sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Marketing é o senhor dos anéis de US$ 4,871 bilhões


Receita do COI no último ciclo mostra a força de uma marca que só perde para a Apple

Claudio Nogueira

csn@oglobo.com.br

Iúri Totti

iuri@oglobo.com.br


LONDRES Os Jogos são um sucesso além de campos e quadras. No mundo dos negócios, as Olimpíadas estão no pódio das marcas mais valorizadas do mundo. De acordo com o Guia para a Mídia do Comitê Olímpico Internacional, entre 2009 e 2012, o marketing esportivo rendeu à entidade US$ 3,914 bilhões em direitos de transmissão de rádio, TV e internet, e mais US$ 957 milhões em recursos pagos por patrocinadores (em média US$ 87 milhões para cada), totalizando US$ 4,871 bilhões.

De acordo com a Brand Finance, consultoria especializada em marcas, as Olimpíadas têm um valor de mercado de aproximadamente US$ 47,6 bilhões - 134 vezes maior que o Banco Nacional da Grécia, em Atenas, onde os Jogos começaram, em 1896 -, perdendo apenas para a Apple, considerada a mais valiosa do mundo, com US$ 70,6 bilhões.

Segundo Roger Yin, CEO da Honav UK Ltd, subsidiária britânica de uma companhia chinesa detentora dos direitos de fabricação de produtos licenciados, os Jogos têm lucratividade garantida.

- As Olimpíadas são um dos mais bem-sucedidos negócios do mundo - afirmou, ao "China Daily", o empresário, que já pensa nos Jogos do Rio-2016. - Faltam 1.457 dias e temos de fazer o melhor.

Atualmente, 11 empresas estão entre os patrocinadores masters: Coca-Cola, General Electric, Procter&Gamble, Acer, McDonald's, Samsung, Atos, Omega, Visa, Dow Chemical e Panasonic.

Noventa por cento desses parceiros renovam seus contratos com o COI anualmente. A Coca-Cola, por exemplo, está nos Jogos desde a edição de Amsterdam-1928. No período de 1993 a 1996, entre Barcelona-1992 e Atlanta-1996, o marketing do COI movimentava US$ 2,6 bilhões, sendo US$ 1.251 bilhão em direitos de transmissão. Em Pequim-2008, esses valores subiram para US$ 5,450 bilhões, sendo US$ 2,570 bilhões em direitos de transmissão.

- O símbolo olímpico está presente todos os dias ao redor do planeta por meio dos comitês nacionais e de numerosas associações. Ele cresceu para se tornar uma das marcas mais reconhecidas do mundo, servindo como um verdadeiro embaixador visual do Movimento Olímpico - disse o presidente do COI, Jacques Rogge.

Os Jogos de Londres têm uma audiência de TV potencial de 4,8 bilhões de pessoas, ao longo de 5,6 mil horas de transmissão, chegando a mais de 200 países e territórios. Pela primeira vez, as Olimpíadas têm transmissão em HD e 3D.

- Essa produção das primeiras Olimpíadas em 3D ao vivo farão de Londres-2012 um dos fatos mais significativos na história da tecnologia de transmissão - disse Manolo Romero, CEO da Olympic Broadcasting Services, responsável pela geração das imagens.

Um exemplo da lucratividade do megaevento é a Samsung, indústria de eletrônicos que era pouco conhecida fora da Coreia do Sul, até associar-se ao COI, em 1997. Mesmo em meio à crise que assolou a Ásia na época, a companhia resolveu encarar o desafio.

- Foi uma decisão difícil, mas acertada - conta Sunny Hwang, diretor de marketing esportivo da Samsung ,ao "China Daily". - Nossa marca vale hoje US$ 25 bilhões, cinco vezes mais do que em 2000. O marketing esportivo teve um papel significativo nisto.

Nem só os patrocinadores masters do COI estão satisfeitos. Há também um cartel de patrocinadores, parceiros e fornecedores desta edição, como Adidas, BMW, British Airways, British Telecom. A primeira investiu cerca de US$ 156 milhões para elevar seus lucros e tentar reduzir a diferença que a separa da líder do mercado, a Nike. Além de produzir todo o material do evento, a empresa mantém contratos com grandes atletas como o jamaicano Yohan Blake, prata nos 100m e 200m, e o americano Tyson Gay.

De acordo com analistas ouvidos pelo "The Wall Street Journal", a Adidas deverá ter um lucro de US$ 201 milhões neste segundo semestre, numa elevação de 18% em relação a igual período no ano passado. E as vendas registraram um aumento de 15% neste ano, alcançando US$ 5,2 bilhões.

Se a Adidas tem viés de alta, por patrocinar a seleção espanhola e a equipe campeã da Volta da França, as rivais Nike e Puma já anunciaram recentemente que os negócios andam em ritmo mais lento nos últimos meses.
Jornal: O GLOBOAutor:  
Editoria: EsportesTamanho: 736 palavras
Edição: 1Página: 6
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Caderno: Esportes

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