o responsável por apresentar a emenda. Se a iniciativa tem grande força entre os competidores, esbarra em velhos conhecidos do esporte nacional. 
- Eu sou totalmente contra. E posso falar isso porque já anunciei que esse é o meu último mandato. Depois de Rio-2016, eu saio - esbraveja Coaracy Nunes, presidente da Confederação de Brasileira de Esportes Aquáticos desde 1988. - Quando o presidente é exitoso, ninguém tira ele de lá. Quando o cara é ruim, o próprio sistema o expurga. Basta você conferir no COB quantos presidentes saíram de suas confederações nos últimos anos. São muitos. Não sou hipócrita. Se o cara é bom não deveria ter limite de mandato nem tempo. Robson e Ana não concordam com Coaracy. Para eles, é preciso ter rotatividade, mesmo que o trabalho seja bem feito. Ex-jogadora de uma das entidades mais elogiadas no Brasil, Ana questiona os resultados da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), que esteve nas mãos de Ary Graça desde 1997 e que, no ano passado, foi passada para Toroca, que já ocupava a vice-presidência da entidade há 28 anos: 
- O vôlei produz bons resultados a nível de seleção. Mas se perguntar quantos times disputam o estadual do Rio... Esse número não deve passar de seis. Se no Rio é assim, imagina como deve ser o estadual de Mato Grosso. Somos um país de 200 milhões de habitantes e temos apenas pouco mais de mil clubes no Brasil - diz ela, argumentando. 
- Com os patrocínios que a CBV tem, é muito fácil montar uma estrutura que alimente uma seleção vencedora. Mas ninguém está interessado em pegar o recurso da Lei Piva e investir no esporte do estado. 
Atletas e transparência 
Apesar da polêmica estar toda em cima da questão dos dirigentes, esse não é o ponto mais importante da emenda. Para Ana, a participação dos atletas nas eleições de suas respectivas confederações é tão essencial para a evolução do esporte quanto o fim dos mandatos que ultrapassam décadas. 
- Depois de muito tempo é que conseguimos criar uma comissão de atletas na Superliga para discutir os rumos do principal campeonato de vôlei do país. E não pode ser assim. Os atletas precisam ter voz dentro do esporte. Não podemos deixar tudo nas mãos das confederações e federações - pensa a ex-jogadora de vôlei. De acordo com o deputado Goergen, a questão dos mandatos chamou mais atenção que outros pontos, devido ao lobby feito pelas entidades esportivas dentro governo contra a proposta. 
- No entanto, a emenda não se resume a isso. Os atletas precisam ter mais participação no rumo esportivo do país e é necessário ter mais transparência para aqueles que se beneficiem do dinheiro público - diz ele, por telefone, também falando como cidadão. - Sou torcedor fanático do Internacional (RS). Sou sócio, vou aos jogos... Com a transparência exigida pela emenda, eu vou poder saber para onde foi o dinheiro que eu gastei com a mensalidade e o ingresso, por exemplo.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Os donos da bola

Nº EDIÇÃO: 832 | Capa | 20.SET.13 - 20:30 | Atualizado em 10.10 - 06:54


Empresas campeãs, como Ambev, Bradesco, Burger King, Danone, Netshoes, Pepsico, Seara, Sky, TIM e Unilever, criam um programa de benefícios que pode colocar R$ 1 bilhão por ano no futebol brasileiro - e ainda salvar seu time

Por Ralphe MANZONI Jr.
Assista à entrevista com o editor Ralphe Manzoni Jr.

Era uma tarde ensolarada de domingo no fim de julho, em Belo Horizonte. O estádio do Mineirão, recém-reformado para os jogos da Copa do Mundo, contava com um público de 36 mil espectadores para assistir ao clássico regional Cruzeiro versus Atlético, pela 9ª rodada do Campeonato Brasileiro. Antes da partida, de forma surpreendente, um carro-forte “invade” o gramado com os dizeres “Patrimônio do Sócio do Futebol” e estaciona atrás de um dos gols. Quando sua porta é aberta, o meia-atacante Júlio Baptista, a nova contratação do time azul e branco, aparece saudando os torcedores. 
 
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Ex-jogador da Seleção Brasileira e do Málaga, da Espanha, o atleta de 31 anos volta ao Brasil na condição de estrela e com um salário estimado em mais de R$ 500 mil mensais. A compra de seus direitos, no entanto, só foi possível graças ao programa sócio-torcedor do Cruzeiro, cujo número de associados multiplicou-se por cinco desde janeiro deste ano. Hoje, são 35 mil fanáticos da Raposa, como é conhecido o time celeste, que participam do programa, gerando uma receita anual de quase R$ 28 milhões, inferior apenas à cota da televisão e superior ao dinheiro gerado pela transferência de atletas, patrocínios e publicidade, em 2012. “O sócio-torcedor é a redenção do clube”, afirma Gilvan de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro. 
 
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“É uma receita fixa, ao contrário da incerteza da renda de bilheteria.” Assim como o Cruzeiro, outros clubes brasileiros começam a percorrer um caminho no qual os gaúchos Internacional e Grêmio estão bastante avançados: transformar o torcedor em uma fonte estável e crescente de recursos, reduzindo a dependência das cotas de tevê e dos patrocínios. Nesse percurso, eles estão contando com a ajuda de dez craques dos negócios. Uma seleção de executivos de empresas como Ambev, Bradesco, Burger King, Danone, Netshoes, Pepsico, Seara, Sky, TIM e Unilever entrou em campo com um programa de benefícios, batizado de “Movimento por um futebol melhor”, que concede descontos em diversos produtos e serviços para quem é sócio-torcedor. 
 
A ambição desse time de elite não é pequena. “A Seleção Brasileira já é a mais vitoriosa do mundo”, diz João Castro Neves, presidente da Ambev, companhia que liderou a criação desse programa. “Acreditamos que podemos investir aqui, ajudando os clubes a se tornarem mais fortes e competitivos, para termos o melhor campeonato do mundo.” O esquema tático bolado pelos “professores” das empresas é de uma simplicidade surpreendente. Ao se associar a um programa de sócio-torcedor de seu time, o torcedor adquire centenas de produtos e serviços com descontos em diversas redes de supermercados, mediante apenas a apresentação do número de seu CPF. 
 
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A lógica foi promover o que todos os executivos chamam de uma relação ganha-ganha-ganha. O clube aumenta o número de sócios-torcedores e, por consequência, cria uma nova fonte de receita capaz de manter seus craques no Brasil – ou repatriar os que estão lá fora, como foi o caso de Júlio Baptista. O torcedor, por sua vez, ajuda seu clube de coração e pode receber de volta o dinheiro pago nas mensalidades, na casa dos R$ 30, em compra de produtos. E, por fim, as empresas associam suas imagens a um contingente de milhões de consumidores, que podem se transformar em clientes fiéis – o sonho de todas elas. 
 
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“Antes comprava Coca-Cola, agora bebo Pepsi, que faz parte da promoção”, afirma o mineiro Gustavo Bueno, estudante de direito e torcedor do Cruzeiro, que tem conseguido uma média mensal de R$ 120 em descontos – ele paga R$ 150, por mês, no programa Sócio do Futebol. “Variava a cerveja que tomava antes do jogo, mas agora é só Brahma.” O programa tem metas ambiciosas. O plano é chegar a um milhão de sócios-torcedores até o fim deste ano. Em 2015, o objetivo é contar com três milhões de adesões, o que pode resultar numa receita adicional de R$ 1 bilhão aos cofres dos principais times brasileiros. 
 
“A tendência é de que os programas de sócios se tornem a segunda fonte de receita dos clubes, atrás apenas da cota de tevê”, diz Fernando Ferreira, diretor da Pluri Consultoria, especializada em futebol. Os primeiros resultados são animadores. Em janeiro deste ano, quando o programa foi lançado, havia 160 mil sócios-torcedores. Hoje, são quase 600 mil, o que já rendeu uma receita adicional de R$ 80 milhões, segundo estimativas. É um dinheiro que já está beneficiando os clubes. O Flamengo, do Rio de Janeiro, por exemplo, saiu do zero para 37 mil sócios-torcedores – a meta é ter 50 mil até o fim deste ano. 
 
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“Todo o dinheiro vai ser usado no futebol”, afirma Eduardo Bandeira de Mello, presidente do Flamengo. Segundo ele, a contratação do atacante Marcelo Moreno pelo clube da Gávea foi bancada por recursos desse programa. O Cruzeiro saltou de sete mil sócios-torcedores para 35 mil. O zagueiro Dedé, que veio do Vasco carioca, foi apresentado à torcida no supermercado Super Nosso, uma das redes regionais nas quais os torcedores podem fazer compras com desconto. O Palmeiras, que tinha nove mil sócios, hoje conta com quase 33 mil. “É uma fonte nova e muito substancial de recursos no médio prazo”, afirma Paulo Nobre, presidente do time paulista.
 
MENOS CARTOLAS, MAIS EXECUTIVOS O Brasil é o país do futebol. O esporte bretão é uma paixão nacional. A Seleção Brasileira é a única pentacampeã mundial. Dos nossos gramados nascem craques a granel, que são exportados para todos os cantos do mundo – Neymar, o mais recente deles, deixou o Santos pelo Barcelona. No entanto, esses predicados não impedem a maioria dos clubes brasileiros de viver em uma situação de penúria, quase falimentar, na maior parte das vezes. Suas dívidas cresceram 358% em dez anos, chegando a R$ 5,5 bilhões em 2012, de acordo com estimativa do consultor de marketing e gestão esportiva Amir Somoggi. 
 
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Para complicar, a média de público no Campeonato Brasileiro foi de apenas 13 mil torcedores por partida, em 2012, um terço da média da liga alemã. Pior: os campeonatos nacionais dos Estados Unidos, da China, do Japão e das segundas divisões da Inglaterra e Alemanha levam mais torcedores aos estádios do que o Brasileirão. “Temos de melhorar a organização das competições e o ambiente de negócios”, afirma Somoggi. A boa notícia é que, mesmo com essas dificuldades, há sinais de que esse quadro pode ser revertido. No ano passado, os 24 maiores clubes brasileiros tiveram um superávit de R$ 20,1 milhões – 11 deles chegaram mesmo a fechar no azul. 
 
Parece pouco, mas é um alento quando se sabe que essas agremiações reverteram um déficit de R$ 387,5 milhões de 2011, segundo pesquisa da consultoria BDO. Em cinco anos, é a primeira vez que dão lucro, graças à contabilização das receitas dos novos estádios do Palmeiras e do Atlético/PR – sem elas, teriam um prejuízo de R$ 160,9 milhões, bem menos que a metade do registrado no ano anterior. Por isso mesmo, a inauguração das novas arenas para a Copa do Mundo é outro elemento que ajuda a vislumbrar um cenário mais positivo no horizonte de curto prazo. Confortáveis e com serviços de primeira linha, elas vão atrair mais torcedores para os estádios – e ajudar a trazer mais receitas aos cofres dos clubes. 
 
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“Todos os torcedores deveriam ser tratados como clientes VIP”, diz Gerardo Molina, CEO da consultoria Euroamericas Sport Marketing. Nada disso adiantaria se o futebol brasileiro não estivesse passando por uma fase de profissionalização de seus dirigentes. Saem de cena os cartolas folclóricos, ou simplesmente mal-intencionados, que usam o prestígio do cargo para promoção e enriquecimento pessoal. Em seus lugares, os novos presidentes trazem para dentro dos vestiários a experiência do mundo corporativo (leia quadro “Choque de gestão”). Nobre, presidente do Palmeiras, é investidor do mercado financeiro. Mello, do Flamengo, é um ex-executivo do BNDES e conta com o apoio de uma equipe de empresários na sua administração. 
 
Entre eles, o executivo Luiz Eduardo Baptista, presidente da operadora de tevê por assinatura Sky. No Santos, o hoje licenciado presidente Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro criou um comitê gestor, recheado de pesos-pesados do mercado financeiro e da indústria. Esse quadro mais animador está por trás da iniciativa do “Movimento por um futebol melhor”. Há dois anos, a Ambev começou a pesquisar formas de deixar um legado para a Copa do Mundo, que fosse além do patrocínio tradicional. Como é de praxe na cervejaria brasileira, executivos da companhia saíram mundo afora em busca de modelos de sucesso, em especial as experiências dos clubes espanhóis, italianos e britânicos, os mais ricos do planeta bola. 
 
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Presente valioso: Júlio Baptista sai de dentro de um carro-forte e é apresentado
como atleta do Cruzeiro. O salário será pago pelos torcedores 
 
“O que chamava a atenção era que uma fatia considerável dos times contava com programas de sócios”, diz Marcel Marcondes, diretor da Ambev.”Com a cota de tevê e o dinheiro do programa, eles se garantiam e não precisavam vender jogadores.” Mas foi em Portugal que os homens da cervejaria encontraram o exemplo perfeito para adaptar ao futebol brasileiro: o Benfica. O time lisboeta criou um programa de benefícios que o ajudou a ter a maior quantidade de sócios-torcedores do mundo (saiba mais sobre como funciona esse programa ao final da reportagem em "O que o Benfica pode ensinar aos clubes brasileiros"). De volta ao Brasil, os executivos da Ambev encomendaram uma pesquisa para entender por que os brasileiros não se associavam a um programa de sócio-torcedor. 
 
Afinal, diversos times já contavam com a iniciativa, mas poucos deles atingiram o sucesso do Internacional e do Grêmio, de Porto Alegre. A primeira constatação foi óbvia: os torcedores não confiavam em quem iria gerir seu dinheiro. O segundo ponto mostrou que os clubes não ofereciam vantagens aos torcedores para atraí-los, abrindo uma avenida para que se aplicasse aqui o modelo do Benfica. Como a nova safra de dirigentes que começava a comandar os principais times do País era mais profissional, estava armado o cenário para a Ambev avançar com sua estratégia. O passo seguinte foi bater na porta de grandes empresas. 
 
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O objetivo era contar com a maior rede de parceiros de qualidade possível. “Ter uma operação de consumo no Brasil e não se conectar ao futebol não parece lógico”, afirma Vasco Luce, presidente da divisão de bebidas da Pepsico, uma das primeiras a aderir ao projeto. Em janeiro, com a presença do craque Ronaldo Fenômeno, Ambev, Bradesco, Burger King, Danone, Netshoes, Pepsico, Seara, Sky e Unilever (a TIM aderiu mais tarde) colocaram em campo seu esquema tático para levar o futebol brasileiro a um novo patamar. “O futebol ainda não é bem explorado no Brasil”, diz Domingos Abreu, vice-presidente do Bradesco. “O torcedor vibra, mas não contribui muito para o sucesso de seu clube.”
 
CONEXÃO EMOCIONAL “O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso.” A frase atribuída ao jogador e treinador de futebol escocês Bill Shankly exprime à perfeição a paixão que move o esporte mais popular do mundo. Afinal, o nobre esporte bretão é a coisa mais importante entre as coisas mais desimportantes, diz o dito popular. Às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, estabelecer uma conexão emocional com milhões de torcedores é a oportunidade de construir relações duradouras. Não custa lembrar que o campeonato de seleções nacionais dura apenas um mês. O amor dos torcedores pelos seus clubes é praticamente eterno. 
 
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“Se o Fluminense jogasse no céu, eu morreria para vê-lo jogar”, escreveu o jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues, tricolor de quatro-costados. A maioria das empresas que aderiu ao “Movimento por um futebol melhor” já mantinha uma relação com o futebol. Boa parte delas patrocina alguns times. Outra fornece materiais esportivos. Algumas compram cotas de televisão. Nenhuma, no entanto, estava tão próxima do torcedor quanto agora. “Do ponto de vista de negócios, é importante estar associado a algo com apego emocional para os brasileiros”, afirma o argentino Fernando Fernandez, presidente da Unilever. “O futebol é um veículo vital de comunicação de nossas marcas.” 
 
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Rodrigo Abreu, presidente da TIM, que estampa seu logo em diversas camisas, concorda. “É uma maneira de apoiar não só o clube”, diz. “Mas o ambiente de futebol de maneira mais integrada.” Apesar de ajudarem os clubes de futebol, as companhias não estão apoiando o “Movimento por um futebol melhor” apenas por benemerência. “Temos o sentido comercial”, afirma Mariano Lozano, presidente da Danone. “Somos uma empresa e não uma ONG.” Todas elas, de alguma forma, já apresentam resultados (leia os quadros ao lado das fotos dos presidentes das empresas). 
 
A Netshoes, maior site de venda online de artigos esportivos do País, por exemplo, observou que o tíquete médio das vendas para os sócios-torcedores é 7% maior. “O futebol mais organizado gera uma onda positiva sobre outros esportes”, diz Márcio Kumruian, presidente da Netshoes. “E isso gera um aumento de vendas de outras categorias esportivas.” Como diria Neném Prancha, um roupeiro, massagista e técnico que ganhou o apelido de O Filósofo do Futebol do jornalista Armando Nogueira. “Futebol é muito simples: quem tem a bola ataca, quem não tem defende.” As empresas foram para o ataque. O gol delas está ajudando o seu time.
 
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Choque de gestão
 
“Os dirigentes têm uma vaidade muito grande em ganhar títulos e destruir as contas.” A frase é de Paulo Nobre, presidente do Palmeiras, que herdou um time endividado e rebaixado para a segunda divisão do futebol brasileiro. Nobre, no entanto, faz parte de uma nova geração de dirigentes que está descobrindo o óbvio: uma gestão profissional não só ajuda a equilibrar as contas como também a ganhar títulos. Por essa razão, práticas do mundo corporativo começam a fazer parte do dia a dia dos clubes. 
 
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No Palmeiras, Nobre resolveu estabelecer uma nova forma de pagar o “bicho”, prêmio extra que os atletas recebem quando a equipe vence. Seguindo uma norma do mercado financeiro, de onde vem o dirigente, os atletas agora recebem uma quantia pequena por partida. Caso a equipe atinja as metas estabelecidas, o prêmio é maior, uma espécie de bônus, como acontece em grandes empresas. “Eles entenderam a lógica”, afirma Nobre. No Flamengo, comandado por Eduardo Bandeira de Mello, ex-executivo do BNDES, a regra é austeridade fiscal total. A ordem foi cortar os custos em 40% e fazer caixa para pagar as dívidas estimadas em mais de R$ 750 milhões. “Entregamos o primeiro escalão do Flamengo à administração profissional”, diz Mello.
 
 
 
O que o benfica pode ensinar aos clubes brasileiros
 
Qual o time com a maior quantidade de sócios do mundo: Barcelona, Manchester United ou Bayer de Munique? Nenhum deles. A honraria cabe ao português Benfica, que conta com 231 mil sócios-torcedores, num país com uma população muito menor do que a da Espanha, Inglaterra ou Alemanha. A forma como o clube lisboeta conseguiu essa façanha pode ensinar muito às agremiações brasileiras. Em 2004, seus diretores fizeram uma pesquisa e descobriram que havia poucas razões para ser sócio do clube. De forma resumida, os interessados tinham uma forte relação emocional com o time, votavam na escolha do presidente e ganhavam descontos nas compras do ingresso. “Entendemos que era muito pouco”, afirma Miguel Bento, diretor-comercial e de marketing do Benfica.
 
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Para atrair aqueles que não são fanáticos, o clube definiu uma estratégia de parcerias. A lógica era simples: criar uma rede de empresas que dão benefícios para quem é sócio do Benfica. Além disso, o clube criou um kit sócio distribuído em mais de mil pontos de vendas, incluindo supermercados. “O que fizemos foi tornar estupidamente fácil ser sócio do Benfica”, diz Bento. Em apenas seis meses, o número de sócios saltou de 94 mil para 156 mil. O segredo do clube lisboeta foi construir uma rede eclética de parceiros, que inclui desde postos de gasolina e lanchonetes a restaurantes simples da capital portuguesa. Até uma agência funerária, a ServiLusa, oferece descontos para os sócios. 
 
A rede de postos de gasolina Repsol é a mais utilizada. Mensalmente, 70 mil sócios abastecem seus carros nela. Desse universo, 56 mil são clientes fiéis, de acordo com Bento. “A mensagem que passamos é que os novos sócios poderiam pagar sua cota com os descontos”, afirma Bento. Tão importante quanto a rede de parceiros foi criar um sistema de débito automático. “Se o Benfica não ganha, há muitas razões para o torcedor não pagar suas mensalidades”, diz Bento. E, ultimamente, o clube vermelho e branco não está em sua melhor fase. No século XXI, venceu apenas duas vezes o campeonato português. Anualmente, os sócios-torcedores acrescentam o equivalente a R$ 42 milhões aos cofres do Benfica. “É a nossa Liga dos Campeões”, diz Bento, referindo-se ao principal torneio europeu de clubes, vencido pelo Benfica em duas ocasiões, na década de 1960.
 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Com Neymar, Barcelona apresenta novo terceiro uniforme

O Barcelona apresentou nesta manhã seu novo terceiro uniforme e já colocou o atacante Neymar Jr como protagonista do lançamento.
Predominantemente preto com detalhes em amarelo, o clube catalão disponibilizará o manto em suas lojas oficiais a partir do próximo sábado (21).

Imagens: Divulgação

Puma | Usain Bolt e Sergio Agüero ativam clássico inglês

No próximo domingo rola o derby inglês entre Manchester City e Manchester United. Para a ocasião, a Puma convidou dois dos seus principais embaixadores para estrelar seu novo vídeo: Usain Bolt e Sergio Agüero.
Fã declarado dos Diabos Vermelhos, o jamaicano convida o atacante dos Citizens para um treino de velocidade. Na verdade, o velocista tem outros planos para o argentino.


terça-feira, 17 de setembro de 2013

Grêmio Osasco 'compra' vaga na elite do futebol paulista

Clube da Grande São Paulo adquire o Audax, que conquistara em campo lugar na Série A-1 em 2014, e com isso põe a cidade na Primeira Divisão estadual


ALESSANDRO LUCCHETTI e GONÇALO JÚNIOR - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O Grêmio Osasco, clube que disputa a Segunda Divisão do futebol paulista, está promovendo um salto extraordinário para uma equipe que tem apenas cinco anos de história. Com a compra do Audax, equipe que era dirigida pelo Grupo Pão de Açúcar e que já está classificada para a Série A-1 do Campeonato Paulista de 2014, Osasco estará na elite paulista. A aquisição abrange também o Audax Rio de Janeiro.
Centro de treinamento do Audax, no Morumbi - Divulgação
Divulgação
Centro de treinamento do Audax, no Morumbi
“Vamos investir e competir de igual para igual com os outros clubes. Será o nosso primeiro ano na elite e não vamos decepcionar”, diz o presidente Lindenberg Pessoa. A negociação, cujos valores não foram revelados, contou com o apoio da prefeitura de Osasco, que se comprometeu a arcar com melhorias para o Estádio Professor José Liberatti, onde serão disputadas as partidas do Campeonato Paulista.
“A gente estava torcendo muito para o time subir, porque Osasco, com todo o seu porte, nunca teve uma equipe na Primeira Divisão. Chegamos a ter a chance de subir este ano. Nos últimos cinco jogos o time não podia perder nenhum para subir, e acabou perdendo todos”, diz o prefeito Jorge Lapas (PT). O nome da agremiação será Grêmio Osasco Audax. A diretoria ainda não definiu como será feito o aproveitamento dos jogadores do Audax – são quase 700 atletas no Rio e em São Paulo.
Apesar das indefinições, um dos líderes do grupo já está acertado. Vampeta, pentacampeão em 2002, vai continuar como gerente de futebol do Osasco, cargo que ocupa desde 2011. O executivo Thiago Scuro, que fazia a função no Audax, foi desligado.
O homem forte que conduziu a negociação é o banqueiro Mário Teixeira, conselheiro do Bradesco. O banco, cuja sede está localizada na Cidade de Deus, em Osasco, já investiu no José Liberatti, pagando pela cobertura das arquibancadas. Além disso, Teixeira fez uma lista dos investimentos que caberiam à prefeitura, e Lapas concordou. Os cofres municipais arcarão com a reforma do CT e construção de alojamentos para 70 atletas, pintura e iluminação da área externa do estádio, ônibus para transporte da delegação e segurança.
Em dois meses, segundo Lapas, deverá ser inaugurado o sistema de iluminação, projeto tocado em parceria com a Eletropaulo. “Por causa da falta de luz o time tinha de jogar à tarde. Mesmo assim, conseguia atrair de dois mil a três mil torcedores em dias de semana. Osasco gosta muito de esporte. O vôlei atrai uns cinco mil torcedores, imagine o futebol”, diz Lapas.
Osasco não está de olho apenas nas fronteiras estaduais do futebol. No ano passado o clube firmou um convênio com o Braga, a terceira força do futebol português, que possibilitará o intercâmbio de atletas entre os dois clubes. A venda do Audax para Osasco está inserida em uma disputa comercial: o conflito entre o empresário Abílio Diniz e o Casino, grupo francês que controla o Pão de Açúcar desde 2012. Com o acordo para a saída de Diniz da presidência da empresa, no início do mês de setembro, os europeus decidiram encerrar as atividades das duas unidades do Audax. 
Cálculos da empresa mostram que seriam necessários R$ 30 milhões para manter as duas unidades, quantia considerada elevada pelos franceses.
A mudança representa um grande salto para os jogadores do Osasco, que participam da Copa Paulista e estavam se preparando para a disputa da Série A-2 em 2014. “Nós estávamos nos preparando para a Série A-2 do Campeonato Paulista e agora vamos jogar a A-1. É um sonho que está sendo realizado”, conta o técnico Sérgio Roberto da Silva, o Serginho, que, curiosamente, trabalhou nove anos exatamente no Audax. Os planos do técnico já estão traçados. “Queremos nos manter na elite e disputar a Série D do Brasileiro.”

'Reforma política esportiva, já', diz zagueiro do Corinthians

'É hora de discutirmos ideias, apresentar projetos, assumir compromissos e debater para onde deve ir o futebol brasileiro. Doa a quem doer.


PAULO ANDRÉ - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O país do futebol é nosso. A incrível vitória brasileira na Copa das Confederações teve inúmeros méritos e heróis, resgatou a fé do povo em sua seleção, deu uma aula de patriotismo e de superação... Fez (quase) de tudo, inclusive dois fatos notórios: afastou-nos dos protestos e manifestações sociais de junho e asfixiou a crise existencial do futebol brasileiro que, até então, era evidente.
Paulo André escreveu o artigo para o Estadão - JF Diorio/Estadão
JF Diorio/Estadão
Paulo André escreveu o artigo para o Estadão
Do primeiro fato, pouca coisa sobrou, a não ser a marca d’água na areia, deixada pela onda de indignação com a falta de representatividade política dos nossos governantes. Para os políticos ficou o medo de que a qualquer momento, e por qualquer deslize, a onda possa voltar a atingir a margem que já alcançou e, em consequência, derrubar outros castelos construídos indevidamente em nossas praias públicas.
Espero que a próxima onda possa ultrapassar a última marca, removendo montanhas, higienizando todo o distrito e permitindo a renovação da democracia em bases mais justas e sólidas do que as que conhecemos até aqui.
Do segundo fato (vitória do Brasil por 3 a 0 sobre a Espanha) ficou a miragem de um oásis no deserto, a ilusão de que a simples troca da comissão técnica tenha sido responsável por recolocar o futebol brasileiro nos trilhos, em direção a um futuro glorioso. Mas o destino tratou de contragolpear tal artimanha e pegou desprevenido quem se iludiu com a bela campanha da nossa seleção. Foram necessários apenas dois amistosos internacionais de clubes para retomarmos a consciência e voltarmos a discutir sobre a diferença colossal que existe hoje entre o futebol brasileiro e o europeu.
Deixo clara a minha admiração e respeito pelo feito conquistado por atletas e comissão técnica da seleção, mas me recuso a aceitar o silêncio e a inércia política e administrativa dos dirigentes. Me orgulho e me espelho em Alex, do Coritiba, que é craque dentro e fora de campo. Em recente entrevista nos chamou a atenção ao apontar o dedo para a CBF. O mesmo fez Raí, brilhante, à Agencia Pública, dizendo que é hora de mudar as estruturas “viciadas” do esporte no País. Dorival Junior e Paulo Autuori, sempre que questionados, seguem a mesma direção. Falam sobre um problema estrutural de formação, capacitação e gestão que se origina na ineficácia administrativa e, principalmente, na falta de interesse em formatar um projeto amplo que possa guiar o desenvolvimento do futebol brasileiro fora de campo (com resultados efetivos dentro dele).
Para mim, seis pontos são fundamentais para dar início ao processo de recolocar o país do futebol no rumo certo e, mais, para explorar de forma eficaz (além do alto rendimento) todos os benefícios que o esporte pode trazer à nossa sociedade. São eles: reforma política, governança, gestão, capacitação profissional, formação de novos atletas e responsabilidade social.
Vou me ater ao que acho que entendo e falarei, dessa vez, apenas do primeiro item. A reforma política no futebol se faz necessária, pois, para quem não sabe, funciona assim: os clubes são afiliados à federação de seu estado e têm o direito de eleger seu presidente. Posteriormente, os presidentes eleitos das 27 federações mais os 20 clubes da primeira divisão elegem o presidente da CBF. Só que, um detalhe, há uma cláusula de barreira que determina que para alguém concorrer ao cargo é necessário que este nome seja indicado por 5 clubes e 8 federações, evitando que um candidato independente dispute o pleito. Tal medida “impossibilita”, porém, de concorrer ao cargo aqueles que são contrários ao sistema e ao poder vigente.
Não é possível que 27 federações, das quais 14 não possuem representantes nos dois principais campeonatos (Séries A e B), tenham tamanha influência na decisão de quem comandará a única entidade responsável por zelar, não só pela seleção, Copa do Brasil e Brasileirão, mas pelo desenvolvimento do futebol. Como podemos esperar que 14 federações votem, exijam ou discutam o futebol se, desconsiderando a democrática Copa do Brasil, elas nem fazem parte dessa categoria? Por que não permitir que as 20 equipes da Série B tenham direito a voto e tornem os clubes, por consequência, maioria nesse modelo eletivo? Ou ainda, se sabemos que apenas os clubes da primeira divisão votam, por que não considerar a hipótese de que apenas as federações da primeira divisão tenham o mesmo direito? Assim, trataríamos somente de 8 federações em 27 possíveis, uma discrepância que precisa ser minimizada.
Deixo claro que não estou assumindo uma posição “bairrista” ao excluir alguns estados (que inclusive e, surpreendentemente, terão estádios novos para a Copa) da prática em alto rendimento. Sou a favor da democratização do esporte, mas antes de um estádio esses estados, essas metrópoles precisam de um projeto de desenvolvimento do esporte (massificação, capacitação de profissionais, formação de atletas, investimentos bem orientados e de forma efetiva) para que em um segundo momento, em médio prazo, essas regiões possam, de forma fundamentada, almejar fazer parte do futebol de alto rendimento.
Para isso, deve-se criar dispositivos (função da CBF) para evitar que esses Estados/Federações freiem o avanço do esporte, enquanto, ao mesmo tempo, outros dispositivos deverão ser criados para que fortaleçam suas regiões, fomentem sua prática e possibilitem o desenvolvimento do futebol como ferramenta de educação, formação e responsabilidade social.
Caso contrário, se continuarmos com esse sistema político, como será possível discutir a redução das datas para os campeonatos estaduais ou até mesmo sua extinção? Que federação votaria contra si própria? Aliás, quem ainda acredita que o modelo atual leva os clubes do interior à subsistência? Está mais para uma sobrevida em estado vegetativo. Como é possível debater a mudança do calendário ou sua adaptação ao sistema europeu se sabemos que, apesar de serem benéficas para o desenvolvimento do nível do jogo e das finanças dos clubes, essas questões são conflitantes com os interesses das Federações?
Por outro lado, quem seria capaz de assumir o papel de líder nesse momento em que uma transição ou até mesmo uma ruptura se faz necessária? Como fazer com que Confederação, Federações e clubes caminhem juntos sem que um atrapalhe o desenvolvimento do outro, mas sim coexistam como partes de um todo?
Para responder essas perguntas é fundamental entender que, quando falamos de futebol brasileiro, não falamos apenas de resultados da seleção ou da organização dos campeonatos estaduais ou nacionais.
Fiscalizemos o estatuto do torcedor, seus direitos e deveres. Falemos da situação financeira dos clubes e a real necessidade da criação de um fair play financeiro para que jamais voltemos a falar em anistia fiscal por conta de má gestão administrativa. Discutamos a metodologia da formação de atletas e as condições precárias a que eles são expostos na maioria dos alojamentos dos clubes. Desenvolvamos um modelo melhor de capacitação dos profissionais em todas as áreas do futebol. Criemos uma discussão científica e prática entre clubes, classes e entidades por meio de seminários, cursos e pesquisas do esporte em suas três áreas distintas: educação, participação e rendimento. Aumentemos o leque, pois é de responsabilidade estatutária, por parte das Federações e da CBF, a fomentação do esporte como ferramenta de inclusão social, tema gerador de educação e de cidadania. Cobremos a responsabilização dos dirigentes por má gestão, melhor fiscalização da legislação existente e consequentemente, o cumprimento das leis - um problema recorrente no País.
Cabe a todos nós a escolha do caminho a seguir, já que estamos discutindo um patrimônio cultural e esportivo, uma paixão nacional que faz parte do cotidiano de milhões de pessoas. Não podemos mais (e aqui convido todos os que vivem de futebol) nos omitir e aceitar as coisas como estão. Precisamos nos expor nesse momento (como indicou Paulo Autuori) e devemos participar das decisões, das regulamentações e das iniciativas deste novo processo. Caso contrário, os que assumirem o posto gastarão mais quatro anos “estudando” o assunto e evitando as feridas para se manterem no poder, como fez o outro que, por fim, partiu para Miami.
É dado o momento de nos posicionarmos. Chega de cartas marcadas. Chega de presidentes que se perpetuam no poder. Chega de acordos escusos para a manutenção desse modelo retrógrado. Chega de inércia. Chega de desinteresse no desenvolvimento do esporte. Chega de falta de visão e de liderança. Chega de apresentar um produto e um espetáculo de baixa qualidade sem se importar com os consumidores/torcedores. É hora de discutirmos ideias, apresentar projetos, assumir compromissos e debater para onde deve ir o futebol brasileiro.
Doa a quem doer. “Às vezes, lavando as mãos sujamos a consciência”... Pois “não se faz omeletes sem quebrar os ovos”.
Não esperemos mais quatro anos. Reforma política esportiva, já.
*Paulo André é zagueiro do Corinthians 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Patrocínio esportivo movimenta R$ 3 bilhões no Brasil

Futebol











O investimento em patrocínio esportivo no Brasil gira em torno de R$ 3 bilhões por ano e está crescendo a uma taxa de quase 10% ao ano, segundo pesquisa realizada pela Portas Consulting e Sportpar, que ouviram executivos de 27 empresas que atuam no segmento esportivo.

De acordo com os resultados, o patrocínio esportivo é considerado uma ferramenta de marketing muito relevante, pois os brasileiros adoram esportes e têm opinião muito positiva sobre marcas que investem nesta área. Essa boa imagem, inclusive, pode render negócios: mais da metade da população considera mais provável comprar um produto de uma marca que investe no esporte. Na Europa, um a cada cinco habitantes tem esse comportamento.

Por outro lado, a pesquisa destaca que para os anunciantes, a avaliação de retorno sobre investimentos em esporte é o maior desafio. Nenhum patrocinador entrevistado está satisfeito com sua capacidade de avaliar retorno, e a grande maioria relata não possuir nenhuma ferramenta analítica para mensurar os aportes.Uma área que requer atenção de patrocinadores, patrocinados e agências.

Aproveitando esta grande oportunidade, o Ibope Repucom, joint venture formada pelo Ibope e Repucom, empresa do Grupo RSMG Insights informou que irá oferecer em breve métricas para orientar decisões de marketing esportivo.
Em 2014, o Ibope Repucom promete lançar um portfólio de produtos, que reunirá soluções para o monitoramento de ações em eventos esportivos, planejamento de anunciantes esportivos em mídia, estudos analíticos sobre comportamento e consumo esportivo, além de outros indicadores de performance que permitirão mensurar o retorno de campanhas e ações.

Outro desafio apontado pela pesquisa da Portas Consulting e Sportpar é ampliar os objetivos estratégicos do patrocínio, migrando de um conceito de pura exposição da marca para uma situação onde o patrocínio possa gerar laços emocionais entre marca e consumidor.

Além disso, ainda há poucas empresas que se beneficiam do patrocínio para promover objetivos como engajamento de colaboradores e relações com stakeholders.

A pesquisa também elencou os esportes mais patrocinados no Brasil e dessa vez, ao menos em relação à primeira colocação, não há surpresas. O futebol ocupa o primeiro lugar, sendo patrocinado por 74% das empresas participantes. É acompanhado de longe pela corrida de rua, esportes motorizados, tênis e MMA. A pesquisa curiosamente não traz o vôlei como um dos principais esportes a ser destino de todo o investimento, mas há uma razão clara: os patrocinadores são poucos e não estão situados entre as empresas com maior poderio financeiro do país.