quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O Esporte como ele é - "Futebol e Tecnologia"

"O futebol brasileiro, abstraindo os países nos quais esse esporte é incipiente, é hoje um dos mais atrasados do mundo. Perdemos a Copa (...) por causa desse atraso galopante. Ao contrário do slogan político, regredimos cinqüenta anos em cinco. Que houve? Que se passou? Como foi que bateram a nossa carteira de campeões sem que percebêssemos?"

"Nossa hematita compacta continua sendo o melhor minério de ferro do mundo; mas a nossa siderurgia continua pra trás. A matéria-prima do futebol, igualmente, ainda é de excelente qualidade, mas infra-estrutura e a superestrutura vão piorando à medida em que os outros países aperfeiçoam um jogo que nós patetamente insistimos em considerar essencialmente improvisado. Pois a verdade elementar é esta: não pioramos propriamente, os outros é que melhoraram muito; ficamos para trás porque não soubemos acompanhar o ritmo do progresso dos outros. Ora, enquanto as virtudes instintivas dos nossos jogadoras derem para ir suprindo as nossas falhas de administração, iremos manerando; quando a organização dos outros chegar ao optimum da tecnologia, então entraremos definitivamente pelo cano."

"Por motivo de uma reação primária de subdesenvolvidos, temos horror à tecnologia. A quase nada aplicamos uma técnica, damos um jeito. Temos orgulho dessas espertezas de pobre; gostamos de zombar do cartesianismo francês, do método germânico, das filigranas mecânicas do japonês; achamos o americano, com sua mania de especialização, uma besta quadrada".

"Isso, em todos os planos das atividades velhas e modernas, da eletrônica à plantação de batatas. Mas reservamos a lava mais rubra de nossa ira para os traidores da pátria que ousam reclamar tecnologia para o nosso futebol. Futebol se joga é no campo. A gente vai lá e engole eles. Não temos nada que aprender do estrangeiro..."

"A partir dessas premissas improváveis estamos cavando o buraco. E quando o nosso selecionado não consegue vencer um time mundial arrumado na véspera (um time no qual o goleiro nem pode dizer ’deixa’ para o zagueiro, pois um embarcou em Moscou e o outro na Alemanha (...) aí disfarçamos e dizemos de boca mole: futebol tem dessas coisas."

"Eu me lembro dos jogadores de vinte anos atrás; cadeiras duras, sem malícia, matando a bola, quando matavam, debaixo da planta dos pés, fortes e resistentes, mas bobocas. Os húngaros e os italianos eram um pouquinho melhores, os outros eram todos pernas-de-pau. Hoje, quando assisto a um jogo de time estrangeiro, reconheço que eles aprenderam tudo o que sabíamos e criaram melhorias que ainda não ousamos sonhar possuir: um perfeito esquema de cobertura, por exemplo."

"Teria o jogador europeu se desencantado, aprendendo futebol da noite para o dia? Não, o jogador europeu aprendeu a jogar futebol devagar, olhou, comparou, supriu suas próprias deficiências com o aprimoramento de suas qualidades naturais".

(...) "Enquanto os nossos zagueiros, postados em dura fileira como um pelotão prussiano, ficamo no ’salve-se quem puder’, os zagueiros deles caem no espaço abandonado pelo companheiro num ritmo de Bolshói. Enquanto a nossa linha média troca tímidos totós no meio do campo, o apoiador e o volante deles esticam a bola para a frente. (...) Os avantes deles vão repetindo sempre as únicas jogadas das quais pode surgir um gol lógico".

(...) Enfim, enquanto eles acreditam na tecnologia, nós acreditamos até o fim do mundo no futebol-arte, na improvisação, no talento, conceitos de grande força enquanto não entram em campo".

São fragmentos do artigo "Futebol e Tecnologia", do grande escritor mineiro Paulo Mendes Campos, publicado na revista Diners há 23 anos. Um texto mais do que atual, e que fazia parte da vasta biblioteca de outro escritor mineiro de muito talento, Danilo Gomes, que nos envia de Brasília esta raridade criada por Campos. Como se vê, o futebol brasileiro segue exatamente como há duas décadas, sofrendo a cada competição internacional as conseqüências da má organização. Se o nosso futebol ainda é bom nas quatro linhas, o mesmo não se pode dizer do gramado para fora.

Daniel Gomes, na coluna "O Esporte como ele é", O Estado de Minas, 8 de março de 1992.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Recrutador vê tempo como dificuldade para entrar no mercado esportivo

Máquina do Esporte


ENTREVISTA
RODRIGO CAPELO
Da Máquina do Esporte, em 23/12/11 as 15:15
Com a proximidade de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, é consenso entre analistas que o mercado está inundado de oportunidades. Mas para quem? A três anos do início do maior evento de futebol do planeta, concluir graduação, conseguir pós-graduação na área de marketing esportivo e ainda entrar no mercado. Há tempo para tanto?

Para profissionais temporários, contratados apenas para atuar nesses megaeventos esportivos, haverá vagas, segundo Rodrigo Vianna, diretor da Hays, empresa especializada em recrutar profissionais com atuação global. "Na parte estratégica, fica mais difícil, porque tudo se define a partir de agora", argumenta o executivo.

Quem quiser aproveitar esse momento de aquecimento do mercado esportivo brasileiro, de acordo com o recrutador, terá de preencher requisitos em três áreas. Em primeiro lugar, conhecimento técnico de marketing. Depois, uma pós-graduação para se especializar em marketing esportivo. E, por fim, personalidade condizente.

A estimativa de Vianna é que um gerente de marketing esportivo alocado em uma companhia de grande porte, com um departamento voltado para essa área, ganhe entre R$ 12 mil e R$ 16 mil mensais. Mas a remuneração é difícil de prever, sobretudo entre empresas menores, que ainda não se interessam por consultoria para contratar.

Leia a entrevista na íntegra, abaixo:

Máquina do Esporte: Como está o mercado para profissionais envolvidos com marketing esportivo? Ele tem crescido nos últimos anos?
Rodrigo Vianna: Está crescendo muito. Existe um paradigma do mercado, de que ele tem crescido porque Copa e Jogos vêm aí. Mas a profissionalização já vem acontecendo desde o início da década de 1990, alavancado pela parceria Palmerias/Parmalat. Era uma empresa trabalhando com um clube, e isso levou o mercado a enxergar oportunidades incríveis e também ausência de profissionais. O movimento cresceu, apareceram cursos, aí sim alavancados por Copa e Olimpíadas.

ME: Esse crescimento ocorre apenas pela chegada de megaeventos, como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, ou aconteceria naturalmente pela dita profissionalização que o esporte está passando no Brasil?
RV: O consumidor exige um mercado mais profissional. Para fazer um investimento de patrocínio, precisa ver quanto de mídia esse esporte tem, porque não se joga mais dinheiro no lixo. Existe uma conta que precisa ser paga sobre o investiento, colocá-lo na balança, e quem faz esse investimento? Ele tem de estar preparado. Não se pode ser só mais um sonhador, investir porque é apaixonado. A paixão não paga mais a conta.

ME: Quais áreas são mais requisitadas nessa área?
RV: Eu colocaria duas áreas do marketing esportivo como as que vão explodir nos próximos dois ou três anos. A primeira é comunicação, desde assessoria de imprensa até comunicação de marca. Tudo o que liga a vertente comunicação fará parte do escopo. E a segunda, uma função nova, que existia beirando a informalidade, que é a de relacionamento esportivo. Ele responde pela interface entre os envolvidos com negócios no esporte. São duas áreas em ebulição.

ME: Que características o profissional precisa ter para se encaixar no mercado esportivo nos próximos anos?
RV: Tecnicamente, tudo o que a posição exige. Comunicação, produtos, planejamento, é tudo parte técnica, que não vou entrar. Um curso de especialização, pós-graduação, é importante. Há cursos ligados a isso hoje, só em marketing esportivo. Quem quiser ingressar, é bom ter especialização. A terceira linha é comportamental. É preciso ter toda a parte técnica, a formação e a relação com o esporte. Esses são os três componentes.

ME: Para um profissional que está se formando agora, há tempo de se preparar em tempo para aproveitar o boom causado pelos eventos esportivos?
RV: Vai existir demanda por profissionais temporários, contratados só para os eventos. Em todo país do mundo teve isso. Na parte estratégica, fica mais difícil, porque tudo se define a partir de agora. As empresas já estão olhando para 2016 e querendo fazer agora. Não é de um ano para o outro que dá para se formar. Mas, como o mercado está mais aquecido, há mais oportunidades. É difícil dizer, porque é tudo novo no Brasil. Estamos falando dos primeiros eventos de primeira linha de fato no Brasil. Não dá para prever o que acontecerá no mercado.

ME: Como está o sistema de ensino voltado para essa área? Ele está acompanhando o ritmo de profissionalização das profissões?
RV: Sim. Não estive em nenhuma instituição, nem sou do Ministério da Educação, mas tenho pessoas no meu círculo pessoal que fizeram pós-graduação em marketing esportivo e dizem ter sido positivo. Vejo os cursos evoluindo, mas ainda não 100% prontos.

ME: O que é mais indicado para conseguir penetrar no mercado: buscar formação no exterior ou em entidades brasileiras? Há muita diferença de um para outro?
RV: Nesse momento, formar-se aqui, porque temos um bombackground. Os mercados estão aqui, porque lá fora já estão consolidados. Nos Estados Unidos, o marketing esportivo já é muito estruturado. Aqui, tudo é novo, está acontecendo agora, então a experiência é maior.

ME: Dá para estimar qual a remuneração de executivos que atuam na área esportiva?
RV: Depende do nível. Um gerente de marketing esportivo em uma empresa de grande porte, ou seja, que tenha um departamento só de marketing esportivo, varia entre R$ 12 mil e R$ 16 mil. Um gerente de área. Mas tem analistas, coordenadores, e a remuneração varia muito. Em empresas menores, de nicho, fica ainda mais difícil dar números.

ME: Essa remuneração está de acordo com o resto do mercado, ou há alguma discrepância?
RV: É uma situação que envolve 500 variáveis. O que é importante é que, em geral, os profissionais de marketing esportivo já são remunerados como marketing. Já está equiparado. Ser analista sênior de marketing é quase igual a marketing esportivo.

ME: O mercado brasileiro também tem recebido, em função desse grandes eventos, a chegada de profissionais de fora. Como o executivo local faz para não ser engolido por estrangeiros?
RV: Onde o brasileiro ganha? Língua materna, português. Conhecimento do mercado. Quem vem dos EUA está acostumado com NBA e pode trazer coisas boas para o Novo Basquete Brasil (NBB), por exemplo, mas o brasileiro conhece o público, o mercado. O esporte brasileiro é diferente do norte-americano, do europeu, do asiático, e assim por diante. O brasileiro pensa que está perdendo oportunidades para o gringo, mas é só por causa do mercado, que aqui tem, e lá, não.

ME: Por fim, como está a demanda pela consultoria da Hays em assuntos ligados a esporte?
RV: Nós temos um grande player trabalhando conosco há dois ou três anos. Já vejo uma evolução muito grande dentro da área. Em geral, as empresas de menor porte evitam buscar consultoria para fazer processos seletivos, porque isso ainda está muito concentrado nas grandes. Mas, partindo do pressuposto que já temos um player há tantos anos, o mercado está bem movimentado. A experiência é positiva. Mas acho que em 2012 e 2013 tende a aparecer de forma mais intensa.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Lei Geral da Copa pode limitar liberdade de expressão e prejudicar receita de comerciantes, alerta especialista em Direito Desportivo



Martinho Neves Miranda, Advogado Desportivo, C. Martins & Advogados Associados

Para Martinho Neves Miranda, projeto apresenta alguns pontos negativos, mas a proposta de flexibilização das leis preserva a soberania nacional

Além dos investimentos e iniciativas em infraestrutura, a Copa do Mundo, que será sediada no Brasil em 2014, tem gerado controvérsias também no campo jurídico com a comentada Lei Geral da Copa (PL nº 2330/11). Um dos entraves da discussão refere-se à flexibilização das normas já existentes para dar espaço a uma legislação temporária, que irá vigorar apenas durante o evento esportivo. Outros pontos negativos são as disposições que limitam a atuação da imprensa e a comercialização de produtos daqueles que estão estabelecidos perto de estádios e arenas.

Segundo o advogado *Martinho Neves Miranda, sócio e coordenador da área de Direito Desportivo de escritório C. Martins & Advogados Associados, e procurador do município do Rio de Janeiro, a legislação temporária é expedida em quase todos os países que sediam a Copa do Mundo, mas o grande problema é que no Brasil o balizador máximo é a Constituição Federal. Dessa forma, não basta o aval da presidência, o poder legislativo precisa referendar qualquer medida. “Até mesmo as leis temporárias contam com um limite máximo intransponível. A flexibilização não pode abranger tudo e todos. Isso só seria possível com uma emenda à Constituição, processo longo e complexo”, explica o especialista.

De maneira geral, o advogado é a favor da flexibilização, apesar de alguns pontos negativos, como os crimes de marketing. “O projeto proíbe atividades de publicidade ostensivas, com previsão de crimes específicos para a Copa, os chamados marketing por associação e marketing de emboscada por inclusão. Acredito que essa seja uma medida exagerada”, diz. Outra questão elencada na lei temporária tem haver com a limitação na venda de produtos perto dos estádios e arenas. “Essa medida afetará diretamente a receita dos comerciantes regularmente estabelecidos nesses locais. E o projeto de lei não informa como esse prejuízo será reparado e se teremos indenizações”, observa.

De acordo com Miranda, a Lei Geral da Copa ainda entra em atrito com o direito de informação, uma vez que a FIFA irá deter todo o direito de imagem do evento, repassando essas imagens aos órgãos de imprensa. Ocorre que a FIFA poderá excluir situações que não julgue interessantes, como um incidente no estádio ou uma briga entre torcedores. E a imprensa, por sua vez, não terá como noticiar esses fatos. “Aqui, temos configurado uma flagrante violência ao exercício da liberdade de imprensa”, completa.

O advogado explica que os programas de segurança nos estádios e arenas serão de total responsabilidade da União. Se algum torcedor se machucar ou tivermos a ocorrência de algum acidente mais grave, a União é que irá responder por isso, não o organizador do evento. “Não deixa de ser uma atenuação da responsabilidade civil da FIFA”, afirma.

Outro ponto que vem gerado embates entre o governo e a FIFA refere-se ao benefício da meia-entrada. A FIFA tem especial interesse nesse assunto, já que a meia-entrada, caso seja aprovada, representará um prejuízo de US$ 100 milhões em arrecadação. O projeto de lei propõe o benefício para idosos, em respeito ao Estatuto do Idoso, e desconto para quem entregar arma de fogo. Estudantes, indígenas e população de baixa renda deverão continuar na faixa de ingresso prevista no original do projeto, com direito a 300 mil ingressos a preços mais acessíveis.

“Acredito que a meia-entrada ainda sofrerá novas revisões. Além disso, vale dizer que o Ministério Público poderá ajuizar ações coletivas para preservar algum direito violado por parte dos torcedores. Entretanto, do ponto de vista jurídico, na Copa do Mundo o torcedor não deveria ter direito a meia-entrada. Isso só acontecerá se as legislações estaduais forem alteradas. Ou seja, a previsão não está em sede constitucional. Particularmente, julgo a meia-entrada uma anomalia, que fere o princípio da liberdade econômica”.

A dois anos e meio da Copa, não há prazo para a Lei Geral do Mundial ser aprovada. No projeto, continua mantida a permissão de bebidas alcoólicas nos estádios, mas apenas para a Copa do Mundo, e não mais para campeonatos nacionais.



Martinho Neves Miranda*

Sócio e Coordenador da área de Direito Desportivo de C. Martins & Advogados Associados. Foi o criador, na candidatura do Rio para os Jogos Panamericanos de 2007, de um comitê organizador com personalidade jurídica própria para a condução dos jogos, modelo que foi transferido para os jogos de 2016, ao qual também foi líder jurídico da candidatura do Estado para os Jogos Olímpicos de 2012 e 2016. É coordenador da Pós-Graduação de Direito Desportivo da Universidade Cândido Mendes/IAVM, a única pós da área no Estado. Foi chefe da assessoria jurídica de Esportes e Lazer do muncípio do Rio de Janeiro. Foi o responsável pela criação do projeto "Torcida Legal" da OAB/RJ que premiou em 2010 a torcida organizada mais adequada ao Estatuto do Torcedor. É Pós-Graduado em Direito Desportivo pela Univercidade, e também professor de Direito Civil da ABADI e da FEMAR e Direito Desportivo da ESA/RJ e ESA/SP. É Procurador do Município do Rio de Janeiro. Autor do livro "O Direito no Desporto", segunda edição, da editora Lúmen Júris. É membro da Comissão de Esportes e Lazer da OAB-RJ, Auditor do Tribunal de Justiça Desportivo de Atletismo do Estado do Rio de Janeiro e Diretor Jurídico da Associação Brasileira dos Treinadores de Futebol.



C. Martins & Advogados Associados


Líder do Direito Bancário no Rio de Janeiro e com atuação no sistema de full legal assistance, o C.Martins & Advogados Associados conta com expertise nas áreas bancária e empresarial e equipe especializada para cada nicho do direito - Cível, Comercial, Juizados Especiais, Tributário, Contábil, Fusões, Aquisições e Incorporações de Empresas - Recuperação de Crédito Administrativo e Judicial, Previdenciário, Trabalhista, Due Dilligence, Mercado de Capitais e agora atua também no Direito Desportivo. Com uma iniciativa inédita no país, criou um Núcleo de Acordos que apresenta economia de tempo – uma causa que demandaria 18 meses pode ser sanada em apenas três – e de dinheiro, em três anos e meio de existência o Núcleo zerou mais de seis mil ações, o que resultou num alívio de milhões aos seus clientes e também contribui com agilidade e desova de ações para o sistema Judiciário. O escritório fomenta a cultura Conciliatória no Estado carioca especialmente para as áreas de Juizado e Contencioso de Ações Cíveis.

A banca jurídica teve seu trabalho na advocacia empresarial e em especial na área de contencioso reconhecido pelas mais importantes publicações setoriais do país (Valor Econômico, Análise Advocacia- Os mais admirados do Direito). Atualmente, o escritório tem mais de 70 mil ações, e conta com um staff superior a 400 pessoas, possui em sua carteira de clientes instituições financeiras como os mais importantes bancos brasileiros e internacionais. Na área empresarial, atua em diversos ramos como petroquímico, informática, telecomunicações, grupos de hotéis e serviços, além de cuidar da parte jurídica de alguns serviços conduzidos pelo próprio Estado. Com presença não apenas no Brasil, o escritório mantém parceria e correspondência em Portugal (Lisboa e Porto), atuando em toda a Comunidade Européia. Acesse: www.cmartins.com.br.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Mundial de Clubes alavanca venda de produtos oficiais do Peixe em 30%


12/12/2011 03h23 - Atualizado em 12/12/2011 03h33

Loja virtual do clube registra crescimento às vésperas da estreia do time

Por GLOBOESPORTE.COMSão Paulo
montagem camisa santos (Foto: Divulgação)Marketing do clube aproveita a boa fase do time para
aumentar o faturamento (Foto: Divulgação)
Os efeitos da participação no Mundial de Clubes já começam a ser notados pelo departamento financeiro do clube. Além do valor referente à premiação do torneio, o clube constatou que os torcedores estão indo às compras atrás de um produto oficial do time de coração.

Segundo o diretor de marketing da administradora da loja virtual, que registrou um crescimento de 30% nas últimas duas semanas, a perspectiva é de vendas ainda maiores.

- Registramos um aumento médio de 30% nos pedidos das últimas duas semanas na loja virtual Vila do Santos. A tendência é esse percentual aumentar à medida que a estreia do time se aproxima - revelou Roni Cunha Bueno, ao jornal "Brasil Econômico".

Engana-se quem pensa que, nos dias de hoje, apenas os uniformes de jogo fazem sucesso. Já são cerca de 400 produtos disponíveis.
A situação é parecida na rede Bayard, especializada em artigos esportivos. Graças a uma parceria com uma importadora, foi possível expandir o licenciamento de produtos dos quatro grandes clubes paulistas, sobretudo do Santos. A expectativa é que sejam vendidos até 500 mil itens do alvinegro praiano até o início de 2012.
- Para o Santos, adquirimos esse volume de produtos já pensando no Mundial de Clubes e a procura nos últimos dias aumentou 20% - disse a gerente da importadora, Eliane De Martini, também ao "Brasil Econômico".

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Empresa de esportes de Eike quer investir R$ 500 milhões em 4 anos



09/12/2011 14h06 - Atualizado em 09/12/2011 15h47

IMX pretende realizar três edições do UFC no ano que vem.

Empresário diz que pretende participar de licitação do Maracanã.

Bernardo TabakDo G1, no Rio
13 comentários
O empresário Eike Batista, presidente da EBX, apresentou, nesta sexta-feira (9), mais uma aposta de negócios, a IMX, em que a EBX está aliada com a IMG Worldwide, empresa com autuação internacional em negócios esportivos e de entretenimento em mais de 30 países. Cada empresa entra na IMX com 50% de capital e, de acordo com o CEO da nova empresa, Alan Adler, a previsão de investimentos para os próximos quatro anos é de R$ 500 milhões.

Adler era o presidente da Brasil 1 Esportes & Entretenimento, empresa que foi integralmente comprada pela IMX por “valores confidenciais”, segundo o CEO. “A IMX já começa grande. Em 2012, vai executar 58 eventos”, afirmou Adler. “Temos mais de 100 milhões de brasileiros na classe média, e que estão gastando. E os eventos esportivos estão no DNA do brasileiro. A combinação é extraordinária”, ressaltou Eike Batista.
No lançamento da IMX, estavam, da direita para a esquerda, Eike Batista, presidente da EBX, Alan Adler, CEO da IMX, e Michael Dolan, CEO da IMG Worldwide.  (Foto: Bernardo Tabak/G1)No lançamento da IMX, estavam, da direita para a esquerda, Eike Batista, presidente da EBX, Alan Adler, CEO da IMX, e Michael Dolan, CEO da IMG Worldwide. (Foto: Bernardo Tabak/G1)

Entre os projetos anunciados nesta sexta, os destaques são a possível vinda do tenista suíço Roger Federer ao Brasil, para um jogo exibição, e a realização de torneios do Ultimate Fighting Championship (UFC) no país. “O Federer está disposto a vir pela primeira vez para a América do Sul, para o Brasil, possivelmente no ano que vem”, afirmou Adler. “O UFC volta com tudo ao Brasil em 2012. Vão ser 3 eventos, para os quais esperamos um público de mais de 70 mil pessoas”, complementou.
Maracanã
Durante o evento, Eike Batista também anunciou que pretende participar da licitação para a concessão do Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. “Vai ser uma licitação, como vocês sabem, e vai ganhar o melhor. Eu estou no páreo, sim”, afirmou. “Agora, se não for um processo transparente, nem vou participar”, acrescentou. Eike ressaltou que pretende transformar o Maracanã em local “onde a família possa passar o dia”.
“A arena do Maracanã é fantástica. Temos que transformar o Maracanã em uma arena multiuso, para a família passar o dia”, disse Eike. “Também pretendo fazer um shopping no estádio”, acrescentou.
Hotéis
Durante a coletiva de imprensa, Eike Batista também comentou sobre outros investimentos e obras que está realizando no Rio de Janeiro, especificamente o Hotel Glória e a Marina da Glória. Sobre o hotel, após sucessivos adiamentos do prazo para inauguração, a nova a previsão de abertura é no final de 2013. “Eu gostaria de fazer uma reclamação pública. Dentro das exigências, nos obrigaram a manter as paredes antigas, que tem um cimento que estaria quase colapsando. Nós tivemos que botar ‘botox’ nas paredes. Mandaram a gente fazer assim, fizemos assim”, afirmou Eike, esclarecendo os motivos da demora na reinauguração do novo Hotel Glória.
Com relação à Marina da Glória, o empresário afirmou que só aguarda a liberação por parte do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para dar prosseguimento às obras. “Não queremos passar por nenhuma das regras do Iphan. Queria que os órgãos públicos olhassem tudo com muito carinho, porque nós queremos fazer tudo com muito carinho. Não vamos economizar recursos”, enfatizou. “A Marina da Glória é um patrimônio dos cariocas, e queremos que se torne uma arena onde todos os cariocas possam chegar à água. O objetivo é abrir a Marina para todo mundo mesmo”, concluiu.
Botafoguense, Eike descartou a possibilidade de patrocinar times do futebol brasileiro. Hoje, no ramo de esportes, a EBX patrocina o RJX, time masculino de vôlei que participa da Superliga Nacional. “A gente está avaliando se vamos participar dos direitos econômicos dos atletas”, acrescentou Alan Adler.

Paulistas x cariocas“O projeto da IMX começou com uma imensa vontade de matar os paulistas de inveja. Os paulistas sempre fizeram tudo melhor. Então, essa foi a forma encontrada de superar os paulistas nesse ramo e também de contribuir para o carioca elevar a autoestima”, comentou o empresário. Eike informou que, em dois anos, pode abrir o capital da IMX na Bolsa de Valores de São Paulo.

Entre os novos eventos esportivos e culturais, Alan Adler destacou a Rio Urban, que está previsto para ser realizado durante dois dias, em novembro de 2012, apresentando arte urbana e shows musicais. “Esse projeto tem chance de ser o nosso Rock in Rio Urbano”, comparou o CEO da IMX. Além do Rio Urban, a Rio International Triathlon e o Desafio Corcovado de ciclismo são as promessas da IMX para o setor esportivo no Rio de Janeiro, no ano que vem.
“Já temos uma maratona, Então, porque não um triatlo? E o percurso vai ser lindo, com natação na praia do Arpoador, e ciclismo na Vista Chinesa”, disse Adler, empolgado. “Já o Desafio Corcovado vai sair do Horto e subir pela Vista Chinesa, até chegar ao Morro do Corcovado”, explicou.

Entre os eventos esportivos que já fazem parte do calendário nacional, Adler destacou a Megarampa, que será em São Paulo, reunindo alguns dos melhores skatistas do mundo, a Travessia dos Fortes e a segunda edição do Mundial de Futvôlei, ambos realizados no Rio de Janeiro. Além de eventos ligados aos esportes, a IMX também vai prestar consultoria, realizar shows de música e participar da construção e operação de arenas esportivas.

Eike cria nova empresa e assume etapa brasileira do UFC


Por Guilherme Serodio | Valor

RIO - O grupo EBX, do empresário Eike Batista,  se uniu à empresa IMG Worldwilde para criar a IMX. A joint venture focada em esportes e entretenimento, que terá participação de 50% de cada uma das empresas, foi formada no mês passado.

Hoje, no anúncio oficial, os empresários Eike Batista e o presidente-executivo da IMG, Michael Dolan, explicaram que o  objetivo da nova companhia é ser uma das principais empresas do setor no Brasil. O primeiro passo foi a aquisição da Brasil1 Esportes e Entretenimentos, agência carioca de marketing esportivo, responsável pela realização do UFC no Brasil e pela etapa brasileira da Volvo Ocean Race.

“A empresa pretende investir R$ 500 milhões nos próximos três a quatro anos”, disse o novo  presidente da IMX, Alan Adler, antigo sócio da Brasil1. “Viemos para ser grandes e nos consolidarmos para sermos talvez a maior de esportes e entretenimento do Brasil”.

A IMX vai dividir sua atuação em três frentes: esportes, com destaque para produção de eventos e gerenciamento de talentos, arenas e entretenimento, incluindo realização de shows e artes cênicas.

O grupo pretende ainda construir novas arenas ou operar as que serão licitadas. Segundo Adler, Maracanã é o principal objetivo da empresa na área. Eike também confirmou interesse em participar da licitação para o estádio. Segundo ele, a arena do Maracanã tem grande potencial para se transformar também em centro comercial. “A arena é fantástica se você agregar outras coisas. Não pode ser só para jogar futebol. Deveria ser um lugar passar se passar o dia todo, um shopping”, comentou o empresário, que pediu por um processo de licitação “transparente”. “Se não for um processo transparente eu nem vou participar”, concluiu.

Na área de eventos, a empresa planeja, apenas em 2012, realizar 58 eventos no país, a maioria no Rio de Janeiro. Na lista destacam-se o UFC, o mundial de futevôlei, a Ocean Race e uma prova internacional de triatlo.

A IMG é líder no setor de esportes e entretenimento no mundo,  presente  em 30 países com cerca de três mil funcionários. “O Brasil certamente é a bola da vez. Estamos muito felizes e excitados em participar deste projeto”, comentou Dolan, lembrando os grandes eventos que serão realizados no país.

Esse é o primeiro passo do empresário Eike Batista no setor de entretenimento que, empolgado, considera a iniciativa como “party time” (tempo de festa).  A empresa terá sede no Rio, como todo seu grupo. Segundo Eike, “o melhor lugar de eventos no mundo”.

(Guilherme Serodio | Valor)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Corinthians: os desafios de Marketing do campeão brasileiro de 2011


Mundo do Marketing - Você sintonizado com o Mercado



Quais são os planos do Corinthians, pentacampeão brasileiro, para destacar sua marca, ganhar espaço no cenário internacional e conquistar fãs de todas as classes

Por Fernanda Salem, do Mundo do Marketing | 08/12/2011

fernanda@mundodomarketing.com.br

Com uma das maiores torcidas do mundo e atual campeão brasileiro, não faltam motivos para o Corinthians comemorar. O desafio agora é apostar no Marketing para reforçar a marca no Brasil e também no resto do mundo. Com arrecadação anual total de R$ 300 milhões e cerca de 24 milhões de torcedores, o time pretende investir tanto no viés social quanto na classe A para conquistar mais admiradores.Corinthians, Rosenberg
O clube, em relação ao elenco, vale hoje R$ 172 milhões e é o quarto brasileiro na lista, segundo relatório da Pluri Consultoria divulgado no último dia 2. Mas o valor da imagem vai além. O time paulista está em quarto lugar mundial em questão de torcedores, atrás do Flamengo, do Rio de Janeiro, Chivas e América, ambos do México. Já em questão de presença na internet, o Corinthians é campeão: sua fan page tem o maior número de fãs entre clubes, com 1,494 mil, segundo dados do GraphMonitor.
Outro ponto são as lojas oficiais do time, chamadas de Poderoso Timão. No ranking de 2010, de acordo com a Associação Brasileira de Franquias, elas ocupam o segundo lugar das empresas do setor que mais cresceram no país, entre todos os segmentos, com uma evolução de 413% ante o ano anterior. “Ainda queremos aumentar o número de lojas, licenciar outros produtos e lançar novas camisas”, diz Luis Paulo Rosenberg (foto), Diretor de Marca do Corinthians, em entrevista ao Mundo do Marketing.
O bom momento é resultado de uma reestruturação dentro do clube. “É raro conseguir fazer uma marca que há quatro anos estava tão desvalorizada virar uma das mais valiosas do esporte brasileiro”, reconhece Rosenberg. “A necessidade de mudar a direção criou um clima de corrente solidária muito importante. A equipe de Marketing continua tendo seis pessoas, mas agora a seriedade está imposta, por isso estamos acertando”, continua Rosenberg, fazendo referência à saída de Alberto Dualib, que presidiu o clube até 2007, quando o time passou por uma de suas piores fases, culminando no rebaixamento.       
Internacionalização
Como prioridade para os próximos anos está a internacionalização da marca do Corinthians. Para isso, o clube aposta no mercado da China, mostrando que até o futebol está de olho no potencial de consumo do país mais poderoso dos BRICs. O time já está negociando para contratar um jogador chinês e tem a ambição de ajudar a fomentar o esporte no país, onde o tênis de mesa é a modalidade mais popular. Mas por que a China?
 “O mercado europeu já está muito bem atendido na questão de futebol. Existe um espaço nos Estados Unidos, mas avaliamos que a postura dos norte-americanos não tem a cara do Corinthians. Eles são mais consumidores de esporte do que engajados ou fanáticos, não têm esse lado emocional. O chinês se encaixa melhor no nosso perfil. Chegaremos lá com o gingado brasileiro, com o fanatismo corintiano e conseguiremos superar os europeus, que também tentam se destacar no país”, afirma Rosenberg.
Para reforçar o plano, vencer a Libertadores e disputar o Mundial não seria somente um presente para a torcida. A diretoria espera e torce pelo título também no âmbito do Marketing para conquistar uma exposição internacional naturalmente, sem esforço de altos investimentos.
Rumo ao topo
No Brasil, uma das principais questões para os próximos anos é se comunicar mais com o público do topo da pirâmide. Para isso, uma das medidas que o clube tomará será expandir a atuação para outros esportes, como tênis e futebol Corinthians: os desafios de Marketing do campeão brasileiro de 2011americano, além de reforçar a natação, modalidade em que o clube investe desde 2008.
Com a perspectiva das Olimpíadas de 2012 e de 2016, o time também pretende conquistar novas áreas de atuação, como no vôlei, para seguir este objetivo e também atrair novos torcedores e consumidores, além da rivalidade do futebol. “Com as Olimpíadas, poderemos avançar na direção de colocar a marca em todos os cantos”, afirma Rosenberg.
Jogada sustentável
A questão da rivalidade no campo é fomentada pelos próprios clubes, mas outra estratégia do Corinthians será aproveitar a mensagem de que é amigável em relação aos outros times e reforçar sua responsabilidade social. “Destacaremos este traço cultural, de ter uma personalidade solidária com os outros clubes. Uma coisa é incentivar a rivalidade durante as partidas, outra é estender a mão e prestigiar o coletivo”, diz Rosenberg.
Um ponto reforçado pelo Corinthians é a sustentabilidade. Hoje em dia, esta questão é apoiada principalmente pelo Time do Povo, criado em 2007. O programa tem como objetivo levar torcedores que não têm condições financeiras para assistir aos jogos, especialmente crianças.  Também são programadas visitas ao Memorial do Corinthians e parcerias com comunidades carentes, para levar os moradores a um passeio no Parque São Jorge.
Patrocínio
A torcida e a valorização do time fazem com que o clube tenha uma das maiores arrecadações de patrocínio do Brasil, recebendo em torno de R$ 50 milhões com marcas no uniforme. As principais companhias patrocinadoras são a Nike e a empresa de medicamentos Neo Química Genéricos, que também tem Goiás e Botafogo no portfólio.
“O valor para patrocinar o Corinthians é realmente caro, cerca de duas vezes mais que o do segundo colocado. Mas nas parcerias entregamos mais do que está escrito no contrato, a lealdade é absoluta. Temos uma política forte de relacionamento com os patrocinadores”, afirma Rosenberg.
A boa relação entre o time e as marcas é traduzida em ações como o vídeo divulgado pela Nike em homenagem à conquista do título de campeão brasileiro. Com o nome “#vivemos de CorinthiaCorinthians: os desafios de Marketing do campeão brasileiro de 2011ns”, o filme foca no sentimento do torcedor e é narrado pelo atual presidente Andrés Sanches, que deixa o clube na próxima semana para assumir o cargo de diretor de Seleções da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
A Tim, outra patrocinadora do time, também usou a vitória do Corinthians como ação de Marketing. A operadora lançou uma promoção, aproveitando o ritmo da comemoração alvinegra, que presenteará os torcedores até o dia 11 com 20% de desconto em qualquer aparelho de seu portfólio. Basta levar a uma loja o anúncio da promoção, válida somente em São Paulo.
Abertura da Copa
A grande responsabilidade do Corinthians para os próximos anos será a abertura da Copa do Mundo de 2014, a ser realizada no estádio do time, em Itaquera, São Paulo. “Abrir a Copa foi uma missão recebida, não uma vantagem. O incentivo só serve para adequar o estádio ao evento, ou seja, não faturamos na ampliação e ainda teremos um ano com uma receita de R$ 120 milhões sacrificada. É um ônus, não um bônus”, diz Rosenberg.
O que o clube pretende usar como trunfo de Marketing, perpassando todas as suas ações, é o sentimento de orgulho e de luta do time e da torcida, aproveitando a boa fase. “Ganhar título é ótimo, mas o nível de felicidade, autoestima e orgulho próprio que temos hoje, nunca tivemos. Vamos reforçar esse sentimento. Se eu fosse esperto eu saia agora, porque não dá para melhorar”, completa Rosenberg.