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Órgão decidiu que canais Fox Sports continuarão no ar até dezembro de 2021
Por Erich Beting - São Paulo (SP) em 6 de Maio de 2020 às 11:52
A fusão entre Fox Sports e ESPN foi aprovada em uma reunião na manhã desta quarta-feira (6) pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Em um encontro de cerca de uma hora de duração, os conselheiros do órgão decidiram que os dois canais poderão ficar sob o guarda-chuva do grupo Disney, mas com algumas condições.
O Fox Sports deverá continuar no ar por pouco mais de um ano e meio, até o dia 1° de janeiro de 2022, necessariamente com a transmissão da Copa Libertadores em sua grade. O torneio, porém, poderá ser transmitido pelos canais ESPN, que também terão o direito de mostrar outras competições que atualmente pertencem à Fox.
Após esse prazo, a Disney poderá vender a marca Fox Sports, cumprindo determinação que vinha desde o processo de compra do grupo Fox pela empresa nos Estados Unidos. Assim, a tendência é que a estrutura, os direitos e os profissionais do Fox Sports sejam "herdados" pela ESPN a partir do início de 2022.
Foto: Reprodução
A decisão tomada pelo Cade foi baseada no relatório apresentado por Luis Henrique Bertolino Braido, que analisou todo o processo. Ele foi, inclusive, quem desqualificou o pedido feito pelo consório Rio Motor Sports (RMS), que tentou cancelar a sessão desta quarta-feira (6) alegando que tinha o interesse de comprar o Fox Sports e que só aguardava uma data para sacramentar a proposta.
Na visão de Braido, a RMS não apresentava histórico de conhecimento técnico sobre o mercado de televisão, o que fez a Disney desistir da venda e também convenceu o relator de que apenas a garantia financeira não seria suficiente para sustentar o negócio.
Na argumentação em favor da fusão, Braido também relatou que a fusão seria benéfica para o mercado brasileiro de televisão paga, uma vez que os canais Fox Sports têm tido prejuízo financeiro nos últimos anos e dificilmente conseguiriam manter seus negócios sustentáveis.
Segundo o relator, os contratos de direitos de transmissão da Fox foram todos feitos em moeda estrangeira, enquanto as receitas da empresa com publicidade são em reais. Isso, de acordo com Braido, afastou o interesse de três compradores que chegaram a manter contatos com a Disney para adquirir os canais Fox Sports.
Após um processo que durou cerca de 22 meses, a fusão entre os dois canais levou o Cade a decidir abrir uma outra investigação. O órgão quer, agora, analisar se as operadoras de TV por assinatura têm feito uma concentração de concorrência, reduzindo o poder de faturamento dos canais e fazendo com que eles não sejam atrativos financeiramente.
Na visão do relator, como há um baixo valor da mensalidade do assinante que é repassado aos canais, eles também não se tornam sustentáveis, como mostrou o próprio Fox Sports, que desde 2016 vem tendo prejuízo operacional. O inquérito de análise será aberto pelo Cade.
ALigue 1, primeira divisão da França, viu cenas de várzea neste sábado.
Delort comemora o gol da vitória: Toulouse atuou com camisas genéricas brancas da Nike
Antes de Montpellier x Toulouse, a equipe visitante foi avisada que não poderia entrar em campo com a opção de uniforme que levou para o duelo, já que ele era muito parecido com a camisa dos mandantes. Como o Montpellier se recusou a atuar com indumentária de visitante em sua própria casa, o Toulouse teve que correr e improvisar para não perder por WO e se complicar na tabela do Campeonato Francês.
Por sorte, os dirigentes encontraram uma loja de material esportivo nas cercanias do Stade de la Mosson, e compraram um conjunto de camisas genéricas brancas daNikepara os jogadores, mais duas peças laranjas para os goleiros - vale lembrar que o Toulouse é patrocinado pela espanhola Joma, e joga normalmente de violeta ou de cor de rosa
SYLVAIN THOMAS/AFP/GETTY IMAGES
Toulouse jogou de camisas brancas da Nike
E para ressaltar ainda mais a sorte, a loja possuía os equipamentos para estampar números epatchesdaLigue 1, sem os quais os times não podem entrar em campo. Assim, o Toulouse pode jogar normalmente, mesmo usando um uniforme sem qualquer ligação com suas tradições e sem escudo.
Em campo, porém, a camisa genérica deu sorte: vitória por 1 a 0 dos visitantes, que subiram para o 10º lugar na tabela. O Montpellier está em 15º.
Domingo Espetacular apresenta reportagem sobre a triste herança da Rio 2016Divulgação/Record TV
NoDomingo Espetaculardesta semana (26), veja a triste herança da Rio 2016: ginásios vazios, abandonados e sem uso, mas custando caro. O programa mostra por que uma das arenas gasta mais de R$ 2 milhões por mês com ar condicionado ligado vinte e quatro horas por dia. Saiba também os detalhes da denúncia que envolve aArena do Futuro, um superfaturamento que ia custar R$ 70 milhões aos cofres públicos.
Primeira chinesa da história a fechar um contrato de exclusividade envolvendo uma Olimpíada, marca peca ao não valorizar ativação
10 AGO, 2016 ESCRITO POR MKT ESPORTIVO
Por Eduardo Esteves
Em meio a atletas e delegações vestindo as tradicionais Nike, Puma, adidas, Asics e Mizuno, você já se perguntou, afinal, qual marca que é dona da categoria de material esportivo oficial dos Jogos Olímpicos Rio 2016?
Se lhe ocorreu esta dúvida saiba que certamente você não está sozinho. De fato, houve um trabalho debranding muito mal elaborado por parte da empresa em questão.
Fundada em 2003, a 361° é hoje uma das principais marcas esportivas da China e tem conquistado grande espaço no setor. A empresa se tornou a primeira chinesa da história a fechar um contrato deste tipo envolvendo uma Olimpíada.
Nos últimos anos ela esteve envolvida em competições esportivas na Ásia, como os Jogos Asiáticos de 2014 de Inchon e Guangzhou 2010, e nos Jogos Olímpicos da Juventude em Nanjing 2014. Presente em 35 países, é responsável por vestir todos os profissionais (médicos, árbitros e operacional) e voluntários envolvidos no Rio de Janeiro – cerca de 106.5 mil pessoas, além das delegações da Grécia e África do Sul.
O evento no Rio se tornou a grande oportunidade de uma marca até então desconhecida do público crescer dentro de um país aquecido por abrigar em apenas dois anos os principais eventos esportivos do mundo. Mas suas ambições são ainda maiores. No médio e longo prazo, a 361° tem como foco crescer globalmente priorizando, inicialmente, o Reino Unido.
No Brasil, a empresa possui cerca de 700 pontos de vendas, fruto de um recente plano estratégico visando os Jogos Olímpicos. Por outro lado, pouco (ou nada) se viu sobre ativações envolvendo o evento buscando o mínimo de awareness. Trabalhar ações junto ao público não seria um caminho primário para um player que deseja ser reconhecido?
Forte na natação, é patrocinadora de três nadadores chineses, entre eles o já medalhista olímpico Sun Yang. Por aqui, investe na nadadora brasileira Graciele Hermann. Se há representatividade na Ásia, ainda é pouco para quem detém exclusividade de uma Olimpíada e tem como ambição brigar com gigantes do setor.
Anunciada pelo Comitê local em outubro de 2014, a 361° teve pouco menos de dois anos para elaborar e executar um plano de ativações que contemplasse tais iniciativas. Pouco tempo? Suficiente para quem tem metas agressivas e tamanho poderio financeiro.
Por ora, as poucas iniciativas desenvolvidas, como um treino funcional na praia de Copacabana, são destacadas em suas redes sociais. Já diria Hans Erik, diretor global de marketing da Heineken:
“Se você não tem uma verba para fazer alguma coisa além do patrocínio, não faça”.
O FUTURO DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS – INOVAÇÕES PÓS COPA 2014 E JOGOS OLÍMPICOS E PARALÍMPICOS 2016
2015 Primeira edição /first editionRio de Janeiro, Brasil
ANDREA DESLANDES LAMARTINE DACOSTA ANA MIRAGAYA editores / editors
CONDIÇÕES DE PROPÓSITO E USO DESTA PUBLICAÇÃO Este livro opera como uma plataforma digital sem propósitos comerciais e com livre acesso a usuários mantendo os direitos autorais porem permitindo cópias e divulgação dos textos com identidade dos autores, títulos da contribuição e denominação da fonte. Nestes termos, o objetivo desta publicação é o da criação de um ambiente de inovação científica e tecnológica nas áreas de esportes, educação física e exercícios físicos a partir das recomendações da Agenda Olímpica 2020, emitida pelo Comitê Olímpico Internacional em dezembro de 2014.
Para fazer o download: http://correrbem.org.br/wp-content/uploads/2015/06/The-Future-of-Sports-Mega-events-new-book-on-Agenda-2020.-2015_06_15.pdf
Pedro Trengrouse, advogado especializado em Direito Desportivo
O Negócio é Esporte
24/02/2016
Depois de uma longa batalha entre clubes, federações e CBF, a Primeira Liga decolou e já sinaliza aspectos interessantes. Apesar de, em sua primeira edição, reunir apenas 12 clubes de cinco estados, os bons jogos e público elevado colocam o torneio em destaque em relação aos campeonatos estaduais. Para efeitos de comparação, as duas primeiras rodadas da Copa Sul-Minas-Rio registraram mais do dobro da média de público dos estaduais disputados até agora pelos clubes integrantes do torneio. A média de torcedores da Primeira Liga é de 10.002 pagantes por jogo, contra 4.766 do Mineiro; 3.087 do Carioca; 2.613 do Paranaense; 2.367 do Catarinense; e 2.080 do Gaúcho. Sem contar os mais de 30 mil torcedores que comparecem ao Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, na vitória do Flamengo sobre o Atlético Mineiro pela primeira rodada do torneio, uma audiência típica de reta final do Campeonato Brasileiro. Além do sucesso na parte esportiva, a Copa Sul-Minas-Rio ainda aquece a discussão sobre a questão política que envolve o futebol brasileiro atual. Para o advogado Pedro Trengrouse, especialista em Direito Desportivo, “a Primeira Liga é o embrião de uma Liga Nacional”. Segundo Trengrouse, que é integrante da comissão de juristas que discute a Lei Geral do Esporte e um dos idealizadores do Movimento por um Futebol Melhor, “talvez falte um pouco de conhecimento e coragem por parte das equipes em promover uma ruptura mais abrupta no formato do futebol brasileiro”. Em entrevista aO Negócio é Esporte, o também consultor da ONU para legislação esportiva, em especial da Copa do Mundo 2014, e professor de Direito Desportivo da Fundação Getúlio Vargas, analisa a Copa Sul-Minas-Rio como oportunidade de discutir novos formatos de disputa e estrutura política, assim como para construir um novo ambiente de negócios no futebol brasileiro e promover mudanças que modernizem o esporte no país.
O Negócio é Esporte: Qual o seu balanço preliminar da Liga? Já se pode dizer que veio para ficar ou que vai ter cacife para encaminhar avanços na estrutura política e no ambiente de negócios do futebol brasileiro?
Pedro Trengrouse: A Primeira Liga é um sinal claro de que existe, em curto prazo, grande esperança de mudança. Os jogos da Copa Sul-Minas-Rio são melhores, mais atraentes e têm mais apelo do que as partidas dos campeonatos estaduais, já que essas nivelam grandes clubes por baixo. No entanto, a competição ainda está longe de alcançar o grande potencial devido à falta de tempo e ao desgaste que os clubes passaram para montá-la, o que impactou nas possibilidades de mercado e de patrocínio. Ainda assim, é um bom sinal de que a iniciativa da Liga de construir uma competição com jogos mais atraentes é o caminho certo. A Primeira Liga é o embrião de uma Liga Nacional. Se os outros clubes que ficaram de fora entrarem nós teremos a Liga Nacional.
O Negócio é Esporte: Na sua avaliação, a costura política que levou ao recuo da CBF reforça a independência ao modelo vigente do futebol brasileiro ou esse aval foi uma forma da entidade frear a rebelião dos clubes?
Pedro Trengrouse: A CBF e as federações fazem muitas bravatas, dizem coisas que não têm poder para fazer. A Lei Pelé é clara e dá direito aos clubes para criarem as Ligas. E mais: o artigo 21 diz que os clubes podem se filiar diretamente à entidade de administração nacional. Talvez falte um pouco de conhecimento e coragem por parte das equipes em promover uma ruptura mais abrupta. Agora, até mesmo o mercado reconhece a elas o poder de tomar essa atitude, já que, quem tem torcida e leva gente aos estádios são os clubes, e não as federações ou a CBF. Assim, se as equipes tiverem realmente o interesse e coragem para fazer a sua própria Liga, não tem Fifa, CBF ou federações para impedi-las. Até porque isso já aconteceu nos principais centros do futebol mundial. Por que não poderia acontecer aqui? A CBF e as federações tentam impedir isso porque sabem que o futuro não é mais essa estrutura hierarquizada, vertical, autoritária, antiquada e obsoleta que existe hoje e que foi criada pela ditadura do Estado Novo, em 1941. As entidades têm medo de que as torcidas deem realmente espaço a essas Ligas no mundo novo. O recuo da CBF e da FERJ em relação à Primeira Liga é justamente o sinal de que quem tem o poder realmente são os clubes. Eles só precisam utilizá-lo.
O Negócio é Esporte: Muito se fala que os estaduais deveriam acabar, principalmente em virtude dos estádios vazios e baixas audiências nas transmissões dos jogos de futebol, além do calendário arrastado. O que é preciso mudar essencialmente na estrutura política dos campeonatos estaduais ou regionais?
Pedro Trengrouse: Quando falamos de campeonatos estaduais as pessoas costumam lembrar apenas do Carioca, Paulista, Mineiro, do Rio Grande do Sul e de mais meia dúzia. No entanto, é importante encontrar um modelo que sirva à realidade e viabilidade econômica de cada um dos 27 estados do Brasil. Os estaduais dos anos 1970 eram competições onde todos os clubes tinham condições de disputar, conquistam títulos, revelavam talentos, tinham certa estrutura. A partir dos anos 1970 houve uma concentração de riqueza e a distância entre os clubes aumentou brutalmente. As federações estaduais passaram a reunir um conjunto de clubes que não tem mais tanta semelhança e subjugaram os interesses dos poucos que se desenvolveram aos dos muitos que não conseguiram crescer tanto. Quem dirige o futebol brasileiro atual, na verdade, não participa dele. Há uma distorção na balança de poder. É preciso que esses clubes tenham coragem de romper com as federações e passem a se filiar diretamente à entidade de administração esportiva nacional, para participarem dos processos decisórios, como aprovação do balanço e definição do calendário, e não só a escolha dos presidentes a cada quatro anos.
O Negócio é Esporte: Na sua opinião, os Estaduais teriam ou não espaço nessa nova configuração?
Pedro Trengrouse: O grande problema no calendário do futebol brasileiro é que 90% dos clubes jogam em média quatro meses por ano e fecham as portas no resto do ano. Na realidade, por um lado os campeonatos estaduais nivelam por baixo os clubes de grande poder de investimento e mobilização; por outro, eles são a resposta para solucionar o problema da falta de atividades para a grande maioria dos clubes no Brasil. Então é preciso encontrar uma maneira para que os estaduais tenham viabilidade econômica dentro de um novo formato, de modo que promovam atividades para as equipes que jogam apenas quatro meses por ano e libertem os grandes para que eles possam aproveitar o potencial econômico em outras competições. Se isso não acontecer o futebol brasileiro não conseguirá se desenvolver.
O Negócio é Esporte: Em relação ao anteprojeto da Lei Geral do Esporte discutido pela comissão de juristas da qual você faz parte e cujo relatório será apresentado no fim de maio, quais pontos, no seu entendimento, são mais representativos para o avanço do futebol brasileiro?
Pedro Trengrouse: Destaco quatro pontos: a criação de um tipo societário especial para o esporte, onde os clubes possam se organizar através de unidades de negócios distintas para cada uma das suas atividades esportivas e receba incentivos para isso; a criação de uma cédula de crédito esportiva que permita aos clubes aproveitar a capacidade de investimento que podem atrair com base nas transferências dos seus jogadores; a organização da Justiça Desportiva por arbitragem como já acontece nas principais competições do mundo; e a regulamentação das apostas esportivas no Brasil, de modo que possamos monitorá-las e identificar de antemão a manipulação de determinado resultado nos jogos do futebol brasileiro.
O diretor executivo do Bom Senso FC critica o modelo que deixa 60% dos jogadores brasileiros desempregados após os campeonatos estaduais
RODRIGO CAPELO
22/02/2016 - 08h05 - Atualizado 22/02/2016 09h11
Do 14ª andar de um dos vários prédios que fizeram Alphaville parecer São Paulo, Ricardo Borges Martins puxa as poltronas brancas da sala para o lado para dar espaço à câmera de ÉPOCA. Acabara de chegar de uma reunião com João Paulo Medina, preparador físico que fundou a Universidade do Futebol, com quem debate a criação de um plano diretor para o futebol brasileiro nos dez anos entre 2016 e 2025. Troca de camisa, passa o fio do gravador por entre os botões e se prepara para recomeçar o diagnóstico do esporte mais querido do país.
Formado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), Ricardo foi escolhido no fim de 2013 por jogadores como Alex, Juan eDida, todos com histórico na Seleção Brasileira e em alguns dos clubes mais populares do país, para representá-los. Como diretor executivo do Bom Senso FC, fundado para militar pelo desenvolvimento do futebol brasileiro, cumpre o papel de formatar, em conjunto com os atletas, propostas para modificar o sistema.
A primeira conquista do grupo veio em 2015 – parlamentares tiveram o bom senso de incluir no Profut, lei federal que permite a renegociação de dívidas fiscais, exigências que clubes terão de cumprir para alongar o endividamento e receber verba dos generosos patrocínios da Caixa. Restrições aos gastos e prejuízos dos times, em teoria, devem melhorar a vida do atleta. O próximo passo é reformar a temporada. "Hoje, o calendário gera desemprego sistêmico em massa", explicou à reportagem em uma hora e meia de conversa.
ÉPOCA – O que é o Bom Senso FC? Ricardo Borges Martins – É uma organização social de interesse público. Com esse título que conseguiu no Ministério da Justiça, nós somos hoje uma espécie de think and do tank (uma entidade que estuda um tema e também atua nele) que reúne profissionais do futebol. Somos conhecidos pela nossa liderança de atletas e ex-atletas que defendem bandeiras e trabalham pela implementação dessas bandeiras no futebol brasileiro. Nosso objetivo principal é o desenvolvimento do futebol brasileiro.
ÉPOCA – Como o Bom Senso FC foi formado? Martins – O movimento começou em setembro de 2013, numa conversa entre o Alex [então no Coritiba] e o Juan [então no Internacional] ao final do jogo em que o Inter estava passando por um período de 12 dias com cinco jogos, sem poder treinar, e os jogadores começaram a conversar sobre os problemas do calendário. Dessa união dos jogadores, de chamar mais gente para debater propostas de mudança para o futebol brasileiro, nasceu o Bom Senso com protestos em campo e consolidação de duas bandeiras. Uma o calendário. Nós temos uma proposta para resolver o problema dos calendário no Brasil. E outra com fair play financeiro, que bem ou mal se desenrolou e está sendo implementado agora no Profut. De lá para cá nos formalizamos como associação, como organização sem fins lucrativos, e hoje estamos desenvolvendo em parceria com a Universidade do Futebol um plano diretor para o futebol brasileiro. Um plano para os dez anos do futebol brasileiro.
ÉPOCA – Qual o diagnóstico que vocês fazem do futebol brasileiro? Martins – Os clubes no Brasil são altamente deficitários há muito tempo, são geridos de forma amadora, seus dirigentes não são responsabilizados. Historicamente não temos sequer um caso de dirigente responsabilizado por caso de má gestão. São muitos casos de atrasos de salários, e aí não só para atletas, mas para funcionários de diversos clubes. E bem ou mal os clubes sempre conseguiram se livrar de pagar dívidas, pelo menos as dívidas com a União, porque sempre aparecia um novo refinanciamento.
ÉPOCA – O que vocês defendem em relação à gestão dos clubes? Martins – O que a gente quer são clubes mais profissionais, geridos por pessoas do ramo, pessoas que não queiram se aproveitar do futebol, mas que sejam qualificadas e que queiram contribuir para o desenvolvimento do futebol brasileiro. E que os clubes consigam no médio prazo e no longo prazo competir com as grandes forças internacionais. Não tem por que no Brasil com o PIB que tem, com a importância que o futebol tem, a gente se limitar a esse papel tão marginal no cenário internacional do futebol.
ÉPOCA – Como vocês avaliam o calendário do futebol nacional? Martins – Hoje o calendário essencialmente gera desemprego sistêmico em massa. Na casa dos 80%, 70% dos jogadores ficam desempregados por quase oito meses ao longo do ano. Dos 700 clubes profissionais, dá para dizer que 600 têm calendário só por três, quatro meses, e do outro lado os clubes de elite têm jogos em excesso. Quando a gente compara com a liga inglesa, um dos países que mais tem jogos, o Brasil tem 40% a mais de jogos no ano, tendo muito menos tempo de preparo, aperfeiçoamento técnico e físico, portanto prejudicando o espetáculo aqui. O que a gente quer é equilíbrio do calendário. Que os clubes grandes tenham menos jogos e mais tempo de preparação. E que os clubes de menor porte, do interior, possam ter calendário mais extenso para oferecer emprego e oportunidade de geração de receita e de profissionalização para os jogadores empregados por eles.
ÉPOCA – Quatro em cada cinco jogadores de futebol ganham até R$ 1.000 por mês. E menos de 1% ganham acima de R$ 50.000. Por que há tanta diferença? Martins – A grande questão sobre salários no mundo do futebol é a discrepância entre o que se imagina, o que a opinião pública imagina que são os salários dos jogadores de futebol, e o que é a realidade. A realidade da maior parte dos jogadores é a realidade da maior parte dos setores do mercado de trabalho do Brasil. Você tem uma grande pirâmide, uma base muito mais volumosa e um topo, uma elite, muito bem remunerado. A questão é que o futebol está muito em evidência, os jogadores de elite estão muito em evidência, os salários são sempre muito expostos, e eles também são muito expostos em função disso.
ÉPOCA – A questão salarial é uma bandeira do Bom Senso? Martins – Ao nosso ver o mais importante, do ponto de vista salarial, é que os jogadores sejam remunerados. A gente sabe que a remuneração é baixa para grande parte desses jogadores, sim, mas o que é mais grave, e o que deve ser punido e combatido, que a CBF e as entidades de administração do futebol e prática, os clubes, têm que endereçar, é a falta de pagamento. Porque se a gente acha dramático o sujeito ficar oito meses desempregado ao longo do ano, você imagina ficar desempregado tendo recebido um só dos quatro que ele trabalhou.
ÉPOCA – Por que atletas persistem no futebol? Martins – O agravante é que ser jogador de futebol, para todos, para nove entre dez crianças no Brasil, sempre foi um sonho. Por mais que ele se encontre num clube da Série B, da Série C de um Campeonato Estadual de um estado sem muita expressão, ele está realizando um sonho dele. Ele acredita que um dia ele pode, sim, chegar a um grande clube. E, como em nenhum momento esse problema é resolvido, ele continua ali dentro do clube imaginando que um dia ele vai sair dali, chegar à Série A, sair do país para um mercado emergente, um mercado estabelecido. O futebol acaba se tornando uma fábrica de ilusões para a maior parte de pessoas que deixa de se profissionalizar em outras áreas para arriscar a vida no futebol sabendo que é muito difícil chegar ao topo nessa estrutura.
ÉPOCA – Quais relatos vocês já ouviram de atletas em relação à jornada dupla: jogar futebol e ter outras profissões? Martins – A maior parte trabalha e joga futebol ao mesmo tempo. Isso aconteceu. Teve até um caso, um jogador de Roraima que trabalhava numa olaria, acordava às 4h para trabalhar, saiu do trabalho às 18h correndo para disputar um jogo às 20h, o time foi campeão da Série A do Estadual, e o jogador desmaiou ao final do jogo. Não só por emoção, mas porque estava morto. Acordou às 4h da manhã, trabalhou numa olaria, que é um trabalho físico pesado, e depois jogou um jogo de 90 minutos. Você tem uma série de casos como esse, o jogador que tem que trabalhar, senão não tem nenhuma remuneração, e joga apostando que um dia vai se tornar profissional, vai conseguir ascender ao topo da pirâmide.
ÉPOCA – Os salários baixos refletem clubes sem condições financeiras. Por que os times da base da pirâmide são tão pobres? Martins – Em boa parte porque o público, a audiência, aqueles que consomem e fazem do futebol uma indústria, se concentram na elite do futebol. O que explica um Flamengo ter a receita que tem, um Corinthians ter a receita que tem, é a quantidade de pessoas interessada nisso, por notícias sobre isso, que assistem aos jogos, que compram camisetas. E os clubes menores, por não terem essa atenção, essa exposição, acabam tendo muito menos recursos. Eu não diria que é natural, mas é compreensível, numa lógica como essa, que os recursos venham da exposição, que os clubes menores tenham receita muito inferior.
ÉPOCA – O que o Bom Senso já conseguiu conquistar em relação aos salários? Martins – O que a gente sempre defendeu é que os clubes precisam arcar com aquilo que foi acordado com o jogador. Os salários precisam ser pagos em dia. Nós defendemos, dentro de um sistema de fair play, que os clubes precisam, e hoje isso já está estabelecido em lei, apresentar para se inscrever nos campeonatos uma série de documentos que comprovem que os salários estão em dia. Que pelo menos naquele último ano, não é que o clube não pôde atrasar um ou dois meses, mas que no último ano as obrigações trabalhistas foram pagas. Não só as trabalhistas, mas as de direito de imagem, que a gente sabe que mesmo em clubes do interior, que não usam a imagem do atleta, boa parte dos salários também é paga em direito de imagem. Isso está no Profut por reivindicação nossa.
Outra reivindicação nossa que entrou no Profut, mas não como a gente queria, é a limitação do custo do futebol. É uma espécie de teto salarial, mas, em vez de ser individual e fixo, é variável, de acordo com o orçamento do clube, e é coletivo, pega a folha inteira e não só para um. Defendíamos com base em uma série de estudos e com base no padrão internacional que fosse limitado em 70% do orçamento do clube, ou seja, o clube teria que reservar 30% do seu orçamento não só para pagar dívidas, mas para investir na sua base, investir na sua infraestrutura. Não entrou assim no Profut. Entrou com 80%. Mas, enfim, faz parte também do próprio processo legislativo. Não era só o Bom Senso que estava sendo ouvido, pelo contrário, havia muita gente sendo ouvida. E acabou ficando 80% para os clubes que aderirem de fato ao refinanciamento.
ÉPOCA – Onde vai parar todo o dinheiro que os clubes de elite arrecadam? Esse dinheiro deveria escorrer até os clubes da base da pirâmide, não? Martins – Boa parte desse dinheiro acaba com empresários, principalmente de grandes talentos em que fundos se juntam. Por mais que Fifa e CBF tentem lidar melhor com essa questão dos empresários no futebol, a gente sabe que eles são muito presentes, eles têm um poder de investimento às vezes maior do que o dos clubes. Na hora de fazer a seleção de atletas, os famosos olheiros, os próprios empresários também têm olheiros e conseguem fazer um investimento na carreira do atleta que é muitas vezes mais profissional do que o clube.
ÉPOCA – Como o Bom Senso vê a figura do empresário, especificamente? Ele precisa ser expurgado do futebol? Martins – Não é só uma questão de vilanizar o empresário, mas entender que os empresários hoje conseguem oferecer um serviço que clubes não conseguem oferecer. De oferecer segurança para a carreira do jogador. É claro que existem maus exemplos, mas existem bons exemplos. Digo isso porque ficou costumeiro falar mal de empresários, e eles não são os únicos vilões. A ascensão dos empresários se deu muito pela fraqueza econômica e de gestão dos próprios clubes no Brasil. Se eles fossem mais bem geridos, administrados, haveria menos espaço para que empresários lucrassem com essas transferências.
ÉPOCA – Há mais lugares em que dinheiro é desperdiçado no futebol? Martins – Boa parte do dinheiro que entra também acaba indo para dívidas. Os clubes brasileiros são altamente deficitários. Os EBITDAs [saldo de receitas menos despesas antes de impostos], quando analisados, são quase sempre negativos. Se não me engano de 2014, dos 20 clubes da Série A, 12 tiveram EBITDA negativo, e isso é uma prática recorrente, muito em função da baixa responsabilização dos dirigentes. Existe uma lógica no Brasil do dirigente que assume com mandato curto de querer marcar época à frente do clube ganhando títulos. Existe uma mentalidade de curto prazo e de cobrança por resultado esportivo que acaba prejudicando a gestão de longo prazo.
ÉPOCA – Como é a experiência de atletas que cobram na Justiça salários devidos? Martins – A experiência dos atletas na Justiça, quando entram com ação contra um clube que não pagou, não cumpriu o contrato, costuma ser exitosa, mas demora demais. Já dizia o ditado que Justiça que tarda não é Justiça. Tem inúmeros casos de jogadores que foram receber depois de dez, 15 anos. E aí vale muito ressaltar o baixíssimo desempenho que os sindicatos têm com relação ao atraso de salários. Os sindicatos do Brasil de maneira geral nunca conseguiram criar mecanismos para que os atrasos fossem impedidos.
ÉPOCA – Por quê? Martins – Porque para os sindicatos e escritórios de advocacia que orbitam em torno dos sindicatos é relativamente importante você continuar a ter casos para resolver. Os sindicatos nunca tomaram uma decisão que realmente fosse resolver o problema porque o problema, o atraso de salários, é a solução deles. É onde eles conseguem fazer contratos com outros escritórios de advocacia que ganham dinheiro em cima disso. Existe uma indústria da Justiça esportiva brasileira que trabalha só com atraso salarial.
ÉPOCA – Qual o tamanho disso? Martins – Difícil estimar o tamanho desta área do direito desportivo que trabalha especificamente com atrasos salariais. O que a gente sabe é que dentro da área de direito desportivo é uma das que mais lucram, que mais recebem, porque os casos são muitos, as questões trabalhistas no Brasil costumam respaldar o trabalhador, isso justamente. Mas é válido considerar aí que em toda a estrutura do futebol, nunca se fez nada para solucionar atrasos salariais porque muita gente se beneficia dos atrasos, e sem dúvida não são os atletas.
ÉPOCA – O Bom Senso tem capacidade de paralisar o futebol brasileiro? Martins – Vou te dizer que uma ação desse tipo, além de requerer respaldo jurídico que o sindicato deveria dar, depende muito de momento. O Bom Senso tem uma estrutura de organização do terceiro setor, de organização social, consegue ajudar, sim, eventualmente, um caso ou outro, mas não é essa nossa atuação principal. Nossa atuação principal é na defesa de bandeiras para o futebol brasileiro com os tomadores de decisão, seja da esfera pública ou privada. Eventualmente essa união dos jogadores que o Bom Senso de alguma forma materializa ou se torna emblema pode levar a algum tipo de paralisação, mas isso não está no nosso escopo de atuação. É uma eventual consequência, mas muito mais dependendo de circunstâncias do que programática.
ÉPOCA – Os protestos que atletas do Bom Senso já fizeram repercutiram muito na mídia. Há algum efeito prático além disso? Martins – Normalmente o efeito de protestos em campo, ou mesmo de notas que o Bom Senso publica, ou declarações dos atletas, têm impacto, sim, porque a opinião pública impacta muito os tomadores de decisão. Eu acredito que quando os torcedores no Brasil quiserem realmente ver mudança radical na maneira como clubes são geridos, como o futebol é gerido, eles organizados podem fazer diferença. Mas não é cobrando resultados de dirigentes em campo. É cobrando boa gestão, cobrando transparência, cobrando espaço para que torcedores consigam participar da tomada de decisão da vida do clube – em algum grau, é claro.
ÉPOCA – Você acredita nisso? Martins – É um pressuposto de quem trabalha com esse ramo de atividade acreditar que opinião pública tem muito peso, influencia, sim, tomadores de opinião. O Profut está aí para mostrar que a pressão que as pessoas fizeram para a aprovação da MP que virou o Profut foi fantástica. Tivemos na nossa campanha digital mais de 20 mil e-mails enviados para deputados, senadores e também para o Executivo de pessoas pedindo a aprovação do Profut. Recebi telefonemas de deputados reclamando e de deputados parabenizando. O Brasil como um todo, não só o futebol, precisa, sim, acreditar na pressão que a sociedade civil pode fazer e do peso que ela pode ter no tomador de decisão .
Por motivos distintos, empresas não seguirão nomeando as ligas, que também se posicionaram de maneira bem diferente diante da situação
5 OUT, 2015 ESCRITO POR MKT ESPORTIVO
Por Eduardo Esteves
A partir da temporada 2016/2017, duas significativas mudanças em relação a campeonatos da Europa ocorrerão. A Barclays não renovará seu patrocínio de quinze anos com a Premier League e deixará o titlesponsor da elite inglesa. O mesmo ocorrerá com o BBVA em relação a primeira divisão espanhola, a atual Liga BBVA.
Os motivos alegados são bem diferentes e mostram como um campeonato com competitividade e candidatos a títulos pulverizados elevam o valor do mesmo perante o mercado.
A Barclays alegou que não conseguirá elevar o investimento para seguir nomeando a Premier League, que com novos acordos de televisão que superarão a barreira de £5 bilhões, naturalmente acarretaria em um aumento do valor despendido atualmente pela instituição.
Por outro lado, cada vez mais competitiva e sempre com 3 ou 4 equipes na briga pelo título a cada temporada, a elite inglesa detém um prestigio inabalável comercialmente, com seus clubes quebrando barreiras de patrocínios (globais e regionais), receitas e salários.
Já o BBVA alegou mudanças em suas estratégias de investimentos, focando em ações com amplitude global para atrair novos clientes, e isso não passa por seguir investindo € 23 milhões por temporada para dar nome à primeira e segunda divisões do país. Recentemente, ao trocar o Real Madrid pelo Porto, o goleiro Iker Casillas foi outro que perdeu o patrocínio da instituição. Hoje, a Liga BBVA é transmitida para mais de 180 países, e mesmo com os craques Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, tornou-se um pilar dispensável nesta fase global do BBVA.
Vale ressaltar também que o acordo do banco com a NBA seguirá, o que mostra que o esporte seguirá nos seus esforços de comunicação e o apelo global que ela deseja nesta nova fase a liga norte-americana de basquete entrega.
Se por um lado a Premier League já adianta que não irá atrás de uma nova empresa para sua nomeação, se posicionando globalmente como The Premier League, a liga espanhola seguirá com sua alternância de campeões e de altos valores de direitos televisivos concentrados em apenas duas equipes. E, claro, já em busca de um novo parceiro para criar uma nova e rentável identidade.
http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,fifa-fatura-r-16-bilhoes-com-a-disputa-da-copa-do-mundo-no-brasil,1653669http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,fifa-fatura-r-16-bilhoes-com-a-disputa-da-copa-do-mundo-no-brasil,1653669http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,fifa-fatura-r-16-bilhoes-com-a-disputa-da-copa-do-mundo-no-brasil,1653669http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,fifa-fatura-r-16-bilhoes-com-a-disputa-da-copa-do-mundo-no-brasil,1653669O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,fifa-fatura-r-16-bilhoes-com-a-disputa-da-copa-do-mundo-no-brasil,1653669O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:
JAMIL CHADE O ESTADO DE S. PAULO Entidade lucra enquanto País fica com ônus de estádios deficitários Na Fifa, lucros recordes. No Brasil, estádios deficitários, fechados e até afetados pela Operação Lava Jato. A Copa do Mundo de 2014
garantiu para a Fifa o maior resultado financeiro de sua história e milhões acima até mesmo do que a entidade previa.
O Estado obteve com exclusividade o balanço comercial mantido em sigilo pela entidade que será revelado amanhã e aponta que o
Mundial rendeu à Fifa perto de US$ 5 bilhões (R$ 16 bilhões). Diante do recorde, jamais a entidade acumulou uma fortuna como a que
hoje dispõe.
Entre 2010 e 2014, enquanto o mundo pena para sair de sua pior crise financeira em 70 anos, a Fifa segue um caminho radicalmente
diferente graças aos contratos no Brasil. Apenas no ano de 2014, a renda foi de quase US$ 2 bilhões, um recorde absoluto com contratos
comerciais, vendas de ingressos e direitos de televisão.
Nenhum outro evento jamais se comparou aos ingressos gerados pelo Brasil, e sem a cobrança de impostos. Para a Copa de 2010, na
África do Sul, a renda chegou a US$ 4,1 bilhões. No ano de renda máxima na história da entidade, em 2006, os ingressos chegaram a
US$ 249 milhões. Agora, os valores apontam para um salto de dez vezes.
A entidade argumenta que deixou parte dessa renda ao Brasil, com um pacote de US$ 100 milhões para o desenvolvimento do futebol no
País. O que a Fifa não diz é que o volume é equivalente ao que paga, por ano, em salários a seus próprios cartolas. BURACO Se a Fifa nada em dinheiro hoje, a situação dos estádios brasileiros nem sempre acompanha esses benefícios. Pelo menos seis dos 12
estádios da Copa estão com sérias dificuldades para se financiar. Na Fonte Nova, em Salvador, o problema é o impacto dos escândalos de corrupção no Brasil e a Operação Lava Jato. A OAS, empresa
que administra o estádio, teve suas ações bloqueadas pela Justiça e pode ser obrigada a se desfazer do investimento na arena. Em Manaus, os times amazonenses têm evitado usar o estádio diante dos custos para os jogos do estadual. A Arena Amazônia, que
custou R$ 670 milhões, precisa de R$ 700 mil por mês em manutenção. Mas, entre o final da Copa e fevereiro deste ano, o estádio
recebeu apenas sete partidas e o prejuízo supera a marca de R$ 2 milhões. Em média, o campeonato amazonense de futebol de 2015 tem
recebido um público pagante de 659 pessoas por jogo. Em Brasília, a falta de jogos no estádio Mané Garrincha levou o governo do DF a levar parte de sua burocracia para ocupar o local. Hoje,
seu buraco é de mais de R$ 5 milhões.
Em Natal, o ABC rompeu nesta semana um acordo com o consórcio que administra a Arenas das Dunas. Um contrato previa que os
clássicos do estado fossem realizados no estádio. Mas, no início do mês, a partida entre ABC e América foi disputado no Frasqueirão.
O América manteve seus jogos na Arena. Mas, em sete partidas, acumulou uma média de meros 3,5 mil pagantes por jogo – 10% da
capacidade do estádio. O Maracanã ainda luta para operar com lucros. Para que uma partida represente um benefício para os administradores, o estádio
precisa contar com pelo menos 30 mil torcedores. No atual campeonato estadual, a média de público não passa de 3,6 mil por jogo. No
caso do Flamengo, a média é de 16 mil. Em janeiro, a Arena Pantanal foi obrigada a fechar suas portas para uma reforma “urgente”. Isso tudo apenas sete meses depois da
Copa. NÚMEROS US$ 5 bilhões a Fifa faturou com a Copa do Mundo no Brasil, um recorde histórico US$ 4,1 bilhões rendeu a Copa de 2010 na África do Sul aos cofres da entidade US$ 249 milhões ingressaram na Fifa com a organização da Copa de 2006 na Alemanha http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,fifa-fatura-r-16-bilhoes-com-a-disputa-da-copa-do-mundo-no-brasil,1653669