quarta-feira, 17 de maio de 2017

Ingressos encalham e Copa das Confederações não empolga russos

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FÁBIO ALEIXO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MOSCOU 17/05/2017 02h00

Teste para o Mundial de 2018, a Copa das Confederações serve como termômetro para a Fifa.

Enquanto comemora a situação dos estádios prontos a um mês da abertura, a entidade vê uma realidade fria e de quase indiferença dos russos em relação ao torneio que terá, além da seleção nacional, a campeã mundial Alemanha e Portugal, com Cristiano Ronaldo. 

São dois os grandes problemas: a baixa procura por ingressos e a falta de acordo com emissoras locais para transmissão das partidas. Se a competição começasse agora, não haveria difusão em televisão para a maioria dos 144,4 milhões de habitantes do país. 

Nem em locais públicos isso será possível, uma vez que na Copa das Confederações não haverá as tradicionais Fan Fests. O desencontro com as televisões afeta também transmissões por telefones celulares e pela internet. 

De acordo com a empresa Telesport, especializada na aquisição de direitos e que fez proposta conjunta das emissoras estatais Canal 1, VGTRK e Match TV, o valor cobrado pela Fifa é exorbitante. 

Peter Makarenko, chefe da empresa, disse que os direitos conjuntos para exibição da Copa das Confederações e da Copa custam US$ 120 milhões (R$ 374,5 milhões). 

Trata-se de um valor quase quatro vezes maior do que o pago há quatro anos para os eventos no Brasil. À época, foram cobrados US$ 32 milhões (R$ 100 milhões). "As negociações estão em andamento e atualizações serão dadas no tempo correto. Não temos mais comentários sobre o tema", afirmou um porta-voz da Fifa à Folha. 

Ao redor do mundo, a transmissão seja por telefone ou internet já está garantida em 134 territórios. No Brasil, a competição será exibida pela Globo, Band e SporTV. 

ENCALHE

No total, foram disponibilizados 696 mil tíquetes para a Copa das Confederações, mas até a última atualização oficial, em 3 de maio, só 300 mil haviam sido vendidos. A Fifa afirmou à Folha que o número tem crescido, já que os postos de venda fixa já foram abertos nas quatro sedes (Kazan, Moscou, São Petersburgo e Sochi) e a venda via internet não exige mais fila de espera.

Porém, novos números não foram fornecidos. Das 16 partidas do campeonato, a única para a qual já não é possível comprar ingresso é Rússia x Portugal, em 21 de junho, em Moscou. Para as outras 15 sobram entradas em todos os setores. Nem mesmo a abertura (Rússia x Nova Zelândia, em São Petersburgo) tem lotação máxima, bem como a final, que ocorrerá na mesma arena. 

Há quatro anos, no Brasil, o jogo de abertura entre a seleção e o Japão se esgotou em fevereiro. Os demais jogos do time nacional se esgotaram antes do início do evento. O preço pode ser uma explicação. À exceção da categoria 4, voltada a residentes russos e cujas entradas precisam ser pagas em rublos a um valor de 960 (R$ 53), na fase de grupos as demais categorias não saem por menos de US$ 70 (R$ 218).

"Queria ver Rússia x Portugal, mas me informaram que está esgotado. Estou pensando em ver Camarões x Chile aqui em Moscou, mas os ingressos estão muito caros. Deveriam ser mais baratos", disse o malaio Shurgan Surish, estudante de medicina.

Ele e o russo Venceslav Kostov foram duas pessoas das apenas oito que entraram no centro de venda de tíquetes de Moscou nos 40 minutos em que a reportagem esteve presente ao local. 

A divulgação também não é grande até o momento. Nos principais pontos turísticos, nos trens do metrô e nas vias de Moscou não há propagandas da competição. Nas proximidades da Praça Vermelha, um modesto relógio marca apenas o tempo que falta até a Copa do Mundo. 

Não há qualquer menção ao torneio que se aproxima. A maior ação promocional tem ocorrido aos fins de semanas, com a montagem de um parque temático em cada uma das quatro cidades-sede, com a presença de ex-campeões da Copa das Confederações e do troféu oficial da competição.

TESTE

Os quatro estádios que serão usados na Copa das Confederações já foram inaugurados e testados
O último a abrir as portas foi o de São Petersburgo, em 23 de abril. A ressalva foi o gramado, que estava longe das condições ideais para um jogo. Ele só será usado novamente na Copa das Confederações. A arena foi a que mais tempo levou para ser concluída. Foram dez anos entre o início, em 2007, e o fim das obras, em 2017. O estádio de Moscou (Arena Otkritie), inaugurado em 2014, tem recebido os jogos do Spartak Moscou, que na semana passada foi campeão russo.

A última partida no local antes da Copa das Confederações será realizada nesta quarta (17), entre o Spartak e o Terek Grozny. Em Sochi, o estádio projetado para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 foi usado em 28 de março no empate em 3 a 3 entre Rússia e Bélgica, que serviu oficialmente como teste para os organizadores. Foi usado também na final da Copa da Rússia em 2 de maio, que terminou com triunfo do Lokomotiv por 2 a 0 sobre o Ural. 

Apenas 24.500 pessoas estiveram presentes na arena para 47.659 espectadores. Já o estádio de Kazan foi aberta para a Universíade de 2013 e é casa do Rubin Kazan, time da cidade que disputa a primeira divisão. Assim como no Brasil, o estádio da abertura da Copa do Mundo não será usado na Copa das Confederações. Em 2013, o Itaquerão estava longe de estar concluído. 

Em Moscou, o Estádio Luzhniki passa por grande renovação para se adaptar às exigências da Fifa, a exemplo do que houve no Maracanã. A taça já passou por Moscou, Kazan e Sochi. No próximo final de semana estará em São Petersburgo, palco da abertura e da decisão.

http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/05/1884650-ingressos-encalham-e-copa-das-confederacoes-nao-empolga-russos.shtml

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