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quarta-feira, 20 de março de 2019
Clube empresa: entrevista com Amir Somoggi
O MKTEsportivoCast desta semana recebe Amir Somoggi, profissional com mais de 20 anos de experiência em marketing e gestão esportiva, e atualmente sócio da Sports Value. Amir abordou os benefícios de clubes serem transformados em empresa, o atual momento do futebol brasileiro, além de destacar modelos de sucesso praticados no exterior.
O MKTEsportivoCast é o único podcast especializado em marketing esportivo no Brasil. Apresentado por Eduardo Esteves, criador e editor do MKTEsportivo.com, portal referência no assunto.
https://soundcloud.com/mktesportivocast/clube-empresa-e-modelos-de-gestao-com-amir-somoggi
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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Primeira Liga é oportunidade de discutir mudanças que modernizem o futebol brasileiro, avalia especialista
Pedro Trengrouse, advogado especializado em Direito Desportivo
O Negócio é Esporte
24/02/2016
Depois de uma longa batalha entre clubes, federações e CBF, a Primeira Liga decolou e já sinaliza aspectos interessantes. Apesar de, em sua primeira edição, reunir apenas 12 clubes de cinco estados, os bons jogos e público elevado colocam o torneio em destaque em relação aos campeonatos estaduais. Para efeitos de comparação, as duas primeiras rodadas da Copa Sul-Minas-Rio registraram mais do dobro da média de público dos estaduais disputados até agora pelos clubes integrantes do torneio. A média de torcedores da Primeira Liga é de 10.002 pagantes por jogo, contra 4.766 do Mineiro; 3.087 do Carioca; 2.613 do Paranaense; 2.367 do Catarinense; e 2.080 do Gaúcho. Sem contar os mais de 30 mil torcedores que comparecem ao Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, na vitória do Flamengo sobre o Atlético Mineiro pela primeira rodada do torneio, uma audiência típica de reta final do Campeonato Brasileiro. Além do sucesso na parte esportiva, a Copa Sul-Minas-Rio ainda aquece a discussão sobre a questão política que envolve o futebol brasileiro atual. Para o advogado Pedro Trengrouse, especialista em Direito Desportivo, “a Primeira Liga é o embrião de uma Liga Nacional”. Segundo Trengrouse, que é integrante da comissão de juristas que discute a Lei Geral do Esporte e um dos idealizadores do Movimento por um Futebol Melhor, “talvez falte um pouco de conhecimento e coragem por parte das equipes em promover uma ruptura mais abrupta no formato do futebol brasileiro”. Em entrevista a O Negócio é Esporte, o também consultor da ONU para legislação esportiva, em especial da Copa do Mundo 2014, e professor de Direito Desportivo da Fundação Getúlio Vargas, analisa a Copa Sul-Minas-Rio como oportunidade de discutir novos formatos de disputa e estrutura política, assim como para construir um novo ambiente de negócios no futebol brasileiro e promover mudanças que modernizem o esporte no país.
O Negócio é Esporte: Qual o seu balanço preliminar da Liga? Já se pode dizer que veio para ficar ou que vai ter cacife para encaminhar avanços na estrutura política e no ambiente de negócios do futebol brasileiro?
Pedro Trengrouse: A Primeira Liga é um sinal claro de que existe, em curto prazo, grande esperança de mudança. Os jogos da Copa Sul-Minas-Rio são melhores, mais atraentes e têm mais apelo do que as partidas dos campeonatos estaduais, já que essas nivelam grandes clubes por baixo. No entanto, a competição ainda está longe de alcançar o grande potencial devido à falta de tempo e ao desgaste que os clubes passaram para montá-la, o que impactou nas possibilidades de mercado e de patrocínio. Ainda assim, é um bom sinal de que a iniciativa da Liga de construir uma competição com jogos mais atraentes é o caminho certo. A Primeira Liga é o embrião de uma Liga Nacional. Se os outros clubes que ficaram de fora entrarem nós teremos a Liga Nacional.
O Negócio é Esporte: Na sua avaliação, a costura política que levou ao recuo da CBF reforça a independência ao modelo vigente do futebol brasileiro ou esse aval foi uma forma da entidade frear a rebelião dos clubes?
Pedro Trengrouse: A CBF e as federações fazem muitas bravatas, dizem coisas que não têm poder para fazer. A Lei Pelé é clara e dá direito aos clubes para criarem as Ligas. E mais: o artigo 21 diz que os clubes podem se filiar diretamente à entidade de administração nacional. Talvez falte um pouco de conhecimento e coragem por parte das equipes em promover uma ruptura mais abrupta. Agora, até mesmo o mercado reconhece a elas o poder de tomar essa atitude, já que, quem tem torcida e leva gente aos estádios são os clubes, e não as federações ou a CBF. Assim, se as equipes tiverem realmente o interesse e coragem para fazer a sua própria Liga, não tem Fifa, CBF ou federações para impedi-las. Até porque isso já aconteceu nos principais centros do futebol mundial. Por que não poderia acontecer aqui? A CBF e as federações tentam impedir isso porque sabem que o futuro não é mais essa estrutura hierarquizada, vertical, autoritária, antiquada e obsoleta que existe hoje e que foi criada pela ditadura do Estado Novo, em 1941. As entidades têm medo de que as torcidas deem realmente espaço a essas Ligas no mundo novo. O recuo da CBF e da FERJ em relação à Primeira Liga é justamente o sinal de que quem tem o poder realmente são os clubes. Eles só precisam utilizá-lo.
O Negócio é Esporte: Muito se fala que os estaduais deveriam acabar, principalmente em virtude dos estádios vazios e baixas audiências nas transmissões dos jogos de futebol, além do calendário arrastado. O que é preciso mudar essencialmente na estrutura política dos campeonatos estaduais ou regionais?
Pedro Trengrouse: Quando falamos de campeonatos estaduais as pessoas costumam lembrar apenas do Carioca, Paulista, Mineiro, do Rio Grande do Sul e de mais meia dúzia. No entanto, é importante encontrar um modelo que sirva à realidade e viabilidade econômica de cada um dos 27 estados do Brasil. Os estaduais dos anos 1970 eram competições onde todos os clubes tinham condições de disputar, conquistam títulos, revelavam talentos, tinham certa estrutura. A partir dos anos 1970 houve uma concentração de riqueza e a distância entre os clubes aumentou brutalmente. As federações estaduais passaram a reunir um conjunto de clubes que não tem mais tanta semelhança e subjugaram os interesses dos poucos que se desenvolveram aos dos muitos que não conseguiram crescer tanto. Quem dirige o futebol brasileiro atual, na verdade, não participa dele. Há uma distorção na balança de poder. É preciso que esses clubes tenham coragem de romper com as federações e passem a se filiar diretamente à entidade de administração esportiva nacional, para participarem dos processos decisórios, como aprovação do balanço e definição do calendário, e não só a escolha dos presidentes a cada quatro anos.
O Negócio é Esporte: Na sua opinião, os Estaduais teriam ou não espaço nessa nova configuração?
Pedro Trengrouse: O grande problema no calendário do futebol brasileiro é que 90% dos clubes jogam em média quatro meses por ano e fecham as portas no resto do ano. Na realidade, por um lado os campeonatos estaduais nivelam por baixo os clubes de grande poder de investimento e mobilização; por outro, eles são a resposta para solucionar o problema da falta de atividades para a grande maioria dos clubes no Brasil. Então é preciso encontrar uma maneira para que os estaduais tenham viabilidade econômica dentro de um novo formato, de modo que promovam atividades para as equipes que jogam apenas quatro meses por ano e libertem os grandes para que eles possam aproveitar o potencial econômico em outras competições. Se isso não acontecer o futebol brasileiro não conseguirá se desenvolver.
O Negócio é Esporte: Em relação ao anteprojeto da Lei Geral do Esporte discutido pela comissão de juristas da qual você faz parte e cujo relatório será apresentado no fim de maio, quais pontos, no seu entendimento, são mais representativos para o avanço do futebol brasileiro?
Pedro Trengrouse: Destaco quatro pontos: a criação de um tipo societário especial para o esporte, onde os clubes possam se organizar através de unidades de negócios distintas para cada uma das suas atividades esportivas e receba incentivos para isso; a criação de uma cédula de crédito esportiva que permita aos clubes aproveitar a capacidade de investimento que podem atrair com base nas transferências dos seus jogadores; a organização da Justiça Desportiva por arbitragem como já acontece nas principais competições do mundo; e a regulamentação das apostas esportivas no Brasil, de modo que possamos monitorá-las e identificar de antemão a manipulação de determinado resultado nos jogos do futebol brasileiro.
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quarta-feira, 11 de março de 2015
Escravos da bola: a história de jogadores explorados pelo futebol
Esqueça o universo paralelo de Neymares e Ronaldinhos. A maioria dos jogadores brasileiros ganha mal — quando recebe —, enfrenta condições precárias de trabalho e é refém de uma atividade que explora a troco de ilusões
Por: Breiller Pires, da PLACAR

Aos 43 do segundo tempo, o baiano Kemerson, 21, realiza um sonho no agreste sergipano. Ele substitui o meia Fernando, dá três toques na bola e não evita a derrota do seu time para o Santa Cruz. Mas aqueles 5 minutos bastam para enchê-lo de orgulho. O zagueiro pode dizer aos parentes de Feira de Santana que já disputou a segunda competição mais importante do país, a Copa do Brasil. O entusiasmo, entretanto, logo se transforma em frustração. Sem dinheiro e sem comida, não havia mais como permanecer no casebre que abrigava quatro jogadores por cômodo. Dois meses depois de sua façanha pessoal, Kemerson deixou o Lagarto.
Nem o motim liderado pelos colegas que se recusavam a treinar enquanto não recebessem os dois meses de salários atrasados evitou o desfecho de sua aventura em Sergipe. Hoje ele desbrava o interior de Goiás e se prepara para a segunda divisão do campeonato estadual com o América de Morrinhos. Ainda não recebeu os cerca de 2,000 reais que o Lagarto lhe deve. “Quando me ligaram, prometeram mundos e fundos. No fim, quase passei fome”, conta o defensor. A história de Kemerson se cruza com a de grande parte dos mais de 20.000 jogadores profissionais do Brasil. Eles raramente aparecem na TV, não trabalham com carteira assinada nem ostentam contas bancárias de sete dígitos. São os operários explorados pelo futebol.

FOME, FADIGA E AGONIA
Propriá está a 160 quilômetros de Lagarto. É lá que fica a sede de outro América, bicampeão sergipano. Em 2013, um ano antes do martírio de Kemerson, o atacante Murilo, 22, desmaiou de fome assim que o time saiu de campo derrotado pelo Confiança. Na noite da partida, o clube, que devia um mês de salário ao elenco, não teve verba sequer para bancar o jantar da delegação. Profissionais de imprensa que cobriam o jogo ofereceram biscoitos recheados aos jogadores do América. “A alimentação não era adequada. Corri muito em campo e chegou uma hora em que eu não sentia mais o corpo”, diz Murilo, que atualmente trabalha carregando sacos em Ourinhos, interior de São Paulo, enquanto aguarda uma nova oportunidade. Ele saiu do América após travar o pé no torrão de areia do gramado esburacado em um treino e ouvir o estalo da perna esquerda quebrando.

Jogadores de outros estados chegaram ao América por um salário mínimo, mas, com a queda para a segunda divisão, receberam apenas parte do combinado. Thiago Bento, 24, ex-companheiro de Murilo, desabou de Arapiraca, Alagoas, com a esperança de deslanchar. Acabou sofrendo a segunda desilusão da carreira. Em 2011, havia arcado com a passagem para percorrer mais de 2.300 quilômetros rumo ao Cotia, da quarta divisão paulista. Dois meses venceram, nenhum centavo pingou em sua conta, e ele decidiu ir embora levando na bagagem um cheque (sem fundos) de 1.600 reais. “Jogador sofre demais”, afirma. Desempregado no futebol, o zagueiro faz bicos como servente de pedreiro.

Maycon Gaudencio, 24, jogou no América de Propriá em 2012, quando o time subiu para a primeira divisão. Abandonou o emprego em um mercado da cidade para assinar seu primeiro contrato. Em vez de ganhar um salário mínimo por mês, embolsou apenas 300 reais ao fim do campeonato. “Passo difculdade, não tenho casa, minha mulher está grávida. Esse dinheiro me faz falta”, diz o lateral. Situação que o experiente goleiro Carlos Henrique, 34, aprendeu a administrar ao longo da carreira. Ele jogou em praticamente todos os times profissionais do Piauí, até mesmo nos tradicionais River e Flamengo. Levou calotes na maioria deles. “É perda de tempo cobrar na Justiça. Os clubes não têm como pagar.”
Com duas décadas de rodagem, Carlos Henrique achou que já tinha visto de tudo até jogar o Piauiense de 2014 pelo Caiçara. “Nunca recebi um tostão lá.” No alojamento, cama era artigo de luxo. Jogadores dormiam em redes ou colchonetes esparramados pelo chão. Tomar banho, só de cuia. Não havia chuveiros nem material de treino apropriado. “Um negócio desumano”, afirma Vasconcelo Pinheiro, presidente do Sindicato dos Atletas do Piauí, que apresentou denúncia à Procuradoria Regional do Trabalho. Os atletas, porém, se recusaram a assinar o requerimento, e a investigação não foi adiante. “Eles têm medo de retaliações e de ficarem queimados no meio.” Apesar de ter terminado em último lugar, o clube segue na primeira divisão piauiense este ano.

Em times como Lagarto, América e Caiçara, dirigentes costumam intimidar atletas para abafar atrasos de salários. Alguns jogadores relatam já ter ouvido ameaças como “Vou acabar com sua carreira” e “Não joga mais em lugar nenhum” ao reivindicarem seus direitos. A coação é tão banalizada quanto as fraudes trabalhistas. No início do ano, o Sindicato do Piauí enviou um ofício à Superintendência do Trabalho e Emprego propondo fiscalizações em oito clubes do estado, incluindo os seis da divisão principal. Além de dívidas e condições laborais degradantes, nenhum deles faz anotação em carteira. Geralmente com baixa escolaridade, poucas alternativas no mercado e movidos pelo sonho de ascender ao restritíssimo escalão que amealha cifras milionárias com as chuteiras, jogadores são reféns de uma profissão que reprime e explora.
“Minha vida sempre foi na estrada, viajando atrás da bola. Não tive tempo de estudar”, diz Kemerson, que largou a escola assim que concluiu a 8ª série. “Apesar das difculdades, não vou desistir do futebol.” O estigma por não vingar na carreira também contorna o cenário de indigência do ofício. O advogado João Henrique Chiminazzo, especialista em direito esportivo, explica o círculo vicioso que pode recair sobre jogadores presos a clubes mal-estruturados e devedores. “O atleta que sai de um time sem receber acaba aceitando contratos ainda mais absurdos para tentar sobreviver. E nada garante que eles serão cumpridos.” De acordo com Alex Garbellini, procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), o número de violações trabalhistas em clubes de futebol tem aumentado. Casos extremos tornam latente o sucateamento da profissão. “Jogadores sem salário, sem comer direito, à beira do amadorismo, são o exemplo clássico da escravidão contemporânea.”

A BASE DA PIRÂMIDE
Clubes grandes também agonizam. Recentemente, os elencos de Botafogo e Santos ameaçaram fazer greve por causa de seguidos atrasos de pagamento. Na Portuguesa, atletas como Valdomiro, 36, contabilizam sete meses de salário a receber. “Futebol é uma ilusão. Na verdade, é uma máquina de explorar jogadores”, diz o zagueiro, que só tem conseguido pagar as contas e até emprestar dinheiro a colegas mais jovens graças às economias que juntou em seus seis anos no exterior.
Assim como ele, pelo menos outros nove do elenco se queixam da falta de pagamentos prolongada. A diretoria lusitana, que reconhece as dívidas, quitou os salários de janeiro, já que o regulamento do Campeonato Paulista prevê, em todas as divisões, a perda de pontos de equipes que não pagam em dia. A regra, no entanto, tem se mostrado inefcaz. Além da Portuguesa, Grêmio Barueri, São José e Marília, que acumula três meses de salários atrasados, estão inadimplentes em 2015. Denúncias dependem de representação formal dos atletas no sindicato e, até agora, nenhum clube foi punido.

Somente no Ministério Público do Trabalho de Campinas correm 23 processos contra times da região, 18 a mais em relação há quatro anos. Em todo o Brasil, o MPT registra 917 procedimentos envolvendo fraudes trabalhistas e violações de direitos dos jogadores desde 2002. Alguns estados, como Piauí, Sergipe, Acre, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo, vivem situação crônica de atrasos salariais, onde praticamente todos os clubes operam no vermelho. Também há casos de camisas tradicionais atoladas na crise, a exemplo de Guarani, Paraná Clube e Vila Nova. O goleiro Marcelo Pitol, 32, cobra na Justiça cinco meses de salário referentes a sua passagem pelo time goiano em 2013. Não é a primeira vez que ele protagoniza um litígio trabalhista. Levou cinco anos para receber uma dívida do Náutico e outros cinco para entrar em acordo com a falida Ulbra, de Canoas (RS).
“Jogar e não receber afeta o rendimento”, diz o goleiro, que carrega os escudos de 19 clubes no currículo e hoje defende o Aimoré-RS. “É duro ir treinar e ver jogadores pedindo dinheiro emprestado. Se for mal em campo, aí que o dirigente não paga mesmo.” A demora para receber na Justiça é cruel com jogadores da parte mais baixa — e extensa — da pirâmide. Dependendo do clube, eles são obrigados a pagar do próprio bolso custos de até 2.000 reais para se inscreverem nas federações. Rescisão de contrato sem justa causa, então, é infortúnio ainda maior. Demissão no futebol raramente assegura benefícios típicos de todo trabalhador. É praxe na maioria dos clubes devedores não recolher o fundo de garantia e o INSS, apesar de a contribuição muitas vezes ser descontada no salário dos jogadores. Com isso, sobretudo se não tiverem anotação do vínculo na carteira de trabalho, eles enfrentam dificuldade para usufruir do seguro-desemprego. Advogados podem arrolar o benefício em eventuais ações judiciais, mas, como o processo contra clubes costuma ser longo, o atleta precisa se virar até fechar um novo contrato.

SEM UNIDADE
O Rio Grande do Sul é o único estado que estabeleceu um piso salarial para a classe: 1.000 reais. Não raro, sobretudo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, jogadores treinam e jogam o mês inteiro para receber menos que um salário mínimo (788 reais). “Estamos preparando uma convenção nacional em abril para instituir o piso e outras medidas importantes em todos os estados”, diz o presidente nacional do Sindicato dos Atletas, Rinaldo Martorelli. Outro problema enfrentado pelos jogadores em clubes pequenos é a falta de um calendário anual de jogos. “Só conseguimos contrato de quatro, cinco meses para disputar Estaduais. Quem não joga em clube grande corre o risco de ficar o resto do ano parado”, afirma Pitol. O caminho para socorrer os nanicos é árduo. O Bom Senso F.C., movimento encabeçado por atletas experientes, exige campeonatos mais abrangentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Rompido com o sindicato, o grupo diverge da entidade em questões-chave como a proposta de aposentadoria para os jogadores e a Lei de Responsabilidade Fiscal, que prevê a criação de uma agência reguladora para fiscalizar e punir clubes em inadimplência. O projeto depende de aprovação no Congresso Nacional. Enquanto isso, dirigentes de Caiçara e América de Propriá, que está inativo desde o ano retrasado, não foram encontrados para comentar os casos de exploração dos jogadores. Aloísio Andrade, presidente do Lagarto, afirma que a antiga gestão foi responsável pelos calotes e que tem tentado acertar as dívidas com atletas que deixaram o time. Kemerson segue à espera de um contato, uma chance em clube grande. Ou ao menos de ser tratado como jogador de futebol, um trabalhador, não como mercadoria.
OSSOS DO OFÍCIO
Existem alguns pontos que diherem o boleiro profissional do trabalhador comum
Jornada de trabalho
Enquanto a maioria dos trabalhadores formais tem carga horária fixa por semana, a jornada do atleta de futebol é flexível. A duração dos treinos varia de acordo com o técnico e, como os jogos acontecem à noite ou em fins de semana, não há pagamento de horas extras.
Equiparação salarial
A remuneração não é definida conforme a função. O atacante de clube pequeno recebe menos que o de clube grande, assim como no mesmo elenco podem conviver um zagueiro que ganha 100.000 reais e outro, 1.000.
Tempo de contrato
O vínculo de jogadores com os clubes tem duração pré-estabelecida. eles raramente recebem seguro-desemprego, a não ser que a equipe rompa o acordo antes do término. Nesses casos, podem perder o benefício se o empregador não tiver recolhido INSS.
Férias e descanso
Jogador não tem direito a vender parte das férias nem de fracioná-las. Previstas em contrato, elas devem coincidir com o período de encerramento da temporada. A folga remunerada semanal difcilmente é concedida no fim de semana, por causa dos jogos.
ATAQUES À PROFISSÃO
Como os clubes têm violado os direitos do jogador de futebol
Direito de imagem
Em vez de pagar o salário integral em CLT, dirigentes atrelam a remuneração aos direitos de imagem do jogador, que, em tese, deveriam ser utilizados pelo departamento de marketing. mas a artimanha serve para eximir o clube de encargos trabalhistas. Jogadores de times grandes, como Fred, do Fluminense, recebem mais direitos de imagem que o salário em carteira. O clube carioca deve 4 milhões de reais ao atacante por ter atrasado quase dois anos o pagamento da imagem.
A lei do calote
Se o clube deixa de pagar os vencimentos ou recolher o fundo de garantia (FGTS) e INSS por três meses, o atleta pode rescindir o contrato de forma unilateral. Para não perder jogadores, times maiores adotam a prática de quitar o salário da CLT, geralmente um valor simbólico, e não pagar os direitos de imagem.
Escravidão moderna
Além de não honrar o pagamento de salários, clubes endividados e sem estrutura impõem condições de trabalho análogas à de escravo e colocam em risco a integridade física dos jogadores, sendo que muitos deles acabam sofrendo assédio moral e são até extorquidos por dirigentes.
sábado, 6 de abril de 2013
A jogada mais ousada de Ronaldo, o dono da bola no país
Como o ex-craque se tornou a figura mais influente do futebol brasileiro - e como ele encara o risco de arranhar sua imagem na Copa do Mundo de 2014
Giancarlo Lepiani

Ronaldo no anúncio das sedes da Copa das Confederações de 2012, no Museu do Futebol, em São Paulo - Paulo Whitaker/Reuters
Mais do que apenas emprestar ao COL seu nome e sua experiência como atleta de quatro Copas do Mundo, Ronaldo tem ocupado a linha de frente na promoção do evento e na defesa de obras bilionárias bancadas com dinheiro público para 2014. Está pisando num campo minado
O apelido que acompanhou o maior artilheiro da história das Copas do Mundo em sua trajetória como jogador é perfeito para descrever Ronaldo Luís Nazário de Lima, de 36 anos, em sua nova carreira. Afinal, o que o ex-craque conseguiu realizar em apenas dois anos, desde que pendurou as chuteiras, é simplesmente fenomenal. São poucos os ex-atletas de primeiro escalão que conseguem repetir em sua nova profissão o sucesso conquistado nos campos, pistas ou quadras. Mais raros ainda são os que superam rapidamente o trauma da aposentadoria precoce e encontram um novo rumo sem muita hesitação. Ronaldo foi além: hoje, é a figura mais influente do futebol brasileiro, o homem-forte do Mundial de 2014 e um provável candidato à presidência da CBF ou do Comitê Organizador Local (COL) da Copa. Graças ao seu carisma, popularidade e uma surpreendente habilidade para farejar bons negócios, Ronaldo arrebanhou clientes de peso, ampliou sua rede de contatos e acumulou poder. É sócio de uma das principais agências de marketing esportivo do país, a 9ine. Com bom trânsito entre políticos das mais variadas vertentes, é um dos garotos-propaganda das ações do governo federal para o Mundial. No comitê da Copa, é o rosto mais conhecido e o interlocutor preferido de Joseph Blatter e Jérôme Valcke. Por fim, desde a semana passada, encabeça o time de comentaristas da TV Globo, parceira da Fifa na promoção do evento - foi escalado para estrelar as transmissões da Copa das Confederações deste ano e, claro, do Mundial do ano que vem. Desde que acertou seu contrato com a emissora, Ronaldo vem sendo criticado por outros comentaristas - agora seus colegas de profissão - em função da tentativa de conciliar atividades aparentemente conflitantes (e da resistência em abrir mão de qualquer uma delas). Ele usará o microfone mais poderoso do país para criticar seus próprios parceiros comerciais, como Neymar? Caso o Mundial seja um fiasco, ele será capaz de afirmar, ao vivo na tela da Globo, que o comitê organizador que ele próprio integra fracassou?
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Como se todos esses compromissos profissionais não fossem o bastante para preencher sua agenda, Ronaldo dará início a mais um projeto pessoal na terça-feira, quando embarca para uma temporada em Londres. Na capital britânica, será, acredite, estagiário. Vai afiar seu inglês (que hoje afirma ser "medíocre") e ganhar experiência numa das mais prestigiosas agências de publicidade do mundo, a WPP, cria de Martin Sorell, sócio minoritário da 9ine e CEO de um grupo cujo faturamento anual chega a 140 bilhões de reais. Ronaldo promete passar pelo menos uma semana por mês no Brasil. Sua ponte aérea até 2014 será entre Londres e o Rio de Janeiro, com eventuais passagens por São Paulo, onde fica a sede da 9ine. A experiência londrina pode ser encurtada se a imagem de José Maria Marin, o enrolado presidente da CBF e do COL, continuar se desgastando. Acredita-se que Ronaldo seria o nome preferido do governo e da Fifa para assumir a presidência do comitê organizador na esteira de uma eventual queda de Marin. É como se, caso ainda fosse atleta, o Fenômeno pudesse jogar como atacante, acumular o cargo de técnico, treinar para ser goleiro e ainda dirigir o ônibus da equipe. Esse acúmulo de cargos e funções fora dos gramados, com amplo terreno para prováveis choques de interesses e campo fértil para insinuações e suspeitas, é o grande desafio do ex-craque - e certamente a jogada mais ousada e arriscada de sua vida. Ao assumir o papel de "dono da Copa" na reta final dos preparativos para a competição - um evento que, como se sabe, está longe de ser um modelo de organização até agora -, o artilheiro coloca em risco uma reputação construída ao longo de duas décadas de muito suor e superação dentro de campo. Admirado por brasileiros de todas as faixas etárias e classes sociais, Ronaldo já passou relativamente incólume por muitos constrangimentos e trapalhadas. O país parece ter uma generosa dose de tolerância com um ídolo que viu crescer, brilhar e se reerguer depois de incontáveis tombos. Para o torcedor, Ronaldo é um bom sujeito, mas que comete suas burradas, como qualquer um. Desta vez, no entanto, as consequências de suas ações não serão refletidas apenas nele próprio, mas também no país. Ele é rosto do Mundial no Brasil e no exterior. Agora, um erro de avaliação ou desvio de conduta pode deixar cicatrizes muito mais profundas em sua imagem.
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O 'networking' fenomenal de Ronaldo
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Os ídolos que são fãs

Ronaldo costuma aproveitar a admiração que os jovens astros do esporte têm por ele para criar boas oportunidades de negócio. Foi assim que fechou contrato com Neymar, Lucas e Anderson Silva, por exemplo. Com Zidane, realiza ações internacionais de combate à pobreza. Ex-ídolo de Barcelona, Real Madrid, Inter e Milan, tem portas abertas em quase todos os grandes clubes da Europa - e é tietado pelos principais jogadores do mundo (recentemente, foi homenageado por Ibrahimovic antes de uma partida do PSG, em Paris).

Um dos últimos superastros do esporte no Brasil, Ronaldo tem pouquíssimo a ganhar e muito a perder com seu envolvimento com a Copa do Mundo de 2014. O dinheiro, por exemplo, há muito deixou de ser uma prioridade. O patrimônio acumulado durante a carreira de jogador, estimado em um bilhão de reais, é a garantia de uma vida de conforto e luxo aos seus quatro filhos (Ronald, Maria Sofia, Maria Alice e Alex) e gerações de futuros descendentes. Conservador em seus investimentos - nesta semana, revelou que poupa 80% de tudo o que ganhou e investe apenas 20% na 9ine e em outros negócios -, Ronaldo lembra que está "com a vida ganha" e que, portanto, não precisa usar sua influência em benefício financeiro próprio. De fato, é difícil imaginar que o ex-craque recorreria a expedientes nebulosos para conseguir um novo cliente ou fechar um novo contrato - simplesmente porque ele não precisa de dinheiro e nunca foi um sujeito ganancioso. Como qualquer superatleta, porém, Ronaldo tem um temperamento muito competitivo e sente prazer em vencer desafios. É justamente assim que ele encara a condução dos negócios da 9ine. O trabalho na agência foi tão satisfatório para Ronaldo que a traumática aposentadoria como jogador, anunciada em 2011, foi superada num prazo relativamente curto. A empresa, portanto, precisa seguir crescendo para manter o principal sócio sorrindo. E as oportunidades de negócio apresentadas pela Copa são intermináveis e tentadoras. Uma das primeiras suspeitas em torno da atuação de Ronaldo nos bastidores da organização do evento foi a vitória da Marfinite na disputa para fornecer as cadeiras da Arena Fonte Nova, estádio erguido com dinheiro público, em Salvador. A empresa foi escolhida mesmo não tendo a certificação obrigatória do Inmetro, responsável pelas normas técnicas que devem ser seguidas no país. Meses antes, a empresa havia fechado um contrato com a 9ine - com participação direta do ex-craque nas negociações. Ronaldo negou ter influenciado na escolha da Marfinite pelos baianos. Os clientes de Ronaldo deverão fabricar os assentos de mais um estádio do Mundial: o Itaquerão, futura casa do Corinthians, último clube da carreira do jogador. Andrés Sanchez, ex-presidente corintiano que virou amigo e grande aliado do ex-craque, é o principal responsável pela condução da obra.
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Mais do que apenas emprestar ao COL seu nome e sua experiência como atleta de quatro Copas do Mundo, Ronaldo tem ocupado a linha de frente na promoção do evento e na defesa de obras bilionárias bancadas com dinheiro público para 2014. Está pisando num campo minado. Tribunais de Contas de diversos estados já identificaram distorções nos orçamentos dos projetos do Mundial. A percepção popular de que há irregularidades na construção dos estádios é confirmada por diversas pesquisas de opinião - numa delas, realizada pelo site de VEJA em julho de 2011, 72% das pessoas disseram que a palavra que melhor define o evento é "corrupção". Não existe qualquer sinal ou indício de que Ronaldo tem qualquer responsabilidade ou conhecimento sobre possíveis problemas de organização da Copa. Mas pode vir a ser o bode expiatório de maracutaias preparadas muito antes que ele se envolvesse no COL, no fim de 2011. Apesar da necessidade de mostrar total transparência para minimizar o risco de ser arrastado por outros para a lama, Ronaldo rejeitou a possibilidade de se afastar completamente da gestão de seus negócios, mesmo enquanto acumula as funções de integrante do COL e, agora, de comentarista da Globo. Nos últimos dias, procurou responder aos questionamentos sobre sua conduta, garantindo que nenhuma atividade particular será capaz de prejudicar seu trabalho no comitê ou suas opiniões na TV. "Não vejo nenhum conflito de interesse", disse, em entrevista publicada na sexta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo. "Se o Neymar jogar mal, por exemplo, tenho autonomia e liberdade para criticá-lo em qualquer momento", completou, citando seu cliente mais famoso na agência. Conforme revelou o site de VEJA em fevereiro, os negócios envolvendo o principal jogador da seleção brasileira e a 9ine somam 30 milhões de reais.
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Mais do que apenas emprestar ao COL seu nome e sua experiência como atleta de quatro Copas do Mundo, Ronaldo tem ocupado a linha de frente na promoção do evento e na defesa de obras bilionárias bancadas com dinheiro público para 2014. Está pisando num campo minado. Tribunais de Contas de diversos estados já identificaram distorções nos orçamentos dos projetos do Mundial. A percepção popular de que há irregularidades na construção dos estádios é confirmada por diversas pesquisas de opinião - numa delas, realizada pelo site de VEJA em julho de 2011, 72% das pessoas disseram que a palavra que melhor define o evento é "corrupção". Não existe qualquer sinal ou indício de que Ronaldo tem qualquer responsabilidade ou conhecimento sobre possíveis problemas de organização da Copa. Mas pode vir a ser o bode expiatório de maracutaias preparadas muito antes que ele se envolvesse no COL, no fim de 2011. Apesar da necessidade de mostrar total transparência para minimizar o risco de ser arrastado por outros para a lama, Ronaldo rejeitou a possibilidade de se afastar completamente da gestão de seus negócios, mesmo enquanto acumula as funções de integrante do COL e, agora, de comentarista da Globo. Nos últimos dias, procurou responder aos questionamentos sobre sua conduta, garantindo que nenhuma atividade particular será capaz de prejudicar seu trabalho no comitê ou suas opiniões na TV. "Não vejo nenhum conflito de interesse", disse, em entrevista publicada na sexta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo. "Se o Neymar jogar mal, por exemplo, tenho autonomia e liberdade para criticá-lo em qualquer momento", completou, citando seu cliente mais famoso na agência. Conforme revelou o site de VEJA em fevereiro, os negócios envolvendo o principal jogador da seleção brasileira e a 9ine somam 30 milhões de reais.
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Ronaldo também garante que apresentará opiniões francas e independentes em relação aos problemas de organização do Mundial - que, segundo ele, serão devidamente diagnosticados e criticados em seus comentários na Globo. Nesse caso, contudo, fica mais difícil confiar no que promete o ídolo. Até agora, a atuação de Ronaldo como integrante do COL decepcionou, já que ele se limitou a vestir a camisa do evento: evitou reconhecer qualquer falha e, pior, atacou quem desconfia do sucesso do torneio. No início deste ano, no lançamento do cartaz oficial do evento, chegou a pedir publicamente que os jornalistas deixassem de lado a cobertura crítica dos preparativos para a Copa. Estava irritado com as repetidas perguntas sobre o descumprimento dos prazos e as dúvidas sobre a qualidade dos novos estádios. "Este é o momento de todos se unirem, inclusive a imprensa. O povo brasileiro não está preocupado com atraso nas obras. O povo brasileiro precisa de alegria", discursou, adotando tom similar ao dos textos das peças publicitárias do governo federal em que aparece ao lado de Pelé, prometendo "a melhor Copa de todos os tempos". Angariar a simpatia e a confiança do torcedor e dissipar as incógnitas que cercam a organização do Mundial foram as missões atribuídas a Ronaldo quando Ricardo Teixeira, atolado até o pescoço em denúncias, alistou o ex-craque para entrar no comitê e melhorar a imagem do Mundial. Teixeira já caiu, a Copa está chegando e muitos dos temores dos brasileiros sobre 2014 (como a gastança de dinheiro público e os atrasos nas obras) já se confirmaram. Tratar desses problemas de forma clara e aberta e contribuir para melhorar nosso futebol - seja como representante do COL, seja como comentarista - pode ser o gol mais marcante da trajetória de Ronaldo.
Ronaldo também garante que apresentará opiniões francas e independentes em relação aos problemas de organização do Mundial - que, segundo ele, serão devidamente diagnosticados e criticados em seus comentários na Globo. Nesse caso, contudo, fica mais difícil confiar no que promete o ídolo. Até agora, a atuação de Ronaldo como integrante do COL decepcionou, já que ele se limitou a vestir a camisa do evento: evitou reconhecer qualquer falha e, pior, atacou quem desconfia do sucesso do torneio. No início deste ano, no lançamento do cartaz oficial do evento, chegou a pedir publicamente que os jornalistas deixassem de lado a cobertura crítica dos preparativos para a Copa. Estava irritado com as repetidas perguntas sobre o descumprimento dos prazos e as dúvidas sobre a qualidade dos novos estádios. "Este é o momento de todos se unirem, inclusive a imprensa. O povo brasileiro não está preocupado com atraso nas obras. O povo brasileiro precisa de alegria", discursou, adotando tom similar ao dos textos das peças publicitárias do governo federal em que aparece ao lado de Pelé, prometendo "a melhor Copa de todos os tempos". Angariar a simpatia e a confiança do torcedor e dissipar as incógnitas que cercam a organização do Mundial foram as missões atribuídas a Ronaldo quando Ricardo Teixeira, atolado até o pescoço em denúncias, alistou o ex-craque para entrar no comitê e melhorar a imagem do Mundial. Teixeira já caiu, a Copa está chegando e muitos dos temores dos brasileiros sobre 2014 (como a gastança de dinheiro público e os atrasos nas obras) já se confirmaram. Tratar desses problemas de forma clara e aberta e contribuir para melhorar nosso futebol - seja como representante do COL, seja como comentarista - pode ser o gol mais marcante da trajetória de Ronaldo.
Um craque em ação fora dos gramados
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Na publicidade
Atualmente, Ronaldo estrela nada menos que seis campanhas publicitárias. Mas sua principal atividade na área já é a de empresário. É sócio da 9ine, agência que tem Neymar como seu principal contratado. O jovem craque divide a tela com o ídolo em anúncios do Guaraná Antarctica e da Claro.
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