sábado, 22 de setembro de 2012

‘Nós não privilegiamos quem já está privilegiado’


Entrevista Andrew Parsons

Dirigente critica quem não entende o potencial dos paralímpicos como ferramenta de marketing
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Andrew Parsons, presidente da CPB. Menos dinheiro do que o COB e sete vezes mais ouros em Londres com os atletas paralímpicos
Foto: CPB / Divulgação
Andrew Parsons, presidente da CPB. Menos dinheiro do que o COB e sete vezes mais ouros em Londres com os atletas paralímpicosCPB / DIVULGAÇÃO
RIO - Com política diferente do COB, muito menos dinheiro e sete vezes mais ouros em Londres, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons, dá fatia maior de verbas da Lei Piva a entidades com menos recursos e critica o que chama de miopia da iniciativa privada brasileira por não entender potencial dos paralímpicos como ferrramenta de marketing e responsabilidade social
As Paralimpíadas dão 60% mais medalhas do que os Olimpíadas. Porém, o Brasil paralímpico ganhou sete vezes mais ouros (21 contra 3) do que o Brasil olímpico, mesmo recebendo 15% de recursos da Lei Piva, contra 85% do Comitê Olímpico Brasileiro. Como foi possível?
A gente não compete com o COB. Fazemos um planejamento detalhado das modalidades. Sentamos com todas as confederações e oferecemos nosso modelo a todas, pois o CPB também é confederação para cinco modalidades: atletismo, natação, esgrima, halterofilismo e tiro esportivo. A gente sabe o dia a dia de uma confederação. Isso nos dá uma visão boa. Criamos programas, como o Programa Ouro, seleções permanentes, a estratégia de buscar municípios e estados para fazer parcerias, para manter nossa elite de atletas bem atendida.
Mas o COB tem alguns desses projetos também...
Como a gente não tem tanto dinheiro, procura aproveitar cada centavo. Temos um conceito chamado “Teia de Aranha”, em que cada programa faz interação com outro. Não apenas no alto rendimento. Temos a Paralimpíada escolar, clubes escolares, propiciando que a criança portadora de deficiência tenha atividade física. Há mais de 300 clubes paralímpicos no Brasil todo. Temos vários caminhos, pois há pessoas que adquirem uma lesão e nem eram esportistas, mas vêm o esporte como forma de inserção na sociedade.
Há quem diga que o nível é muito inferior e que qualquer um bem preparado ganharia medalha paralímpica. Como o senhor analisa isso?
Quem pensa assim faz uma avaliação totalmente equivocada. Existe o preconceito, mas, felizmente está diminuindo. A vitória do Alan (Fonteles) sobre o (Oscar) Pistorius, que disputou as Olimpíadas e compete no atletismo convencional, ajuda a quebrar essa mentalidade de que “tem pouca concorrência e muita medalha”. Tem muita medalha, mas é para todo mundo. E nós ficamos em sétimo. Outros, como França, Canadá, Espanha, Japão, potências no esporte, ficaram para trás.
Quanto o CPB terá recebido este ano da Lei Piva?
Projetamos algo como R$ 27 milhões para 22 confederações.
O COB projetou R$ 145 milhões, abaixo do que recebeu em 2011 (R$ 170 milhões), mas sempre prevê abaixo. O CPB faz o mesmo?
Não projetamos para baixo. Ano passado, recebemos R$ 25 milhões.
O CPB usa também a Lei de Incentivo ao Esporte, e o COB, não. Por quê?
Usamos muito. Para o vôlei sentado pegamos seis projetos, amarrando até 2016, com uma concessionária de rodovias, praticamente dobrando o orçamento deles. Assim, o feminino se classificou pela primeira vez na história para as Paralimpíadas e ficou em quinto, a uma vitória da disputa por medalhas.
O critério do COB para a Lei Piva é meritocracia. Assim, o vôlei, que tem o maior patrocínio olímpico do país, ainda ganha a maior fatia da lei, enquanto há 13 confederações sem patrocínio. Por que o CPB tem um critério diferente?
A gente costuma cortar na pele. Quem tem os piores percentuais da Lei no CPB? Atletismo e natação. A gente entende que atletismo e natação têm potencial e condições de buscar recursos na iniciativa privada e estatais. A Caixa é patrocinadora das entidades em que o CPB atua como confederação. Hoje, atletismo e natação paralímpicas ganham menos para fortalecer outras que não têm patrocínio. Nós não privilegiamos quem já está privilegiado.
Pelo resultado em Londres, atletismo e natação não tiveram prejuízo...
O importante é planejar e trabalhar. No atletismo, até Pequim, tínhamos apenas quatro atletas brasileiros que haviam conquistado, pelo menos, uma medalha de ouro: Luiz Cláudio Pereira, Lucas Prado, o Antônio Delfino e a Terezinha Guilhermina. Só nesta Paralimpíada de Londres, tivemos três novos: o Felipe, o Yohansson e o Alan Fonteles. Quase dobramos o número de vencedores do atletismo na história.
Quadro de medalhas importa?
É evidente. Mas não é o mais importante. Nosso primeiro objetivo é universalizar a prática esportiva para o portador de deficiência. O alto rendimento é o principal foco porque, através dele, consegue-se o financiamento, ter ídolos e atrair a base. A Paralimpíada escolar é fundamental. O que a gente não quer é ser como uma Jamaica do olímpico. Não queremos levar 15 medalhas no atletismo e na natação, e nos esquecermos do resto. Há oito anos, se alguém falasse que teríamos um brasileiro campeão paralímpico na esgrima em Londres, a resposta seria: “você está louco!”. Compramos equipamentos, fizemos comodato com os clubes e desenvolvemos talentos, como o Jovane.
Como é lidar com esses atletas?
Todas as famílias de atletas tiveram alguma notícia muito dura: “não vai mais andar”, “(a lesão) é permanente”, “o senhor está cego”. O cara sai do fundo do poço para o alto do pódio. Deixa de ser a preocupação da família e se torna orgulho de um país. Quando Daniel Dias nasceu, a mãe dele, com razão, deve ter dito: “Meu Deus! E agora?”. Há poucos dias, o Daniel esteve em Brasília, com a presidente Dilma (Rousseff), e me impressionou a fila de atletas medalhistas olímpicos para tirar fotos com ele. Reconheceram nele um baita atleta. Essa mudança de perspectiva, que a gente só consegue pelo alto rendimento, é que causa esse efeito social.
Mesmo assim, os recursos que mantêm o orçamento do CPB são 100% de dinheiro público?
Temos R$ 27 milhões da Lei Piva, R$ 11 milhões da Caixa, R$ 5 milhões do governo de São Paulo, R$ 2,2 milhões da prefeitura do Rio e R$ 12 milhões do ministério do Esporte para a preparação de Londres e a aclimatação. Na verdade, o que me espanta é a miopia da iniciativa privada brasileira que ainda não entendeu o potencial como ferrramenta de marketing, comunicação e responsabilidade social. Mais ainda no paralímpico. Em que outro fenômeno no Brasil você alia desempenho e superação, além de ter uma pegada social tão forte?
Talvez, seja pela percepção de que dirigentes esportivos querem se locupletar e se perpetuar no poder...
Tem gente fazendo um grande trabalho, como o Paulo Wanderley, no judô. Mas, sem dúvida, a imagem que o dirigente esportivo tem no Brasil atrapalha. Um dos objetivos que eu tenho, de Poliana, é mudar a visão que a sociedade tem do dirigente esportivo. Posso falar isso de maneira bem tranquila porque nosso estatuto (do CPB) só permite uma reeleição. Tenho uma eleição em março de 2013, pretendo me reeleger, mas, em 2017, eu saio de qualquer jeito. Não acho que a limitação do mandato seja a solução para melhorar a administração esportiva. Precisa é melhorar o nível. Falta um pouco de visão empresarial, eu diria, a muitos dirigentes esportivos do Brasil.
Desde Sydney-2000, o Brasil só tem subido no quadro de medalhas. É possível realizar a meta de chegar em quinto lugar em 2016?
Com a atual estrutura, com o modelo de financiamento que nós temos, o quinto lugar é muito difícil. Se a iniciativa privada não entrar, talvez, seja muito difícil alcançar. O Governo tem limites. Não é difícil para o empresário ver quem trabalha direito e apoiar.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Esporte em alta: PIB do setor cresce 20% mais que média


Mas a fatia do esporte no PIB nacional ainda é muito pequena - apenas 1,6%

Maracanã: estádio já está com a estrutura das arquibancadas pronta
Obras no Maracanã: para encher estádio, torcedor quer conforto (Bia Alves/Fotoarena )
Para melhorar ainda mais essa marca e aproveitar o momento favorável, a consultoria sugere oferecer ao público mais conforto durante os eventos esportivos e investir em ações de marketing mais eficientes
A proximidade de eventos como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 já faz o PIB do esporte brasileiro crescer cerca de 20% acima da média da economia nacional. Os dados são de um levantamento divulgado na segunda-feira pela Pluri Consultoria, num seminário sobre gestão de clubes brasileiros, em São Paulo. O estudo mostra ainda que, dos 4,1 trilhões de reais do PIB brasileiro, apenas 1,6% corresponde ao esporte - um setor de grande potencial de faturamento, mas que é pouco aproveitado pelos brasileiros.

Na avaliação de Fernando Ferreira, da Pluri, o que falta ao Brasil para melhorar essa estatística é se organizar. O esporte deverá responder por 1,9% do PIB brasileiro depois dos Jogos Olímpicos do Rio, dentro de quatro anos. Para melhorar ainda mais essa marca e aproveitar o momento favorável, a consultoria sugere oferecer ao público mais conforto durante os eventos esportivos e investir em ações de marketing mais eficientes, principalmente no futebol, modalidade responsável por 53% do PIB do esporte.

Um dos pontos a ser melhorado é a ocupação dos estádios. Em uma lista divulgada pelo estudo, o Brasileirão de 2011 ficou só em 12º entre as principais ligas nacionais, com uma média de público inferior à dos campeonatos dos Estados Unidos, China e até das segundas divisões da Alemanha e Inglaterra. "Nossos estádios têm só 40% da capacidade ocupada. E o que afasta o torcedor é a má qualidade dos locais", comentou Ferreira, citando a falta de estacionamentos, a má conservação de instalações e os preços altos demais.
(Com Agência Estado)

Governo federal quer profissionalizar o esporte no Brasil



A medida poderá contribuir para ampliar a participação do esporte no Produto Interno Bruto (PIB), que atualmente corresponde a 1,6% do total de riquezas do País.

Esporte Amador | Em 17/09/12 às 17h00, atualizado em 17/09/12 às 17h11 | Por Redação com Assessoria


Reprodução
Imagem ilustrativa
Governo Federal planeja profissionalizar o futebol feminino e ampliar o incentivo dado ao esporte no País. Informação foi dada nest asegunda-feira (17),  por Ricardo Gomyde, que representou o Ministério dos Esportes durante seminário “O Futuro dos Clubes Brasileiros”, promovido pela Trevisan Escola de Negócios em São Paulo, com foco em gestão e marketing nos clubes brasileiros de futebol. 

A medida poderá contribuir para ampliar a participação do esporte no Produto Interno Bruto (PIB), que atualmente corresponde a 1,6% do total de riquezas do País – índice bem abaixo do registrado pela Nova Zelândia, onde os esportes respondem por 2,8% do PIB. 

O setor de esportes no Brasil responde por 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Ou seja, dos R$ 4,1 trilhões arrecadas pelo País em 2011, R$ 67 milhões foram gerados pelas atividades esportivas e tudo o mais que gira em torno deste segmento – de direitos de transmissão de jogos aos serviços de alimentação oferecidos nosestádios. A informação integra o estudo “O PIB do Esporte no Brasil”, e foi transmitida pelo sócio da Pluri Consultoria, Fernando Ferreira, em apresentação realizada na abertura do seminário “O Futuro dos Clubes Brasileiros”, que acontece hoje, dia 17, na Nova Arena Palmeiras, em São Paulo.

Para fins de comparação, os Estados Unidos, apenas com um único dia do Super Bowl, a final do campeonato de beisebol, um dos mais importantes esportes para aquele país, arrecada cerca de  11 milhões de dólares. Os esportes equivalem a 2,1% do PIB norte-americano, mas ainda é um índice inferior ao da Nova Zelândia, que atinge 2,8% do total das receitas.
Também participou do evento da Trevisan, o secretário especial do Ministério dos Esportes, Ricardo Gomyde, representando o titular da pasta, Aldo Rebelo. Ele falou sobre “O Papel do estado na reestruturação dos clubes”, destacando a intenção do governo federal em ampliar o escopo das ações de incentivo ao esporte. “O futebol tem uma cadeia produtiva extremamente importante no País, gera renda e empregos, e deve ser apoiado. Recentemente criamos a Secretaria Nacional do Futebol, um órgão que tem a proposta máxima de difundir e propor melhorias. Uma dessas propostas está voltada às equipes femininas. Existe um grande incentivo da presidente Dilma Roussef no sentido de criar um calendário que permita que as equipes femininas joguem durante todo o ano, profissionalizando a categoria”, disse Gomyde.
Ele também destacou uma das pautas do Ministério que é a busca de soluções para o endividamento dos clubes brasileiros. “O futebol deve receber um apoio para que os clubes atuem dentro de uma governança corporativa capaz de equacionar esse sério problema. Hoje, o setor esportivo gera cerca de 371 mil empregos. Com investimentos, com soluções e incentivo, há espaço para superar 2 milhões de postos de trabalho nesse setor”, disse Gomyde.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Futebol 2013 da Globo vale R$ 1,155 bilhão


Meio e Mensagem


Plano comercial contempla seis cotas de patrocínio, com valor de tabela de R$ 192,5 milhões cada

BÁRBARA SACCHITIELLO| »
17 de Setembro de 2012  18:13
  • comentáriosa
Já chegou ao mercado o plano comercial da temporada de 2013 do Futebol da TV Globo (que contempla todos os campeonatos exibidos pela emissora, com exceção da Copa das Confederações).
A Globo oferece seis cotas de patrocínio, pelo valor de tabela de R$ 192,5 milhões (10% a mais do que o cobrado no ano passado). O plano contempla inserções em 100 jogos e 49 comerciais de apoio, o que totalizaria 1.908 inserções no ano. Têm preferência na renovação os atuais cotistas (Ambev, Coca-Cola, Itaú, Johnson & Johnson, Vivo e Volkswagen).
Se for considerado em sua totalidade – e o valor integral da tabela – o plano comercial pode render um faturamento de R$ 1,155 bilhão à emissora. Inicialmente, a Globo pretendia lançar no mercado um único pacote comercial, que englobasse as temporadas de 2012 e 2013 do futebol mais a Copa das Confederações e a Copa do Mundo (eventos que acontecem no Brasil nos anos de 2013 e 2014, respectivamente). Por conta dos critérios da Fifa – que obrigada a emissora oficial local a oferecer o plano primeiramente aos seus anunciantes globais – a emissora optou por desmembrar o pacote e assim, evitar de perder seus atuais parceiros.  

Compromissos do ministro do Esporte



Em entrevista que irá ao ar neste sábado, às 21h, na ESPN, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo explicitou uma série de compromissos de sua pasta com vistas ao futuro.
A sensação que se tem é a de que Londres fez bem ao governo federal e acabou com o paternalismo em torno do COB, que passará a ser muito mais cobrado.
Entre muitas declarações, Rebelo disse ao “Juca entrevista”:
1. Até o começo de 2013 o país conhecerá, enfim, a proposta de Política Esportiva do ministério do Esporte, voltada para a democratização do acesso à prática esportiva e criadora de compromissos municipais, estaduais e federais;
2. O modelo de esporte escolar será o adotado, com sucesso, na Grã-Bretanha;
3. O ministério defende a profissionalização dos dirigentes e mandatos com, no máximo, uma reeleição, regime a que deverão ser submetidos todas as entidades que receberem dinheiro público;
4. Os esportes coletivos permanecerão prioritários, embora, com vistas à Olimpíada do Rio, os esportes individuais, maiores produtores de medalhas, devam ser incentivados;
5. O ministério acredita que seja possível ao Brasil pular do atual 22o. lugar no quadro de medalhas para uma posição entre os 10 primeiros daqui a quatro anos e esta será a meta;
6. As diretrizes do esporte nacional são estabelecidas pelo ME, cabendo ao COB sua execução, devidamente cobradas à luz dos critérios de custo/ benefício.
7. Na opinião do ministro, o Morumbi tinha todas as condições para receber a abertura da Copa do Mundo-2014.
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***
Colaboração: Gustavo Pereira

domingo, 16 de setembro de 2012

Nomes do mascote da Copa: dá para acreditar ?



Nome da mascote da Copa de 2014 será Amijubi, Fuleco ou Zuzeco

Opções foram apresentadas e definição ocorrerá após votação popular no site da Fifa

Mascote da Copa do Mundo de 2014 (Foto: Divulgação/Fifa)Tatu-bola é a mascote da Copa do Mundo de 2014 (Foto: Divulgação/Fifa)
LANCEPRESS!
16/09/2012 - 22:56

Rio de Janeiro (RJ)
A Fifa anunciou neste domingo os três nomes finalistas para batizar o tatu-bola que será a mascote da Copa-2014. Amijubi, Fuleco ou Zuzeco foram os nomes selecionados. A decisão será através do voto popular,no site da Fifa
Mesmo sem ter nome, a mascote já passou pelo território nacional durante a última semana, passando por Recife e São Paulo, além de aparições na internet. A mascote oficial também tem a sua própria canção: Tatu Bom de Bola, cantada pelo sambista Arlindo Cruz, um dos participantes do comitê que, segundo a Fifa, ajudou a escolher os três nomes. Segundo a Fifa, o design do tatu-bola foi identificado como o favorito do principal público-alvo: crianças de 5 a 12 anos.
- Com esta mascote, vamos poder realizar um dos principais objetivos da Copa-2014, que é comunicar a importância do meio ambiente e da ecologia. Temos certeza de que ela será amada não apenas no Brasil, mas no mundo todo - afirmou o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke.
A mascote já havia sido registrada pela Fifa no dia 6 de setembro, no Instituto Federal de Propriedade Intelectual da Suíça. A entidade tem exclusividade da marca até 2022.
> Confira a explicação para cada nome:
AMIJUBI
Amijubi é a união das palavras "amizade" e "júbilo", duas características marcantes da personalidade do nosso mascote e que refletem a maneira de ser dos brasileiros. Além disso, esse nome tão original está ligado ao tupi guarani, em que a palavra "juba" quer dizer amarelo – a cor predominante no mascote!
FULECO
Fuleco é a mistura das palavras "futebol" e "ecologia", dois componentes fundamentais da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. O nome do nosso mascote mostra como essas duas palavras combinam perfeitamente e ainda incentivam as pessoas a ter mais cuidado com o meio ambiente.
ZUZECO
Zuzeco foi formado dos elementos principais de "azul" e "ecologia". Azul é a cor dos mares da maravilhosa costa brasileira, dos rios que cruzam o país e do nosso lindo céu. E é também, claro, a cor da carapaça especial do mascote. Ele sabe que pertence a uma espécie vulnerável e por isso, também sabe o quanto é importante divulgar e incentivar a conscientização ecológica entre seus amigos do mundo inteiro.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

É difícil fazer futebol profissional no Brasil



Com a maior parte dos cartolas formalmente amadora, o futebol profissional brasileiro patina com públicos vergonhosos.
Na 24a. rodada do Brasileirão terminada ontem isso ficou mais uma vez claro.
Houve três jogos com públicos simplesmente ridículos.
No Canindé, embora com a presença do líder do campeonato, apenas 3.600 torcedores para Portuguesa e Fluminense.
Em São Januário, com o quarto colocado Vasco, num clássico nacional contra o Palmeiras, apenas 2 mil.
E, no gigantesco Serra Dourada, onde cabem 55 mil torcedores, apenas pornográficos 700 pagantes para Atlético Goianiense e Coritiba.
Resultado: a média de público ficou na casa dos 10 mil torcedores por jogo, com o maior público, mais uma vez, e por incrível que pareça, para o Corinthians, que não disputa nada no Brasileirão, contra a Ponte Preta, com 20 mil pagantes no Pacaembu.
E sabe o que CBF faz diante disso?
Rigorosamente nada, nenhuma promoção, nenhuma preocupação, ou pior, mantém os campeonatos estaduais intactos, obrigando o Brasileirão a ter intermináveis rodadas em meios de semana.
Estaduais que, diga-se, têm média, no máximo, de 5 mil torcedores por jogo.
Somos mesmo o país do futebol?
***
Colaboração de Gustavo Pereira


Fórmula 1 para crianças


sáb, 14/07/12

por Rafael Lopes |
categoria Fórmula 1GameVídeos


A Codemasters, programadora responsável pelos games da Fórmula 1, vai lançar uma novidade destinada às crianças em novembro. O game “F1 Race Stars” traz os pilotos da Fórmula 1 como personagens de desenho animado. Confira abaixo alguns deles e assistam ao trailer acima!
Alonso e Vettel
Hamilton e Rosberg

sábado, 8 de setembro de 2012

Pesquisa coloca Flamengo como maior torcida do mundo; Corinthians é a quarta


Por ESPN.com.br

VIPCOMM
Torcida do Flamengo é a maior do mundo, aponta estudo
Torcida do Flamengo é a maior do mundo, aponta estudo
A maior torcida do Brasil agora ganhou o status de também maior torcida do mundo. Pelo menos é o que aponta um levantamento feito pela agência argentina de marketing Gerardo Molina/Euromericas divulgado nesta segunda-feira no jornal “Cronista”. Segundo a pesquisa, o clube carioca tem 39,1 milhões de torcedores, superando Chivas e América, ambos do México, que têm 33,8 mi e 29,4 mi, respectivamente.

Outro time brasileiro que aparece entre os cinco primeiros colocados em termos de torcida foi o Corinthians, que figura na quarta colocação do ranking, com 28 milhões. Dos clubes europeus, o primeiro a aparecer na lista é a atual campeã italiana, Juventus, com 26,3 milhões de torcedores, ocupando o quinto lugar.

O estudo foi divulgado nesta segunda e reuniu diversas pesquisas realizadas nos principais países do mundo, como Brasil, Argentina, México, Espanha, Alemanha, Itália, Inglaterra, Portugal, França, Holanda e Japão. De acordo com a agência Gerardo Molina/Euromericas, consultorias da própria empresa viajaram a todos esses lugares para fazer o levantamento, o que diminui a margem de erro do ranking.

O levantamento ainda aponta o Boca Juniors como o time de maior torcida da Argentina, com 46,8% dos torcedores do país, enquanto no Brasil, quem lidera essa estatística é o Flamengo, que conta com 25% do apoio entre todos os brasileiros.

Veja quais são os cinco times com maior torcida no mundo, de acordo com a agência Gerardo Molina/Euromericas:

1° Flamengo (Brasil) - 39,1 milhões
2° Chivas (México) - 33,8 milhões
3° América (México) - 29,4 milhões
4° Corinthians (Brasil) - 28 milhões
5° Juventus (Itália) - 26,3 milhões

Título para tirar o slackline da corda bamba



por Renato de Alexandrino - 
08.09.2012
 | 
19h21m


Enquanto andava de skate despretensiosamente pela orla de Ipanema dois anos atrás,Igor Zambelli viu uma galera se divertindo tentando se equilibrar em uma fita presa entre duas árvores. Curioso, pediu para tentar e, no fim do dia, já estava atravessando toda a extensão da fita. A brincadeira virou um vício e na semana seguinte Igor já tinha comprado sua própria fita. O skate ficou guardado em casa, as ondas da praia do Leme perderam um bodyboarder e o Brasil ganhou um campeão mundial. Mistura de talento nato e dedicação, Igor se tornou, no fim de semana passado, na Áustria, o primeiro brasileiro a vencer uma etapa da Copa do Mundo de Slackline

— Quase chorei na hora. Nem acreditei que tinha ganho. Acho que a ficha só caiu mesmo quando entrei no Facebook e vi as centenas de mensagens de parabéns de amigos e de gente que eu nem conhecia — diz Igor, de apenas 18 anos.
FOTOGALERIA: Imagens de Igor e amigos treinando na Praia do Pepê

A aventura do carioca pelas fitas austríacas começou com um esquema estilo "Big Brother". Como nunca tinha disputado nenhuma etapa, Igor não tinha ranking para participar da competição. A saída era gravar um vídeo mostrando suas manobras para concorrer a um dos quatro convites para o campeonato. O autor do melhor clipe ainda ganharia um pacote completo, com passagens, hospedagem e alimentação. Igor venceu e, com tudo bancado, foi para a Áustria competir.

— Eu era desconhecido e logo de cara, na primeira bateria, enfrentei um dos favoritos, o italiano Lukas Huber, número 3 do mundo. Nem eu sei o que fiz para ganhar! Acertei todas as manobras que tentei — recorda Igor, que depois passou por dois alemães (Luis Meier e Benni Schmid) até fazer a final contra o americano Alex Mason, atual líder do ranking.

— Entrei relativamente tranquilo na final, porque já tinha feito minha parte e estava no pódio. Claro que queria ganhar, mas queria também me divertir e fazer o meu show. Consegui vencer, mas só acreditei quando deram o cheque do segundo lugar para o americano. 
De volta ao Brasil, entre saltos mortais para a frente e para trás, entre muitas outras manobras, Igor se depara agora com a realidade de um esporte ainda incipiente, que dá seus primeiros passos e tenta se estabelecer. Sem associações e federações, as competições são escassas e viver de slackline ainda é um sonho.

— Quero viajar o mundo, quero patrocínios para poder me dedicar. Os americanos são os melhores, mas temos condições de chegar. O nível está muito próximo. Só falta incentivo. Falta alguém organizar o esporte aqui — pede Igor.

O crescimento do slackline, porém, é inegável. Segundo Gabriel Brown, 23 anos, um dos criadores da equipe Nokaya Slackline, que conta com os principais atletas do esporte, o número de praticantes aumenta a cada ano.

— É um esporte praticado por gente jovem, que trabalha muito a mente e o corpo. Merece investimento. Com a evolução do trickline (com a execução de manobras sobre a fita), que começou a surgir no Brasil em 2010, o esporte cresceu ainda mais, com mais gente querendo praticar. A prova é que em dois anos já temos um campeão mundial.

Em uma cidade que é um berço natural para atividades ao ar livre, não é difícil acreditar que o slackline, que precisa apenas de dois pontos fixos e uma fita amarrada entre eles, ganhe espaço no coração dos cariocas. Já há um projeto para a instalação em algumas praias de ‘slack points’ — postes fixos para a prática do esporte, nos moldes dos postes de vôlei de praia.

— Muita gente vê o slackline como uma brincadeira, mas já é um esporte. Não perdemos em nada para os gringos em locais de treinamento. Precisamos apenas de investimento, e esse título do Igor pode ajudar a abrir as portas — acredita Gabriel Aglio, 19 anos.

O futuro do 'estádio-nação'



Especialista na história das torcidas, Bernardo Buarque de Hollanda discute transformações na dinâmica dos espectadores e analisa conflitos entre organizadas

Por Pedro Sprejer
Professor-pesquisador do Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas e autor de estudos sobre o futebol na cultura brasileira, o historiador Bernardo Borges Buarque de Hollanda criou o termo “estádio-nação” para definir um modelo monumental de arena que materializou um desejo nacional de grandiosidade, integração e modernidade. Em entrevista ao GLOBO, ele analisa o esgotamento desse padrão e outros temas, como a gênese das torcidas organizadas.

Você cita a Arena da Baixada, estádio do Atlético Paranaense inaugurado em 1999, como a primeira expressão no Brasil de um novo modelo internacional de estádio, surgido a partir dos anos 90. O novo Maracanã e o Itaquerão parecem se basear nas mesmas concepções. Que modelo é esse e como ele está associado a uma nova economia do futebol?
 

É o modelo de estádio inglês, criado com a Premier League. Um exemplo emblemático: em 1993, o Liverpool pôs fim no seu estádio ao setor atrás do gol onde se situavam os torcedores mais fervorosos, reduto dos hooligans. Este local, desvalorizado pela precariedade do ângulo de visão, era o preferido dos jovens proletários britânicos. Era um espaço aberto, no qual se podia transitar livremente. Nos anos 1990, uma cirurgia arquitetônica instaurou os all-seater, isto é, uma nova concepção de plateia esportiva. Esta compartimenta as tribunas e atomiza os torcedores nas áreas internas das arenas esportivas, de modo a inibir a liberdade de circulação. Com isto, induz-se o torcedor a assistir sentado às partidas, segundo um paradigma de conforto, segurança e individualidade definido como positivo pelos gestores do futebol.
 

Com capacidade de público reduzida, áreas vip e megatelões de ponta, o novo Maracanã parece diferir de aspectos da concepção original do estádio, na década de 40, como o caráter monumental da construção e a capacidade de reunir uma massa formada por classes sociais heterogêneas. Tais fatores perderam relevância no momento histórico atual?
 

Para entendermos a nova acepção social do torcedor de estádio, é preciso entender a presença crescente de outro personagem: o telespectador. A televisão tornou prescindível o modelo de estádio paradigmático dos anos 1950, aquilo que chamo de “estádio-nação”. O critério de grandeza era predefinido pela capacidade de afluência do público, principal fonte de renda do futebol até os anos 1980. Para dar um exemplo: na final da Copa do Mundo de 1950, 10% da população carioca compareceram ao Maracanã. À medida que o telespectador se torna mais importante que o torcedor, não há mais razão para estádios de grande porte. A inversão é simples: menos lugares, valores mais altos. Os ingressos a R$ 60 levam a uma espécie de asfixia das classes menos favorecidas economicamente, que tendem a ver o jogo em casa ou nos bares. A tendência, portanto, é a seguinte: o futebol continuará um esporte televisivo popular no Brasil, ao passo que seus estádios sofrerão um processo de homogeneização, com a frequência preponderante da classe média.
 

A analogia entre um show de rock e um jogo com astros do futebol é feita pelos que justificam que o estádio deve ser para quem pode pagar mais pelo espetáculo. Na sua opinião, a torcida pode ser vista apenas como plateia, ou é parte indissociável do espetáculo?
 

A analogia parece apropriada, mas também vale acionar as imagens do estádio-teatro e do estádio-shopping. A torcida é a participação contínua ao longo do jogo. Não se trata de uma espera, mas de uma ação continuada, que se quer interventiva. A diferença fundamental entre a atividade da plateia esportiva e a passividade da plateia teatral foi o que fez Bertolt Brecht encantar-se com o boxe na Alemanha dos anos 1920. Ter o público como ator, e não como mero espectador, levou-o a elogiar a modernidade dos espetáculos esportivos. Mas por mais que seja constatada a tendência a elitizar, atomizar e individualizar a experiência de torcer nos estádios, é sempre possível subverter, recriar e carnavalizar as formas estandardizadas.
 

Você descreve, em suas pesquisas, como as torcidas organizadas cariocas se configuram, nos anos 40, a partir da incorporação de elementos dos desfiles das escolas de samba, como animação, música, uniformização e organização. A partir de quando a violência se tornou elemento constante nas organizadas?
 

Não se deve cair na armadilha de contrapor um passado idílico — supostamente pacífico — a um presente exclusivamente violento. Os distúrbios estão presentes nas praças de futebol desde seu surgimento, no início do século XX. Nos idos de 1920, um cronista referia-se a “arremedos de guerrilha”, ensaiados por torcedores rivais. Havia brigas dentro e fora dos estádios. Durante a pesquisa, o mais surpreendente foi descobrir que as organizadas foram criadas nos anos 1940 justamente para enquadrar e disciplinar o comportamento “desviante” dos torcedores nas arquibancadas. O chefe da torcida era o auxiliar do chefe da polícia. Havia o medo generalizado com a multidão e com a conduta do indivíduo no anonimato de estádios cada vez mais agigantados. Este sentido disciplinador das torcidas foi alterado ao longo dos anos 1970, quando estas se desmembraram em mais de uma associação de torcedores por clube.
 

Há um novo modelo de torcidas organizadas surgindo?
 

Os "movimentos" de torcedores, que surgiram no Rio em 2007, em contraponto às Torcidas Jovens, canalizaram boa parte da insatisfação com o modelo vigente de torcidas organizadas e procuram reatar o elo originário com o clube. São, em parte, congruentes com as transformações em curso na gestão do futebol e na remodelagem dos estádios, mas não estão imunes, com o tempo, a vivenciar as mesmas contradições: crescimento, aumento de poder, conflitos internos e apelos por dissidências.
 

O lugar do torcedor


  

No caminho para a Copa do Mundo de 2014, o Brasil investe na modernização dos estádios, mas ainda busca uma forma de combater a violência de facções organizadas. Em meio a planos de reformulação e antigos problemas, que cara terão as novas arquibancadas do país?

Por Pedro Sprejer
Nas últimas semanas, dois assuntos têm causado repercussão no universo futebolístico. O primeiro é o anúncio de que, em outubro, o governo estadual lançará, enfim, o edital para a concessão do novo Maracanã, que poderá ter Flamengo e Fluminense como parceiros da iniciativa privada na administração. Outro tema, discutido dos noticiários aos botecos, é a enérgica ofensiva do poder público contra a violência de torcidas organizadas no Rio e em São Paulo, suspensas e banidas dos estádios.

Quando sobrepostos, o renascimento do Maracanã reconfigurado, carro-chefe de uma série de novas arenas em construção para a Copa de 2014 (como o Itaquerão, em São Paulo), e o combate à violência nos estádios — e fora deles — sinalizam um momento de mudanças no futebol nacional. Nesse novo cenário, qual será o lugar do torcedor comum e do modo de torcer “à brasileira”?



De acordo com o historiador Bernardo Borges Buarque de Hollanda, autor de “O clube como vontade e representação: o jornalismo esportivo e a formação das torcidas organizadas de futebol do Rio de Janeiro” (7Letras), o primeiro registro de incidentes fatais entre torcidas no Brasil ocorreu em 1988, com o assassinato premeditado do presidente-fundador da palmeirense Mancha Verde. Sete anos depois, o rápido agravamento dos conflitos levou a Justiça paulista a banir torcidas violentas, após o episódio conhecido como “batalha campal do Pacaembu”, durante um jogo entre Palmeiras e São Paulo. No Rio, a mesma estratégia foi tentada na época. Nos dois casos, as medidas não tiveram o efeito esperado: as torcidas paulistanas ressurgiram como escolas de samba e as cariocas recuperaram na Justiça o direito a entrar nos estádios. 

No mês passado, após as mortes de um vascaíno e de um flamenguista, a Justiça suspendeu por seis meses a presença da Torcida Jovem do Flamengo e da Força Jovem do Vasco nos estádios do Rio. Ainda em agosto, 21 integrantes da Young Flu foram presos por agressão a torcedores vascaínos antes de um clássico do Campeonato Brasileiro. No último ano, mais de 370 torcedores foram presos no Rio, segundo dados do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe).
 

Para Buarque, medidas como essas podem ajudar a conter a “espiral de violência” entre torcidas e mostram a necessidade de um debate público sobre a relação entre as organizadas e os grandes clubes:
 

— Estamos vivendo os efeitos perversos deste tipo de política clubística — diz Buarque, lembrando que, desde os anos 1990, as instituições distribuem milhares de ingressos a torcidas organizadas. — Isso as fortaleceu e, ao mesmo tempo, as inchou. O agigantamento dessas torcidas fez com que elas se desmembrassem em subpoderes territoriais. Estes levaram os conflitos para longe dos estádios, mais precisamente para os bairros de origem dos torcedores.


Autor de “Ronaldo: glória e drama no futebol globalizado” (Editora 34), o historiador Jorge Caldeira atribui o aumento da violência no futebol a um “declínio civilizatório” ocorrido nas últimas décadas, dentro e fora dos estádios. Para Caldeira, ainda há uma grande indefinição sobre a forma como os gestores das novas arenas — pautadas pelas normas de conforto e segurança da Fifa — vão lidar com a questão. Torcedor da Portuguesa de Desportos, ele espera que as medidas para coibir a violência não passem pela elitização do estádio ou pela descaracterização de um modo de torcer à brasileira:

— Quem tem que ser protegido é o torcedor que quer se divertir, seja pobre ou rico. Isso precisa ser levado em conta por essas arenas. O grande torcedor da Lusa é o Sardinha, um cara cuja vida é ir para os jogos. O estádio não tem a mesma graça sem ele.
 

O paradigma mundial de controle da violência e dinamização econômica do futebol foi a transformação da Liga Inglesa, ocorrida a partir de fins dos anos 1980. A mudança radical nasceu de um trauma. Na verdade, uma tragédia anunciada: a morte de 96 torcedores asfixiados contra um alambrado em um superlotado Liverpool x Nottingham Forest, pela Copa da Inglaterra, em 1989.


Pondo fim a um longo declínio econômico e combatendo severamente o “hooliganismo”, o futebol inglês conseguiu, ao longo dos anos 1990, criar uma liga bilionária, turbinada pelo boom imobiliário dos novos estádios e por frondosas cotas de TV. Com isso, tornou-se um case de sucesso para o mundo, mas afastou parte do público tradicional e, como define o jornalista e escritor inglês radicado na Espanha John Carlin, “aburguesou-se”.


Tim Vickery, jornalista esportivo e correspondente da BBC no Brasil, frequentou os antigos estádios ingleses, ainda com preços populares, arquibancadas sem cadeiras e torcedores amontoados feito gado nos jogos mais importantes. O novo paradigma, diz Vickery, conseguiu conter a violência, pelo menos nos estádios. Mas, com preços inflacionados, acabou por renegar uma massa de torcedores tradicionais. O outro lado da moeda foi que mulheres, crianças e imigrantes de outras etnias, antes repelidos pelos arruaceiros mais sectários, ganharam acesso aos estádios: 

— Houve exclusão, porém a inclusão de novos grupos foi maior e mais importante — aponta Vickery. — Só que o Brasil vive outra realidade, não pode copiar a Inglaterra. Aqui não há minorias étnicas proibidas de ir ao estádio. Muita gente poderá ser excluída pelos preços nesse processo, sem muitos ganhos em contrapartida.
 

O preço dos ingressos nas futuras arenas como o novo Maracanã e o Itaquerão ainda não foi definido, mas Vickery acredita que um aumento seria um erro estratégico no Brasil, uma vez que já vem sendo difícil encher estádios com os preços atuais. Em 2011, a média de público do Campeonato Brasileiro foi de 14.976 torcedores, enquanto a da Major League Soccer norte-americana, por exemplo, foi de 17.870 pagantes.
 

— Uma solução interessante seria fixar preços mais baixos para o ingresso e ganhar em cima de comida e bebida — sugere.
 

Caso o cronograma da obra se confirme, o novo Maracanã abrirá os ainda majestosos portões no dia 28 de fevereiro de 2013. Com capacidade reduzida para 79 mil lugares, poltronas de cinema, novos camarotes, áreas VIP (e até mesmo VVIP), será um estádio distinto de seu antecessor, do qual ostentará apenas a carcaça, como reza a cartilha do retrofit arquitetônico. Aquele que já foi “o maior estádio do mundo”, erigido sob o signo da grandiosidade nacional e da união das massas sublimada pela catarse futebolística, cederá lugar à moderna arena de espetáculo, com maior conforto, segurança e infraestrutura, telões de última geração e lojas em espaços anexos.


Estádios para poucos, pay per view para cada vez mais espectadores e TV aberta para a massa: será essa a nova lógica do espetáculo futebolístico? Autor de “Passes e impasses: futebol e cultura de massa no Brasil” (Vozes) e professor do departamento de Comunicação da Uerj, Ronaldo Helal aponta o crescimento do público espectador nos bares, mas acredita que há um contingente de torcedores, em parte oriundos da nova classe média, dispostos a pagar um pouco mais por um estádio mais sofisticado: 

— O torcedor paga mais caro se o estádio é arrumado. É preciso ter preços mais populares, sim, mas as pessoas estão com mais dinheiro também — acredita Helal.
 

Autor de “Veneno remédio: o futebol e o Brasil” (Companhia das Letras), José Miguel Wisnik evoca o fantasma do “geraldino” — torcedor popular da extinta geral do Maracanã — para ilustrar uma transformação no conceito dos estádios.
 

— Em “Garrincha, alegria do povo”, de Joaquim Pedro de Andrade, os protagonistas do filme são Garrincha e o povo, unidos no Maracanã. O torcedor da geral é a cara de uma era do Brasil que já terminou. A reformulação estrutural do estádio arremata esse processo, que já vem se dando faz tempo, no mundo, com a substituição do estádio caldeirão social pelo estádio de facilidades ao consumidor.
 

Bernardo Buarque acredita que, mesmo em arenas projetadas para outro modelo de espetáculo, é possível reviver e reinventar a vibração e a alegria que marcaram as arquibancadas do país:
 

— Por mais que seja constatada a tendência a elitizar, a atomizar e a individualizar a experiência de torcer nos estádios, é sempre possível subverter, recriar e carnavalizar as formas estandardizadas — diz Buarque.