domingo, 6 de maio de 2012

Garotos propaganda

Tarja do Tema em Foco: Negócios do esporte

Quando Pelé vendia imóveis - e Senna anunciava poupança

Propagandas estreladas por grandes ídolos do esporte são lembradas até hoje

Em muitos casos, o produto já até deixou de existir, mas o consumidor ainda lembra do ídolo no comercial
Com a programação esportiva na TV brasileira em crescimento, aumenta também a produção de comerciais dedicados a ocupar os intervalos dessa programação. Para atrair a atenção dos espectadores desse tipo de atração, nada melhor que convocar os próprios protagonistas do espetáculo. Neymar, por exemplo, já soma onze contratos publicitários. Faz propagandas para o Guaraná Antarctica, para os carros da Volkswagen, para as meias e cuecas Lupo e até para o Tenys Pé Baruel. A estratégia de contratar ídolos dos gramados, das quadras e das pistas para rechear os anúncios da programação esportiva, porém, não é nova. Todos os grandes nomes do esporte brasileiro protagonizaram campanhas publicitárias desse tipo. Alguns, como Pelé e Gerson, em filmes mais inusitados, divulgando imóveis ou cigarros; outros mais recentes, como Ronaldo e Romário, ajudando a vender o produto que costuma ser mais ligado ao torcedor: a cerveja. Vários desses anúncios acabaram virando clássicos da TV - e, para sorte dos anunciantes, são lembrados até hoje pelo consumidor brasileiro (ainda que, em muitos casos, o próprio produto já tenha deixado de existir, como o Kichute de Zico, o Atari de Pelé e o Banco Nacional de Senna). Essa estratégia de marketing, porém, pode sofrer uma restrição: conforme revela o Radar on-line neste domingo, um projeto em tramitação no Congresso tenta vetar a participação de esportistas em propagandas de bebidas alcoólicas.

Garotos-propaganda do esporte: os comerciais com atletas

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Pelé e Xuxa

Anúncio da Franciso Xavier Imóveis

Por que os grandes clubes sofrem para arrumar patrocínios

Tarja do Tema em Foco: Negócios do esporte

Flamengo, Corinthians e São Paulo estão em destaque na TV, mas sofrem para encontrar interessados em estampar camisas. E a culpa é dos próprios cartolas

Giancarlo Lepiani, com reportagem de Davi Correia
Lucas comemora gol pelo São Paulo
Lucas comemora gol pelo São Paulo: o jovem craque é uma das apostas da seleção na Olimpíada e na Copa do Mundo e o clube é um dos mais populares do país, mas camisa ainda não tem patrocinador em 2012 (Nelson Antoine/Fotoarena)
"A solução seria melhorar o departamento de marketing dos clubes, oferecer aos patrocinadores mais alternativas", afirma Amir Sommoggi. "Assim, as empresas veriam as grandes equipes como geradores de negócios, não apenas de exposição na mídia"
A duas semanas do início da principal competição do futebol brasileiro, os três clubes mais populares do país têm um problema em comum. Flamengo, Corinthians e São Paulo entrarão na competição sem patrocínio nos espaços nobres de suas camisas, apesar da grande exposição de seus uniformes no Campeonato Brasileiro. As três agremiações somam cerca de 70 milhões de torcedores. Todas têm elencos caros e chances reais de conquistar o título. As partidas serão exibidas ao vivo por duas emissoras de TV aberta e um canal por assinatura, sem contar as transmissões no sistema pay-per-view. Ainda assim, esses três clubes penam para arrumar empresas interessadas em estampar suas marcas nas camisas vestidas por ídolos como Ronaldinho Gaúcho, Lucas e Luís Fabiano. Se não conseguirem fechar novos contratos a tempo, os times vão estrear no Brasileirão com uniformes inusitados - com logotipos pequenos de anunciantes menos conhecidos (como escolas de inglês) nos ombros ou na barra das camisas, mas com espaços em branco no peito e nas costas, espaço reservado às cotas mais caras de patrocínio no futebol. Até poucos anos atrás, só clubes pequenos vendiam esses espaços periféricos. Hoje, essa estratégia virou um paliativo para os grandes clubes que não conseguem encontrar um patrocinador generoso o bastante para custear toda a receita de marketing pretendida por seus cartolas.
Leia também: Os motivos da invasão do esporte na televisão brasileira

"O problema é que os clubes ainda não conseguiram incrementar seu negócio a ponto de aumentar o interesse das marcas", avalia Amir Somoggi, diretor da área de consultoria esportiva da BDO. Para ele, o patrocínio de futebol está ficando caro demais para as empresas - os clubes têm aumentado suas pedidas na hora de negociar, sem oferecer as contrapartidas necessárias para fazer o contrato valer a pena. A começar pelo fato de um patrocinador ter de brigar por destaque com o logotipo de outras empresas num mesmo uniforme. "As empresas já perceberam que não vale pagar 30 milhões de reais na camisa de um clube e dividir espaço com outras marcas", destaca Erich Beting, especialista em marketing esportivo. Na opinião de Amir Somoggi, os clubes brasileiros ainda trabalham o patrocínio num modelo ultrapassado, em que o acordo financeiro com a empresa se resume à exposição do logotipo na camisa e nada mais. "A solução seria melhorar o departamento de marketing dos clubes, oferecer aos patrocinadores mais alternativas", afirma Sommoggi. "Assim, as empresas veriam as grandes equipes como potenciais geradores de negócios, e não apenas de exposição na mídia." O melhor exemplo desse novo enfoque no marketing do futebol é encontrado na Inglaterra, casa do clube mais valioso do planeta. De acordo com ranking divulgado pela Forbes, o Manchester United fechou 2011 valendo nada menos que 2,2 bilhões de dólares. Sua receita total no ano foi de 1 bilhão de reais. Desse montante, 308 milhões vieram de patrocínios, sete vezes mais que o Corinthians, campeão brasileiro nesse quesito (veja na tabela abaixo). No ano passado, o United fechou um novo contrato com a empresa de entregas americana DHL. Pelo acordo, o clube receberá 30 milhões de reais anuais durante quatro anos para estampar o logotipo da DHL, mas apenas nos trajes de treino, nunca nas partidas. Para um clube brasileiro, é um valor espetacular até para um contrato de patrocínio master, com direito a logotipo na camisa de jogo, em placas no estádio e nos panos de fundo das entrevistas coletivas.

 RECEITA COM MARKETINGRECEITA TOTAL DO FUTEBOL EM 2011
Man United
R$ 308 mi
R$ 1 bilhão
Corinthians
R$ 44 mi
R$ 258 mi
São Paulo
R$ 41 mi
R$ 200 mi
Flamengo
R$ 43 mi
R$ 164 mi
Carros e aviões - A Europa é um mercado muito mais rico que o Brasil, evidentemente. Mas não é só isso que explica a diferença de patamar quando se trata de contratos de patrocínio no futebol. As alternativas de negócio citadas por Amir Somoggi como melhor caminho para os clubes brasileiros dispostos a lucrar mais com patrocínios já são adotadas pelos supertimes europeus. Para seguir no exemplo do Manchester United, a Turkish Airlines, uma das companhias aéreas que mais crescem no mundo, fechou recentemente um contrato milionário com os ingleses. Assim como a DHL, ela não tem espaço no uniforme da equipe. A ligação entre as marcas é feita de outras formas - com ações institucionais, por exemplo. Quem embarca num avião da Turkish é pego de surpresa por um vídeo de segurança diferente. Ao invés das aeromoças, ídolos da equipe, como Rooney e Nani, fazem as demonstrações de como agir em caso de emergência (assista no quadro abaixo). No segundo clube mais valioso do planeta, o Real Madrid, os anéis da montadora alemã Audi não aparecem na roupa dos jogadores. Mas a agremiação espanhola fatura todos os anos com ações de marketing conjuntas com o patrocinador - como a entrega de carros zero quilômetro aos jogadores (confira as imagens a seguir). No ano passado, o terceiro na lista da Forbes, o Barcelona, fechou um contrato similar, também com a Audi. A rivalidade acirrada entre os dois clubes não impediu que tanto o Real como o Barça acertassem com os alemães. A montadora espalhou por todo o planeta imagens tanto de Messi como de Cristiano Ronaldo ao lado de seus automóveis novinhos, todos da mesma marca. Enquanto isso, no Brasil, a disputa entre os clubes e a falta de profissionalismo dos dirigentes transformam-se em obstáculos adicionais na missão de fechar um bom patrocínio.
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Manchester United e Turkish Airlines

Vídeo de segurança a bordo da companhia aérea turca

No início do ano, uma oportunidade de ouro apareceu para preencher os espaços vazios nas camisas e salvar as contas de Flamengo, Corinthians e São Paulo. A montadora sul-coreana Hyundai, patrocinadora oficial da Copa do Mundo de 2014 e empresa em ascensão no mercado automotivo brasileiro, ensaiou um contrato simultâneo com os três clubes de maior torcida do país. Não seria a primeira vez que clubes rivais teriam o mesmo patrocínio: na Copa União, em 1987, a Coca-Cola colocou sua marca nas camisas de quase todas as equipes do torneio. No Rio Grande do Sul, Grêmio e Internacional também têm patrocínios em comum. A novidade no caso da Hyundai seria o tamanho do negócio - os valores praticados nos anos 1980 são ínfimos se comparados aos contratos atuais, e a operação costurada pela Hyundai mexeria com os dois principais mercados consumidores do país. Mas, para desespero dos cartolas, a transação esfriou e pouca gente acredita que o acordo ainda vá sair. Os próprios dirigentes, porém, acabaram azedando o negócio. As conversas com os coreanos acabaram sendo dominadas pelas disputas entre os três concorrentes. O Corinthians se dizia próximo de acertar um valor próximo dos 50 milhões de reais por ano. O Flamengo queria receber valor idêntico ou superior ao dos corintianos, já que têm a torcida mais numerosa. Os são-paulinos, por sua vez, brigavam por um contrato próximo dos flamenguistas, pois sustentam ter uma marca valorizada e uma fatia maior dos torcedores jovens. De acordo com informação do Radar on-line de VEJA, o Flamengo acabou se conformando em ganhar menos que o Corinthians, mas nem sequer cogitava ser igualado ao São Paulo. A Hyundai, ao que parece, perdeu a paciência com o trio. E os clubes, já no quinto mês do ano, ainda seguem à procura de anunciantes.
Wagner Meier/ Fotoarena
Ronaldinho, do Flamengo: ao contratar o craque, o clube esperava uma fila de patrocinadores dispostos em associar sua imagem ao time. O fracasso dentro de campo é apontado como um dos motivos da escassez de interessados
Fiasco: ao contratar Ronaldinho, o Flamengo esperava uma fila de patrocinadores dispostos em associar sua imagem ao time. O fracasso dentro de campo é apontado como um dos motivos da escassez de interessados em colocar sua marca na camisa mais popular do país
Medo de perder - Enquanto os clubes demoram a entender a nova lógica do mercado e custam a oferecer oportunidades mais completas de negócio, as próprias empresas já tomam a iniciativa de buscar alternativas para ligar suas marcas ao esporte. "Elas já estão percebendo que pode valer mais a pena se posicionar de outra forma, com uma presença mais próxima dos torcedores, ao invés de apenas colocar um logotipo numa camisa", diz Erich Beting. "A Ambev, por exemplo, já faz esse trabalho muito bem. Investiu nas reformas dos centros de treinamento dos clubes do Rio e em outras ações que não envolvem patrocínios no uniforme." É justo dizer, contudo, que a culpa pela escassez de bons negócios no setor não é só dos cartolas e da estrutura pouco profissional dos grandes clubes. "Fechar patrocínio não é uma situação fácil em lugar nenhum. E nem todas as empresas brasileiras têm a visão correta na hora de negociar com as equipes", lembra José Carlos Brunoro, diretor-presidente da Brunoro Sport Business. De acordo com ele, ainda há muitos executivos que têm receio de investir no esporte por um simples motivo: avaliam que o sucesso de um contrato está ligado aos resultados do clube no campo, e não a outras variáveis como fidelização do torcedor e a valorização de uma marca em novos mercados. "Eles acham, em resumo, que é ruim para o produto se o time perde", afirma o especialista. "E esse é outro desafio dos profissionais de marketing esportivo no país. É preciso mostrar que o esporte é uma ferramenta de comunicação completa. Não é só o resultado que justifica o patrocínio. E não é só o clube que é responsável por fazer o negócio ser lucrativo para todos."

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Chelsea: Precisamos urgentemente de um novo estádio


Entrevista do executivo-chefe do clube londrino, Ron Gourlay, revela que a construção de um novo estádio é fundamental para o futuro do clube. E aqui no Brasil ?
Existe uma meia dúzia de abnegados que acompanham esse blog desde os seus primeiros dias de vida, ou seja, desde fevereiro de 2008. Talvez alguns deles se lembrem de que em um dos primeiros posts que escrevi, formulei uma das minhas maiores crenças em relação ao assunto arenas esportivas no Brasil. Reescrevo-a.
“O grande clube brasileiro de hoje, deixará de sê-lo em no máximo 15 anos, se não dispuser de uma arena esportiva moderna, de boa capacidade, com muitas opções de receitas, e capaz de proporcionar conforto e segurança a seus frequentadores”. O verbo “dispor” não pressupõe necessáriamente a propriedade do imóvel, mas sim, o seu direito de uso e exploração comercial.
Pois bem, essa semana, Ron Gourlay, executivo-chefe do Chelsea, foi claro e direto. Ou o Chelsea constroi um novo estádio, que respalde a estratégia de crescimento futuro do clube, ou estará fora da elite européia em pouco tempo.
O estádio atual, Stamford Bridge, tem capacidade para apenas 42 mil torcedores, e não faz parte dos estádios top 30 da Europa, o que se contrapõe ao status do Chelsea como um dos top 7 em termos financeiros.
“Se quisermos nos manter nessa elite, teremos que aumentar nossas receitas de match-day, que serão chave para nossa sobrevivência e realimentação futura da equipe de futebol, principalmente nesses tempos de Financial Fair Play”, continua.
Porém, a decisão de construir uma nova arena não será fácil. Em 1997, Stamford Bridge foi adquirido por um grupo de investidores, chamado Chelsea Pitch Owners (CPO), com o objetivo de proteger o patrimônio do clube que então passava por grave crise financeira, que defendem apenas a expansão do estádio atual.
“Esse projeto de expansão é totalmente inviável, pois além de custar 600 milhões de libras, ficaremos sem “casa”, e portanto sem faturamento e com gastos extras de aluguel, por pelo menos 3 anos. Será a ruína do clube.”, continua.
Lembrando que o Chelsea receberá 45 mi de libras (recorde de todos os tempos) de direitos de TV para a transmissão da final da Champions League em maio, acrescido de um bônus de 2.8 mi de libras caso levante a taça.
A seguir a capacidade de Stamford Bridge comparada a dos estádios utilizados pelos 6 clubes top da Europa.
•Barcelona 100,000
•Real Madrid 85,000
•Manchester United 76,000
•Bayern Munich 66,000
•Arsenal 60,000
•Liverpool 45,623
•Chelsea 42,000
Parece que alguns clubes brasileiros já acordaram para o fato, mas outros seguem dormindo. Enquanto isso, parte da mídia, ainda discute questões como “estádio de uma torcida só”, proibição de venda de cerveja, meia-entrada para quase 60% da população e outras bobagens.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Marketing esportivo dos clubes europeus


    meio & mensagem 


Amir Somoggi

17 APR 2012

marketing esportivo






Atualmente nossos clubes somente enxergam o patrocínio como uma ferramenta de geração de visibilidade para as marcas patrocinadoras e o reflexo disso é o uniforme dos times repletos de marcas. E as empresas acabam também enxergando de forma muito limitada essa fantástica ferramenta de marketing, utilizando os clubes pura e simplesmente como mídia.

Tudo isso está produzindo um efeito péssimo para nosso mercado, já que os clubes querem cada vez mais recursos por esses espaços e as empresas começam a se questionar se somente retorno de mídia é suficiente para pesados investimentos.

Para tentar explicar o caminho que devemos trilhar, decidi apresentar três exemplos de clubes europeus que trabalham muito bem o seu marketing. São os três clubes que mais faturam no futebol europeu atualmente: Real Madrid, Barcelona e Manchester United.

Real Madrid

O clube de Madrid gera mais de 170 milhões de euros em seu departamento de marketing. O clube tem mais de 13 empresas associadas ao clube, mas somente a Bwin e Adidas aparecem em seus uniformes. O clube conseguiu fortalecer sua área de marketing atraindo empresas interessadas em desenvolver ações de marketing e vendas em diferentes canais do clube. 

Um bom exemplo é a parceria com a Movistar (empresa de telefonia móvel da Telefônica na Espanha), que não aparece nos uniformes mas atua de forma diferenciada em diferentes serviços tecnológicos do clube. 

Nos últimos oito anos as receitas de marketing do clube cresceram 100%.

Barcelona

O Barça gera mais de 150 milhões de euros por ano em marketing. O clube conta com mais de 17 marcas associadas ao clube, mas somente a Qatar Foundation e a Nike estão estampadas em seu uniforme. O clube mantém uma parceria coma Unicef em que paga um valor para a entidade, que tem espaço em seu uniforme e na TV3, televisão da Catalunha. As receitas com marketing do clube cresceram mais de 247% nos últimos oito anos, impulsionado projetos de globalização de sua marca, associação com empresas que vai muito além de espaços publicitários em seus uniformes e projetos próprios com torcedores e empresas.

Uma das marcas mais associadas ao clube é a cervejaria Estrella Damm, que não aparece nos uniformes, mas é a cerveja oficial do clube. Outra mais recente e que também apresenta excelente retorno é a Turkish Airlines, companhia aérea oficial do clube.

Manchester United

O Manchester foi sem dúvida o precursor do desenvolvimento comercial do futebol europeu. O time foi o primeiro a buscar a internacionalização de seus negócios e serviu de inspiração para que outros clubes do futebol europeu seguissem o mesmo caminho. Atualmente o clube gera mais de 110 milhões de euros em receitas de marketing e conta com 27 marcas patrocinadoras, mas somente AON e Nike estão estampadas em seu uniforme. As receitas comerciais do clube cresceram 59% nos últimos oito anos.

O clube se diferenciou dos demais, pois além de seus parceiros globais, conseguiu negociar patrocínios focados em mercados específicos, como da Ásia e Oriente Médio.

Assim, as estratégias de patrocínio dos clubes europeus deveriam servir de referência para nosso mercado. Os clubes brasileiros devem investir pesado em suas marcas e seus negócios e buscar parceiros interessados nessa expansão. Nosso mercado precisa evoluir, para deixar de ser um gerador de mídia e se transformar em um fomentador de negócios e oportunidades.

Os exemplos pelo mundo comprovam isso. Basta que os responsáveis pelo marketing dos clubes brasileiros “saiam da caixa”
.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O golpe de mestre da UFC


Saiba como o lutador Vitor Belfort quer transformar a modalidade de artes marciais que mais cresce no mundo em um negócio bilionário no País.

Por Rosenildo Gomes FERREIRA e Marcio ORSOLINI
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Confira a entrevista com o editor-assistente de negócios da DINHEIRO, Rosenildo Gomes Ferreira
 


Em 2001, o carioca Vitor Belfort fez uma das maiores apostas de sua vida ao investir quase todas as suas economias na Nasdaq, a bolsa eletrônica na qual são negociados os papéis de empresas de tecnologia dos Estados Unidos. Sofreu um nocaute técnico quando a bolha da internet estourou, logo depois, e quase foi à lona no primeiro round de sua vida financeira. “Perdi muito dinheiro,” diz Belfort, sem revelar o montante. Lutador experiente, que conquistou aos 19 anos o primeiro título mundial do MMA (sigla de artes marciais mistas, em inglês), acostumado a aprender até com a derrota, Belfort lembra que o nocaute financeiro  lhe deixou algumas lições preciosas. 

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Vitor Belfort, o CEO da UFC: "Sempre administrei minha carreira
como se fosse uma empresa"
 
A principal delas foi a de jamais aplicar o dinheiro ganho em combates e nos contratos de patrocínio, cerca de US$ 5 milhões por ano, de acordo com estimativas do mercado, em setores nos quais não possua um mínimo de conhecimento. Hoje, aos 35 anos, com 23 títulos no currículo, ele começa a preparar o terreno para assumir a carreira empresarial em tempo integral. Com isso, terá fim a rotina de desferir socos, cabeçadas e chutes, até finalizar – golpe que imobiliza o oponente, forçando-o a desistir da luta – os adversários no octógono. “Sai o lutador e entra em cena o CEO da UFC”, afirma. O MMA atualmente é uma verdadeira máquina de fazer dinheiro. A Ultimate Fighting Championship (UFC), principal promotora desse tipo de evento no mundo, possui um valor de mercado estimado em US$ 1 bilhão. 
 
Atingiu esse patamar graças à grande penetração da modalidade, cujas lutas são transmitidas para um bilhão de residências em todo o planeta. Foi isso que despertou o apetite de potências do mundo dos negócios, como a fabricante de motocicletas Harley-Davidson, a emissora Fox e a Budweiser, a cerveja mais vendida nos EUA. No Brasil, a lista não é menos portentosa: a filial da Procter & Gamble (P&G), a operadora de tevê por assinatura Sky e a Rede Globo são algumas das que se associaram ao MMA. É com esse novo público que Belfort pretende ter um contato mais próximo daqui para a frente. Sua missão: transformar a modalidade no segundo esporte mais popular do Brasil, atrás apenas do futebol. Na cena global, o MMA já desponta como o terceiro esporte mais popular, perdendo para o futebol e a para a Fórmula 1. 

No Brasil, a cada semana ele ganha a adesão de um contingente cada vez maior de fãs.  Isso pode ser medido pelo crescimento do número de praticantes de MMA e de academias que estão oferecendo a modalidade nas principais cidades do País. Hoje, existem 300 atletas profissionais. Boa parte desse fenômeno se deve ao campeão mundial dos pesos médios Anderson Silva, considerado “o rosto do MMA”. Até 2010, ele era um desconhecido do público brasileiro. Mas a partir de fevereiro 2011, quando venceu o próprio Belfort, aplicando-lhe um chute certeiro no rosto em uma luta memorável,  em Las Vegas, sua popularidade cresceu estratosfericamente. Hoje, ele é um popstar do quilate de um Neymar, o camisa 11 do Santos e da Seleção Brasileira. 
 
Sua participação  em programas de tevê é disputada a tapas, pois a simples presença do atleta mexe com os índices de audiência – para cima, é claro. Sua carreira é administrada pela agência  9ine, de Ronaldo Fenômeno, a mesma que cuida da vida profissional de Neymar. O rol de patrocinadores mudou também de patamar. Transformado num dos queridinhos dos anunciantes, Silva é o único atleta da categoria patrocinado pela americana Nike. Nos últimos meses, ele dividiu seu tempo entre treinos, lutas no octógono e uma série de comerciais para tevê. Como garoto-propaganda, estrelou comerciais para empresas do naipe da Ford, Burger King, Honda Motos e Budweiser, que renderam 413 inserções na tevê em 2011 e 97 no primeiro trimestre de 2012, de acordo com o boletim Controle da Concorrência, publicado pela consultoria paulistana FW Comunicação e Marketing. 
 
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Se Silva é uma espécie de Pelé para o MMA, Belfort será o cartola encarregado de aumentar o número de adeptos e aficionados pelo esporte. Sua transição de lutador para homem de negócios começou a ser planejada em 2010, quando se mudou para Las Vegas com a mulher, Joana Prado, e os três filhos. A cidade abriga a sede da UFC. Nesse período, Belfort intensificou a leitura de livros sobre negócios e passou a acompanhar palestras do bilionário americano Warren Buffett, dono da Berkshire Hathaway. No Brasil, seu principal guru é o empresário Eike Batista. “Para crescer e aumentar minha influência na categoria, tinha de estar perto do centro de decisões,” diz Belfort. A opção se mostrou acertada. O todo-poderoso Dana White, CEO e sócio da UFC, viu nele o executivo ideal para ajudá-lo a abrir caminho no Brasil e o encarregou de atuar como o porta-voz da UFC por aqui. 
 
“O Vitor sempre foi um grande embaixador do esporte”, afirma White. “Não poderia pensar em ninguém melhor para trabalhar conosco.” (leia entrevista ao final da reportagem) Foi Belfort, por exemplo, quem fez a ponte entre a  Sky e a UFC. “White e seus sócios estimulam as pessoas a gerar negócios e estão sempre dispostos a ouvir sugestões”, diz Belfort. O contrato final para a transmissão das lutas foi negociado pela IMX, controlada por Batista e promotora oficial das lutas da UFC no País. Para se relacionar com as empresas e gerenciar a carreira de atletas, Belfort criou a Vitabel, cujo destaque no portfólio é o lutador César Mutante, e a Kyvida Marketing Esportivo. O crescimento no número de negócios que gravitam em torno da UFC é fruto direto do trabalho desenvolvido por White, ex-empresário de lutas de boxe, e pelos irmãos Frank e Lorenzo Fertitta, herdeiros de cassinos em Las Vegas. 
 
Em 2001, eles pagaram US$ 2 milhões para assumir o controle da UFC, criada pelo brasileiro Rorion Gracie, em 1993, mas que se encontrava em decadência por ser identificado como sinônimo de vale-tudo. Hoje, essa imagem vem perdendo força, graças à adoção de um manual com regras rígidas de conduta para os lutadores. Com isso, a UFC ganhou musculatura. As lutas, que começaram nos EUA, no Canadá e no Japão, chegaram ao Brasil em 2011. Até junho, White espera levar o espetáculo para a Suécia e Índia. O rápido avanço do esporte atraiu a atenção de investidores de peso, especialmente no Brasil. A Rede Globo é uma das que estão apostando alto no MMA. No fim de 2011, a  emissora pagou R$ 18 milhões para tirar a atração da Rede TV!, que lançara a UFC no País. 
 
O acordo prevê a transmissão de seis lutas neste ano, sendo três delas realizadas no Brasil. Além disso, a Globo está exibindo o reality show The Ultimate Fighter – Em Busca de Campeões, mais conhecido pela sigla TUF. São duas equipes de lutadores treinadas por Belfort e por seu velho adversário Wanderlei Silva. Desde sua estreia, no domingo 25 de março, o programa semanal manteve a média de 11 pontos no Ibope. De acordo com a direção da Globo, esse número representa um incremento de 10% para o horário. O vencedor receberá como prêmio um contrato com a UFC no valor estimado de R$ 100 mil. A final acontece em 23 de junho, durante o UFC 147, no estádio Engenhão, no Rio. Uma das atrações da noite será a revanche entre Belfort e Wanderlei. Na última vez que eles se enfrentaram, em 1998, Belfort  levou a melhor. 
 
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O evento é visto como um importante passo para a consolidação da modalidade no Brasil. Isso porque pela primeira vez uma luta  será realizada em um estádio de futebol, com público estimado em quase 50 mil pessoas. Até agora, os combates vinham sendo realizados em arenas montadas em casas de espetáculo. A mudança é proporcional ao avanço do MMA, tanto no aspecto esportivo quanto de geração de negócios. Uma boa medida está nas vendas de cerca de 500 produtos licenciados com a marca UFC, que atingiram US$ 140 milhões, em 2011, no Brasil. “Trata-se de um recorde na América Latina”, diz Marcus Macedo, CEO da Exim Licensing, que representa a UFC na região e possui licenças de personagens dos estúdios DreamWorks, como o ogro Shrek. “Até então, nenhuma marca ou personagem havia atingido esse volume de recursos em um tempo tão curto”, afirma Macedo. 
 
Agora, ele está trabalhando na comercialização de licenças da marca TUF, usada no reality show. “Serão roupas e acessórios mais populares, que serão vendidos até mesmo em supermercados.” Vincular o nome ao UFC vem se mostrando uma boa estratégia para empresas dos mais variados segmentos e tamanhos. É o caso da P&G. Para alavancar o desempenho do desodorante Gillette no Brasil, a empresa decidiu patrocinar o TUF. Desde janeiro, as vendas deram um salto de 30%. O êxito da estratégia fez com que a P&G procurasse a direção da UFC, nos EUA, para firmar um novo contrato, fechado em março, para fazer promoções nos pontos de venda do Brasil, criar embalagens especiais e distribuir brindes, como camisas da UFC. “Estamos destinando 10% de nossa verba de marketing para a modalidade”, afirma Fernando Souza, gerente de marketing da Gillette, sem revelar os valores. 
 
Outra que está colhendo frutos com o esporte é a Sky. O Combate, seu canal de lutas, encerrou março com 202,2 mil assinantes, um salto de 54% em relação ao mesmo pe-ríodo de 2011, de acordo com Marcelo Miranda, diretor de marketing da Sky. Até mesmo empresas de médio porte aderiram à febre das lutas de MMA. Uma delas é a Forcefield, fundada em 2005 pela empresária paulistana Nathalie Mikellides, fabricante de protetores bucais. No início de fevereiro, ela foi procurada pela Rede Globo para fornecer o equipamento aos integrantes do reality show TUF. “Nossas vendas crescem 20% ao mês”, diz Nathalie. “Muitas pessoas pedem moldes semelhantes aos dos lutadores do programa.” Outro empreendedor que está aproveitando a popularidade do MMA no País é Artur Regen, sócio e diretor-executivo da Marc4. 
 
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Impulso: para acelerar a performance do desodorante Gillette, Souza,
diretor da P&G, associou o produto ao MMA. Resultado: em três meses
as vendas cresceram 30%.
 
Regen fabrica 310 itens com a marca UFC, entre roupas e acessórios (luvas e sacos de treinamento, por exemplo), presentes em dois mil pontos de venda no País. Agora, a Marc4 está investindo R$ 1 milhão em novas linhas. Quem também viu nesse filão uma boa chance de ganhos foi o empresário paulistano Ruy Drever. Praticante de muay thay, ele abriu a primeira loja-conceito do País dedicada exclusivamente à venda de produtos com a grife UFC e que inclui até mesmo um octógono para treinamento dos 12 atletas patrocinados pela Pretorian. O negócio ocupa um prédio de quatro andares na rua Oscar Freire, uma das maiores concentrações de grifes de luxo por metro quadrado de São Paulo. Algumas dessas empresas também integram a lista de patrocinadores de Belfort, que, apesar de ser um veterano do octógono, ainda é uma referência na modalidade. 
 
O Banco BMG, um tradicional investidor no futebol, está com ele desde 2007.  “O retorno dos times de futebol é de cinco vezes, em média, em relação ao valor do investimento em marketing”, diz  Márcio Alaôr, vice-presidente do BMG. “Com Belfort, essa taxa é de nove vezes.” A relação de apoiadores de Belfort inclui ainda a Sky, a Gillette, e a Rvca, fabricante de material esportivo. Além disso, ele é sócio da Bony Açaí, criada pelo empresário paraense Bony Monteiro. Os produtos são fabricados pela Arbor Brasil, cuja marca mais conhecida é a cerveja Therezopolis. Monteiro é um dos sócios da Arbor. A distribuição do Bony Açaí, em versões lata e caixinha, começou a ser feita no fim de 2011, no Rio. 
 
A meta é estendê-la aos demais Estados até o fim do ano. No mercado internacional, o Bony Açaí já está nas gôndolas de supermercados dos EUA, da Arábia Saudita, da Coreia do Sul e da Austrália. “Queremos que o açaí seja reconhecido mundialmente como um energético natural”, diz Monteiro. A ambição de Belfort é construir uma trajetória no mundo dos negócios semelhante à sua atuação no octógono. Para ajudar nessa tarefa, ele assinou contrato com a paulista XYZ, da área de promoções de eventos. “Entre os lutadores brasileiros, sou o mais preparado para assumir o papel de CEO porque sempre administrei minha carreira como se fosse uma empresa”, finaliza Belfort. 
 
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“O MMA não é um esporte violento”
 
Dana White, o CEO da Ultimate Fighting Championship (UFC), diz que o Brasil se tornou o maior mercado da modalidade fora dos Estados Unidos. Acompanhe os principais trechos da entrevista concedida à DINHEIRO:
 
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O MMA é acusado de ser um esporte violento. Como o sr. reage a esse tipo de crítica?
Essa imagem está ultrapassada. O MMA é um esporte técnico, com lutadores disciplinados, treinados e totalmente preparados para o octógono. O MMA e o boxe são os únicos esportes regulamentados pelo governo americano. Em 19 anos aconteceram mais de duas mil lutas e nunca tivemos uma lesão séria na UFC. Nenhum gestor de outro grande esporte de contato pode dizer o mesmo. Até em 
eventos de cheerleading (exibição de chefes de torcidas) acontecem acidentes graves. 
 
Qual é o potencial de negócios que podem ser gerados pela modalidade no Brasil?
Não costumo abrir os números envolvidos nesse negócio, porque somos uma empresa de capital fechado. Mas é inegável que o MMA é um grande sucesso no Brasil. O País está roubando do Canadá a condição de segundo maior mercado do mundial da categoria. Nunca vi torcidas tão animadas como as dos eventos realizados no Brasil. 
 
Quanto a temporada 2012 da UFC deve movimentar, em termos de audiência de tevê, por exemplo?
Já somos os maiores provedores do sistema pay per view no mundo. No ano passado, vendemos 200 mil pacotes de lutas, a um custo médio de US$ 251. 
 
O que, na sua opinião, explica o sucesso mundial da UFC?
A luta é uma atividade universal. Está no DNA das pessoas. Além disso, quando alguém vai a um evento fica hipnotizado e se torna um fã, pois se trata do mais excitante esporte do mundo. Eu penso que o MMA é o melhor esporte para se assistir ao vivo. 
 
O MMA está presente em diversos países. O sr. pensa em levar as lutas para a Europa, por exemplo?
Sim. Hoje a programação já está disponível, via tevê, em mais de 150 países, em 22 línguas. Estamos deslanchando na Índia e acabamos de assinar com a Fox um acordo para transmitir as lutas para a Ásia. Até o fim de abril, teremos uma luta na Suécia. A procura foi tamanha que os ingressos se esgotaram em apenas três horas. Nossos próximos alvos são a Noruega e a Dinamarca. Também estamos de olho nos países do Leste Europeu. 
 
O sr. virá ao País, em junho, para assistir ao UFC 147?  
Claro, eu nunca perco uma luta. Sem dúvida, será o maior evento esportivo do ano. Não só de MMA, mas de todas as modalidades. Todos querem assistir à luta de Anderson Silva contra Chael Sonnen, sem contar a revanche entre Vitor e Wanderlei Silva.Será uma ocasião especial e os olhos do mundo estarão voltados para o Brasil.  

sexta-feira, 30 de março de 2012

Nike wins race for Rio 2016 Olympics sponsorship deal




Nike has won the bidding competition to become an official tier-three partner in the sporting goods category for the Rio 2016 Olympics as part of a deal that will also include the provision of kit to the Brazilian team at the London 2012 Games.
Sports Marketing Frontiers, a sister publication of SportBusiness International, has learnt from a high-level source within a rival sporting goods company in Brazil that Nike won the tender which has yet to be announced by the Brazilian Olympic Committee.
The decision was made in January after bids were invited last year. Despite the imminence of London 2012, the contract has yet to be signed since the parties have still to finalise the kit and equipment requirements. According to the International Olympic Committee (IOC) the official announcement can only be made when contracts are signed.
The segment of the deal relating to Rio 2016 will be valued well below some of the tier-one partnerships already signed by Rio 2016 for two reasons. Firstly, national sporting federations within Brazil will still be free to make their own deals for Olympic training and competition uniforms even though Nike, as the official partner, will hold the travel and podium uniform rights for the entire team. This already happens in Brazil, with Nike, for example, outfitting the Olympic athletics, football and basketball teams and national brand Olympikus kitting out the volleyball teams. Under this system, Adidas was the Brazilian Olympic Committee's podium uniform provider from 2000.
Secondly, the Rio 2016 partnership does not include rights to the workforce and volunteer uniforms, which will be put out for a separate tender. Nike will join Bradesco, Bradesco Seguros, Claro, Embratel and Nissan in the tier-one category for Rio 2016.